
Pelo Cruzeiro, Marcelo ganhou quatro edi��es do Campeonato Mineiro (1996, 1997, 1998 e 2003), duas Copas do Brasil (1996 e 2003), uma Copa Libertadores (1997), um Campeonato Brasileiro (2003), uma Recopa Sul-Americana (1998), uma Copa Ouro (1995), uma Copa Master da Supercopa (1995), uma Copa Sul-Minas (2001), uma Copa dos Campe�es Mineiros (1999) e uma Copa Centro-Oeste (1999). Os 14 trof�us o colocam na segunda coloca��o entre os atletas mais vencedores, atr�s apenas do ex-volante Ricardinho, com 15. E no ranking de artilheiros, o ex-camisa 9 � o sexto, com 163 gols em 365 jogos.
Sempre sol�cito para entrevistas, Marcelo Ramos contou ao Superesportes detalhes de sua trajet�ria no Cruzeiro. Em 1995, aos 21 anos, o jogador veio do Bahia, pelo qual havia marcado 115 gols de 1990 a 1994. � �poca, houve a inevit�vel press�o para substituir Ronaldo Fen�meno, vendido por US$ 6 milh�es ao PSV Eindhoven, da Holanda, logo ap�s ter sido reserva da Sele��o Brasileira campe� da Copa do Mundo de 1994.
“Tudo come�ou em 1994, quando fiz um excelente Campeonato Brasileiro pelo Bahia, que chegou �s quartas de final (eliminado pelo Palmeiras, que viria a ser campe�o). Da� veio o interesse do Cruzeiro. Cheguei em 1995, n�o me lembro se foi para substituir o Ronaldo, pois ele havia sido negociado no per�odo p�s-Copa. Mas muita gente falou sobre esse desafio de ter que substituir o Ronaldo”.

Depois de um come�o dif�cil, em que o Cruzeiro ficou em terceiro lugar no Campeonato Mineiro - 14 pontos a menos que o campe�o Atl�tico -, Marcelo deu a volta por cima no Brasileir�o, no qual contabilizou 14 gols e fez grande dupla de ataque com Paulinho McLaren. O t�cnico era �nio Andrade, a quem o ex-jogador faz quest�o de elogiar.
“O primeiro semestre de 1995 n�o foi t�o bom como eu esperava, pois perdemos o Mineiro para o Atl�tico. Depois veio o Campeonato Brasileiro, no qual eu permaneci no clube gra�as ao meu mestre, o Sr. �nio Andrade. Gra�as a Deus, com muito trabalho, dei a volta por cima e fiz um grande Campeonato Brasileiro”.
Naquele ano, o Brasileir�o foi disputado por 24 clubes distribu�dos em dois grupos de 12. No primeiro turno, houve confrontos dentro da pr�pria chave. No segundo turno, as equipes enfrentaram advers�rios do outro grupo. Os quatro primeiros colocados avan�aram �s semifinais.
L�der do Grupo A da primeira fase, com 25 pontos em 11 rodadas (8 vit�rias, 1 empate e 2 derrotas), o Cruzeiro caiu de produ��o no segundo turno, e a diretoria resolveu demitir �nio Andrade. Jair Pereira, o substituto, n�o conseguiu conduzir a equipe ao t�tulo. A elimina��o nas semifinais veio com dois empates diante do futuro campe�o Botafogo: 1 a 1, no Mineir�o, e 0 a 0, no Maracan�.
Apesar da frustra��o por n�o ter levantado a ta�a, Marcelo valorizou o crescimento individual no Cruzeiro. “A gente j� podia ter sido campe�o naquele ano. Fizemos grandes jogos, como aquele 5 a 3 contra o Botafogo. Fui o artilheiro do time na competi��o, com 14 gols, e conquistei a confian�a dos torcedores”.
Copa do Brasil

Em 1996, Marcelo Ramos entrou de vez para a hist�ria do Cruzeiro. Al�m de ser o artilheiro do Campeonato Mineiro, com 23 gols, ele balan�ou a rede sete vezes na Copa do Brasil.
Na final, contra o Palmeiras, marcou o gol de cabe�a no empate por 1 a 1, no Mineir�o, no jogo de ida. Na volta, demonstrou oportunismo ao garantir a virada ap�s o goleiro Velloso soltar a bola em um cruzamento despretensioso de Roberto Ga�cho.
“De todas as Copas do Brasil, essa teve um sabor especial e uma emo��o muito grande, pois o Brasil inteiro dava o t�tulo ao Palmeiras, que realmente tinha uma grande sele��o. Mas n�s, surpreendentemente, com muita dedica��o, garra e t�cnica, conquistamos o t�tulo l� dentro. Ali ca� de vez nas gra�as dos torcedores cruzeirenses”.
Copa Libertadores
Nos seis primeiros meses de 1996, Marcelo acumulou 31 gols. E o PSV Eindhoven - o mesmo que havia levado Ronaldo dois anos antes - contratou o centroavante.
Ainda que n�o tenha alcan�ado o sucesso do Fen�meno, o Flecha contabilizou 11 tentos no Campeonato Holand�s e ajudou a equipe a levantar o trof�u com uma campanha de 77 pontos em 34 rodadas (24 vit�rias, 5 empates e 5 derrotas).
Contudo, em vez de dar sequ�ncia � experi�ncia no futebol europeu, balan�ou ao ser procurado pelo Cruzeiro, que buscava um goleador ap�s se classificar no sufoco �s oitavas de final da Copa Libertadores de 1997, com tr�s vit�rias e tr�s derrotas na fase de grupos.
“O Cruzeiro, com a conquista da Copa do Brasil, credenciou-se a jogar a Copa Libertadores, que era o torneio mais importante. Houve o interesse de empr�stimo do Cruzeiro junto ao PSV, e gra�as a Deus eu retornei muito mais adaptado, porque era um clube em que eu conhecia todo mundo. Os jogadores eram os mesmos de 1996, com um treinador fant�stico como o Paulo Autuori”.
Na Libertadores, Marcelo Ramos participou dos mata-matas. Em 14 de maio de 1997, fez dois gols na vit�ria por 2 a 1 sobre o El Nacional, do Equador, no duelo de volta das oitavas de final. O Cruzeiro, que havia perdido fora de casa por 1 a 0, levou a melhor nos p�naltis, por 5 a 3 - Dida pegou o chute de Chal�.
Na semifinal, contra o Colo Colo, do Chile, o camisa 23 deixou sua marca no triunfo por 1 a 0, em Belo Horizonte, e no rev�s por 3 a 2, em Santiago. Nas penalidades m�ximas, brilhou a estrela de Dida, que defendeu as cobran�as de Basay e Espina. A Raposa a ganhou por 4 a 1.
“A adapta��o foi r�pida. Cheguei jogando e marcando gols contra o El Nacional, nas oitavas de final. E fui decisivo tamb�m contra o Colo Colo, na semifinal”.
O Flecha Azul lembrou ainda que foi o respons�vel pelo gol do t�tulo mineiro de 1997, contra o Villa Nova (1 a 0), em um Mineir�o com mais de 132 mil torcedores - recorde de p�blico no est�dio.
“Antes da Libertadores, teve o gol contra o Villa Nova, que me deu muita confian�a de entrar para a hist�ria do Mineir�o como autor do gol maior p�blico do est�dio”.
Perman�ncia no clube
Marcelo ficou em definitivo no Cruzeiro. Em 1998, o time foi campe�o mineiro ao superar o Atl�tico nas finais. Nas demais competi��es, bateu na trave: foi vice da Copa do Brasil (Palmeiras), do Campeonato Brasileiro (Corinthians) e da Copa Mercosul (Palmeiras). O atacante celeste, que marcou 27 gols naquela temporada, lamentou a aus�ncia de um t�tulo de maior relev�ncia.
“Continuei em 1998, em que fizemos grandes campanhas com aquele tima�o do Levir Culpi. Conquistamos o Campeonato Mineiro pela terceira vez seguida. Infelizmente perdemos a Copa do Brasil, o Campeonato Brasileiro e a Copa Mercosul. Mas foi um grupo que acredito que era para ser muito mais valorizado. As derrotas tiram essa condi��o, mas foi um ano muito bom. O grupo de 1998 merecia algo melhor pela qualidade t�cnica e uni�o que tinha”.
Em 1999, o Cruzeiro ganhou tr�s t�tulos: Copa dos Campe�es Mineiros, Copa Centro-Oeste e Recopa Sul-Americana (referente ao ano de 1998). Marcelo Ramos manteve a boa m�dia ao anotar 25 gols. Em 2000, ficou por pouco tempo no clube e foi duas vezes emprestado, a Palmeiras e S�o Paulo. Em 2001, retornou � Toca para ser campe�o da Copa Sul-Minas e disputar a Copa Libertadores. No mesmo ano, foi emprestado ao Nagoya Grampus, do Jap�o.
Recorde na despedida

A �ltima estada de Marcelo Ramos no Cruzeiro foi entre o segundo semestre de 2002 e os primeiros meses de 2003. Deu tempo de ele participar de todas as competi��es e escrever o seu nome como integrante do elenco campe�o da Tr�plice Coroa.
Aos 30 anos, o �dolo entendeu que seu ciclo no clube chegava ao fim e acertou a transfer�ncia para o Sanfrecce Hiroshima, do Jap�o, em meio aos pedidos dos colegas para que seguisse em Belo Horizonte.
Os 10 gols anotados por Marcelo na despedida do Cruzeiro o fizeram ultrapassar Palhinha na lista dos maiores artilheiros. O �dolo das d�cadas de 1960 e 1970 fez 156 em 457 jogos.
Depois de Marcelo Ramos, nenhum outro atleta superou 100 gols pelo clube. Quem mais se aproximou foi Fred, com 81 em 125 partidas. J� Wellington Paulista balan�ou a rede 75 vezes em 160 jogos de 2009 a 2012.
O camisa 9 pendurou as chuteiras em 2012, aos 39 anos, depois de defender equipes como Atl�tico Nacional-COL, Athletico-PR, Santa Cruz, Ipatinga, Madureira, Itumbiara-GO e Ypiranga-BA. Ao todo, ele acumulou 441 gols em mais de 20 anos como atleta profissional.
Gols de Marcelo Ramos por ano no Cruzeiro
1995 - 28
1996 - 31
1997 - 22
1998 - 27
1999 - 25
2000 - 4
2001 - 16
2002 - 6
2003 - 4
Os 10 maiores artilheiros do Cruzeiro
1- Tost�o - 245 gols em 383 jogos
2- Dirceu Lopes - 228 gols em 610 jogos
3- Niginho - 210 gols em 280 jogos
4- Bengala - 171 gols em 282 jogos
5- Nin�o - 168 gols em 133 jogos
6- Marcelo Ramos - 163 gols em 365 jogos
7- Palhinha - 156 gols em 457 jogos
8- Alcides - 150 gols em 324 jogos
9- Jo�ozinho - 119 gols em 485 jogos
10- Evaldo - 116 gols em 302 jogos
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