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Estado de Minas #PRAENTENDER

Entenda as regras sobre protestos pol�ticos em Jogos Ol�mpicos

Regulamento sobre posicionamento pol�tico de atletas durante Olimp�adas foi alterado pelo Comit� Ol�mpico Internacional (COI) antes de T�quio. Saiba o que mudou


22/07/2021 10:31 - atualizado 22/07/2021 10:57


Os Jogos Ol�mpicos da Cidade do M�xico, em 1968, ficaram marcados por um gesto emblem�tico: os velocistas estadunidenses Tommie Smith John Carlos, respectivamente medalhas de ouro e bronze nos 200 metros, subiram ao p�dio descal�os, baixaram a cabe�a e ergueram o punho cerrado. A refer�ncia aos Panteras Negras foi um protesto silencioso contra a segrega��o racial e se tornaria um s�mbolo do esporte como ator pol�tico e social.

Ao longo dos 125 anos da hist�ria ol�mpica, foram raras as cenas como aquela ou as protagonizadas por Jesse Owens, um homem negro, tamb�m nascido nos EUA, que brilhou em Berlim, 1936, durante o regime nazista e racista de Adolf Hitler. Os contextos mudaram e, em 2021, a Olimp�ada de T�quio tende a ser um novo marco das lutas por igualdade.


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Pressionado por atletas, ex-atletas e torcedores, o Comit� Ol�mpico Internacional (COI) mudou as normas sobre posicionamento pol�tico durante o evento. Originalmente, a Regra 50.2 da Carta Ol�mpica proibia expressamente qualquer manifesta��o pol�tica, religiosa ou racial nas instala��es dos Jogos, sob pretexto de "preservar a neutralidade do esporte e da pr�pria Olimp�ada". As altera��es anunciadas dias antes da Cerim�nia de Abertura ampliam - ainda que ligeiramente - as possibilidades de manifesta��o dos participantes a partir desta edi��o. Em partidas da primeira rodada, jogadoras das sele��es de Chile, EUA, Gr�-Bretanha, Nova Zel�ndia e Su�cia se ajoelharam em protesto antirracista.

Partidas de futebol feminino nessa quarta-feira (21/7) tiveram manifestações contra o racismo(foto: Asano Ikko/AFP)
Partidas de futebol feminino nessa quarta-feira (21/7) tiveram manifesta��es contra o racismo (foto: Asano Ikko/AFP)


As manifesta��es est�o liberadas durante entrevistas, reuni�es, redes sociais e antes do in�cio das competi��es (na apresenta��o dos atletas, por exemplo). No entanto, as novas diretrizes do COI mant�m o p�dio como lugar "sagrado". Durante a entrega de medalhas, execu��o de hinos nacionais e as Cerim�nias de Abertura e Encerramento, todos continuam proibidos de se posicionar.

"Ao expressar suas opini�es, os atletas devem respeitar as leis aplic�veis, os valores ol�mpicos e os demais atletas. Deve-se reconhecer que qualquer comportamento e/ou express�o que constitua ou indique discrimina��o, �dio, hostilidade ou potencial para viol�ncia em qualquer base � contr�rio aos Princ�pios Fundamentais do Olimpismo", explicou o COI. S�o vetadas, tamb�m, as manifesta��es consideradas "disruptivas" - feitas durante hinos nacionais de outros competidores, por exemplo.

As altera��es em normas hist�ricas foram feitas ap�s uma consulta com 3,5 mil atletas de todos os esportes ol�mpicos. "Embora as diretrizes ofere�am novas oportunidades para os atletas se expressarem antes da competi��o, elas preservam as competi��es no campo de jogo, as cerim�nias, as cerim�nias de vit�ria e a Vila Ol�mpica. Esse foi o desejo da grande maioria dos atletas em nossa consulta global", justificou a presidente da Comiss�o de Atletas do COI, Kirsty Coventry, aliada de longa data do presidente do �rg�o, Thomas Bach.

Press�o para mudar regras

Boa parte da press�o para que as regras mudassem partiu do Comit� Ol�mpico dos EUA. Diante da crescente onda de manifesta��es pol�ticas e sociais de atletas (como o movimento "Black Lives Matter", "Vidas Pretas Importam" em portugu�s), os dirigentes estadunidenses anunciaram que n�o punir�o atletas que se posicionarem durante os Jogos do Jap�o. A falta de mudan�as maiores pelo COI chegou a causar inc�modo em alguns esportistas, que podem desafiar as normas.



"Quando chegar l�, descobrirei o que fazer", disse Gwen Berry, favorita a medalha no lan�amento de martelo e ativista pela igualdade racial. "O que preciso fazer � falar por minha comunidade, representar minha comunidade e ajudar minha comunidade, porque ela � muito mais importante do que este esporte".

Por�m, ainda que t�midas, as mudan�as devem abrir espa�o para mais manifesta��es de atletas. Em T�quio, temas como racismo, LGBTfobia, xenofobia, desigualdade de g�nero e intoler�ncia religiosa devem virar pauta frequente nos debates e nas competi��es por meio de �cones esportivos. Listamos alguns deles a seguir.

Patty Mills

Patty Mills é um dos destaques do basquete masculino da Austrália(foto: Ethan Miller/AFP)
Patty Mills � um dos destaques do basquete masculino da Austr�lia (foto: Ethan Miller/AFP)

Armador da Sele��o Australiana de basquete e um dos principais jogadores da equipe, Pattrick Mills luta pelos direitos do povo arbor�gene. Os nativos do pa�s, assim como outros povos de origem semelhante em outras na��es, foram massacrados e, at� hoje, sofrem consequ�ncias da segrega��o.

Aos 32 anos, "Patty" Mills tem carreira estabelecida no basquete (por exemplo, foi campe�o da NBA na temporada 2013/2014 com o San Antonio Spurs, equipe em que ainda atua) e nunca se furta de defender e citar o povo nativo australiano, do qual ele tem descend�ncia direta por parte de m�e. A descend�ncia paterna tamb�m faz o armador militar pela popula��o do Estreito de Torres, ilhas pr�ximas � Papua Nova-Guin�, mas que pertencem � Austr�lia.

Em sua quarta participa��o em Jogos Ol�mpicos (a melhor posi��o foi conquistada em 2016, no Rio de Janeiro, quando perdeu o bronze para a Espanha), Patty Mills ganhou do comit� australiano a honra de ser um dos dois porta-bandeiras na Cerim�nia de Abertura desta sexta-feira. Ser� a primeira vez que um arbor�gene ostenta esse posto.

Gwen Berry

Gwen Berry, do arremesso de martelo, protestou na seletiva para Tóquio(foto: Patrick Smith/AFP)
Gwen Berry, do arremesso de martelo, protestou na seletiva para T�quio (foto: Patrick Smith/AFP)

"Atleta ativista". Isso � o que define Gwendolyn Berry, do atletismo dos Estados Unidos. Ela, que comp�e a equipe estadunidense do arremesso de martelo, virou as costas ao hino nacional na seletiva para T�quio em mais um momento de protestos em sua carreira.

Aos 31 anos, "Gwen" Berry vai para a segunda Olimp�ada (a primeira foi em 2016) com aten��o at� de autoridades dos Estados Unidos. A lan�adora de martelo � considerada um dos �cones na luta antirracista no pa�s e, em 2019, chegou a ser suspensa ap�s cerrar o punho durante o hino nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru.

Ela considera o hino estadunidense desrespeitoso para a popula��o negra e n�o descarta novas manifesta��es no Jap�o. "Tenho orgulho de dizer que sou uma atleta ol�mpica por duas vezes e levarei a vontade de mudan�a comigo para T�quio", afirma.

Naomi Osaka

Naomi Osaka é esperança de medalha para o Japão no tênis feminino(foto: Tiziana Fabi/AFP)
Naomi Osaka � esperan�a de medalha para o Jap�o no t�nis feminino (foto: Tiziana Fabi/AFP)

Atleta mais bem paga do planeta e um dos �cones do t�nis nos �ltimos anos, a japonesa Naomi Osaka � presen�a recorrente no apoio a diversas lutas sociais. Durante o US Open de 2020, a n�mero 2 do mundo usou m�scaras de preven��o contra o coronav�rus com nomes de v�timas da viol�ncia policial nos EUA, como George Floyd, Elijah McClain e Breonna Taylor. 

Algumas semanas antes, Osaka tinha anunciado que n�o iria jogar a semifinal do torneio WTA de Cincinnati, tamb�m nos EUA, ap�s o caso Jacob Blake. Ele foi atingido por sete tiros nas costas, no estado de Wisconsin, e perdeu os movimentos abaixo da cintura. Ap�s o posicionamento de Osaka, a pr�pria organiza��o do evento anunciou a suspens�o dos jogos programados para o dia seguinte.

Megan Rapinoe

Megan Rapinoe é tida como ícone na luta pela igualdade entre gêneros e na causa LGBTI (foto: AFP)
Megan Rapinoe � tida como �cone na luta pela igualdade entre g�neros e na causa LGBTI (foto: AFP)

Megan Rapinoe, estrela do time bicampe�o mundial de futebol feminino dos EUA, � um �cone dentro e fora de campo. 

A jogadora colabora com a Athlete Ally, uma organiza��o que luta contra a homofobia no esporte, e com a Common Goal, que incentiva atletas profissionais a doar uma pequena porcentagem do sal�rio a causas sociais. Tamb�m � uma das atletas que mais se posiciona a favor da igualdade salarial e de investimento nos esportes femininos e masculinos.

Al�m disso, era uma ferrenha opositora ao ex-presidente Donald Trump. Antes mesmo de a Sele��o dos EUA vencer a Copa do Mundo de 2019, realizada na Fran�a, Megan afirmou que n�o iria � Casa Branca receber os tradicionais cumprimentos do chefe do Executivo. Como resposta, ele disse que elas, primeiramente, deveriam ganhar a competi��o. Elas ganharam. E n�o fizeram a visita.

Richarlison

Atacante Richarlison, da Seleção Brasileira, é engajado em causas sociais(foto: Mauro Pimentel/AFP)
Atacante Richarlison, da Sele��o Brasileira, � engajado em causas sociais (foto: Mauro Pimentel/AFP)

Do Brasil, um dos atletas mais ativos politicamente � um velho conhecido dos mineiros: o atacante Richarlison, ex-jogador do Am�rica e que atualmente defende o Everton, da Inglaterra. O camisa 10 � ativo em v�rias lutas sociais.

Durante a Copa Am�rica, por exemplo, o jogador usou chuteiras em homenagem � ci�ncia, como forma de incentivar o combate � COVID-19 por meio da vacina. Em outras oportunidades, Richarlison defendeu o Pantanal, alvo de inc�ndios recordes em 2020, e publicou a hashtag #Justi�a por Mari Ferrer, jovem estuprada em 2018, cujo acusado do crime foi absolvido.

As sele��es de futebol do Brasil contam ainda com outros �cones de lutas sociais. No masculino, o atacante Paulinho, do Bayer Leverkusen, da Alemanha, � cr�tico ferrenho do governo Jair Bolsonaro (sem partido). Filho de Ox�ssi, o orix� ca�ador, o jovem de 21 anos � seguidor do Candombl� e simboliza o combate � intoler�ncia religiosa. No feminino, Marta, a maior jogadora de todos os tempos, � ativa na luta pela igualdade de g�nero.

O v�lei masculino � outro espa�o de fervor pol�tico. Em 2019, Wallace e o mineiro Maur�cio Souza comemoraram uma vit�ria no Mundial fazendo o n�mero 17 com os dedos, em refer�ncia elogiosa a Bolsonaro. Ao lado deles, na foto, aparece Douglas Souza - s�mbolo de combate � LGBTfobia no esporte. O time ainda conta com o tamb�m mineiro Ricardo Lucarelli, que j� se manifestou contra o racismo.

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