O sol de segunda-feira havia acabado de raiar quando os primeiros trabalhadores chegaram ao imenso terreno no bairro Calif�rnia, Regi�o Noroeste de Belo Horizonte. Ainda eram poucos, mas sabiam que em breve fariam parte da hist�ria do Clube Atl�tico Mineiro. Por volta das 10h daquele 20 de abril de 2020, a passagem de um trator simbolizou o in�cio da constru��o da Arena MRV. Quase 20% da obra foi conclu�da, mas a concretiza��o do sonho de milh�es ainda depende de etapas importantes. Nesta ter�a, que marca o anivers�rio de um ano desde que as m�quinas entraram em a��o, o Superesportes detalha o que foi feito e os pr�ximos passos at� a inaugura��o do est�dio atleticano.
No primeiro ano de obras, algumas etapas significativas foram vencidas: limpeza e substitui��o do material do talvegue; canaliza��o entre Reserva Particular Ecol�gica (RPE) e Via Expressa; supress�o vegetal; e constru��o das principais conten��es.
Cerca de 50% dos blocos e 70% das funda��es profundas est�o prontas - apesar das dificuldades impostas pelas chuvas -, o processo de terraplanagem se aproxima do fim e quase 30% das estruturas met�licas foram montadas.
“Neste pr�ximo ano, a gente vai evoluir bastante. At� o fim de 2021 ou o in�cio do ano que vem, espero que a gente esteja com a estrutura completamente pronta para que, em 2022, a gente possa entrar na fase final da obra, com instala��es e acabamentos”, projetou o CEO da Arena MRV, Bruno Muzzi.
"Vou tentar, nesse prazo que tenho, entregar o m�ximo poss�vel de condicionantes. At� o fim de 2022, vou tentar negociar com a prefeitura essas condicionantes. O prazo de entrega pode precisar ser estendido para que eu consiga liberar a licen�a de opera��o", disse o CEO.
“L� na frente, quando a Arena estiver pronta, a gente pode, sim, ter um pouco de dificuldade para coloc�-la em opera��o. Mas isso � normal, n�o � nada diferente do que a gente est� imaginando”, completou.
As condicionantes s�o um dos motivos que aumentaram o valor da obra, estimado inicialmente em R$ 410 milh�es. Por�m, outros fatores fizeram com que a Arena ficasse mais cara, como o aumento no pre�o de produtos de constru��o.
“Se a gente atualizar somente pelo INCC (�ndice Nacional de Custo da Constru��o), chega a R$ 531 milh�es hoje. O concreto mais que dobrou, a�o dobrou, alum�nio, cobre... Isso tudo tem um impacto consider�vel na Arena. A gente conseguiu mitigar muita coisa com compras antecipadas de a�o. Isso evitou que o pre�o subisse ainda mais”, afirmou Muzzi.
Contrapartidas ambientais
Preserva��o permanente da Reserva Particular Ecol�gica (RPE), �rea verde de 26 mil m² ao lado do est�dio;
Regulariza��o fundi�ria em �rea de conserva��o correspondente a mais que o dobro da vegeta��o nativa suprimida no Parque Nacional da Serra da Gandarela, no munic�pio de Rio Acima, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte;
Plantio de 46 mil �rvores em parques da cidade pelos pr�ximos dez anos. Esse n�mero representa uma �rvore para cada assento da Arena MRV. Ser�o plantadas at� 4.600 �rvores por ano, a partir de outubro de 2021;
Destina��o �s for�as de seguran�a de Minas Gerais de equipamentos que, somados, superam o valor de R$ 4 milh�es, para auxiliar no combate a crimes ambientais.
Contrapartidas sociais
Investimento na infraestrutura urbana da regi�o Reconstru��o da Unidade B�sica de Sa�de (UBS) do bairro Calif�rnia;
Cria��o do Instituto Galo, voltado para o desenvolvimento de atividades e projetos de assist�ncia p�blica e social, cultura, educa��o e lazer, com centro de l�nguas, inova��o e criatividade para alunos da rede p�blica;
Revitaliza��o da Mata dos Morcegos, maior �rea verde do bairro Calif�rnia. O local ser� transformado em um espa�o para a comunidade e ter� um parque linear, que ser� constru�do e mantido por 30 anos pela Arena MRV.
Inaugura��o, administra��o e lucro
A gest�o da Arena � feita diariamente por Muzzi, que, em decis�es importantes, conta com as opini�es de um conselho formado por seis dirigentes atleticanos: o presidente executivo S�rgio Coelho, o presidente do Conselho Deliberativo Castellar Modesto Guimar�es Filho e os chamados ‘4R’s’: os empres�rios Rubens Menin, Rafael Menin, Ricardo Guimar�es e Renato Salvador.
Para a inaugura��o, o grupo pensa em uma s�rie de eventos que culminar� num jogo diante de um grande time do futebol mundial. “A gente pretende fazer um m�s de festividades. Vai ter jogo de veteranos, shows... E o grande final seria um super jogo do Atl�tico contra um time de destaque mundial. N�o sabemos se ser� um Barcelona, um Boca Juniors”, projetou Rubens Menin.
A princ�pio, a ideia � que a administra��o da Arena continue com o Atl�tico ap�s a inaugura��o. O modelo de neg�cio chegou a chamar a aten��o de algumas empresas - como a WTorre, que gerencia o Allianz Parque, do Palmeiras -, mas a tend�ncia � que o pr�prio clube alvinegro tenha a gest�o do est�dio e consiga utiliz�-lo como ativo importante na gera��o de receitas e na redu��o da d�vida bilion�ria.
“N�s estamos para apresentar o nosso planejamento estrat�gico. Nele, ser� detalhado o nosso plano de trabalho para os pr�ximos cinco anos. A gente acredita que, tendo a Arena MRV, nossas receitas v�o melhorar muito. N�s, investindo como estamos investindo na base, tamb�m teremos um resultado importante. O time, sendo protagonista, vai nos proporcionar uma receita a mais com venda de camisa, Galo na Veia e outros produtos”, projetou S�rgio Coelho, em entrevista ao Superesportes no �ltimo dia 25.
A proje��o � conseguir R$ 100 milh�es brutos por ano. “A Arena n�o � a salva��o, � um passo importante. � aquele fator que vai colocar o Atl�tico num patamar mais elevado ainda, porque ela vai ser uma fonte de arrecada��o adicional a tudo o que o Atl�tico tem”, disse Ruben Menin.