Bertha Maakaroun
Bertha Maakaroun
Jornalista, pesquisadora e doutora em Ciência Política
EM MINAS

Mais da metade da Câmara de BH vai concorrer em 2026

Mesmo que não sejam eleitos, vereadores cumprem uma função: ajudar as suas respectivas legendas a tornar as chapas mais competitivas

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Pelo menos 27 dos 41 vereadores da Câmara de Belo Horizonte (foto), que assumiram mandato em 1º de janeiro deste ano, estão se organizando para concorrer a deputado estadual e a federal e até ao Senado Federal, como é o caso do vereador Vile (PL), que não descarta a hipótese de ser indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de uma concorrida lista. Vai ser uma corrida ainda maior do que nas eleições de 2022, quando 24 vereadores da capital disputaram as eleições proporcionais, seis dos quais se elegeram: Bella Gonçalves (Psol), Bim da Ambulância (Avante) e Macaé Evaristo (PT) para a Assembleia Legislativa; Duda Salabert (PDT), Nikolas Ferreira (PL) e Nely Aquino (Podemos) para a Câmara dos Deputados.

Mesmo que não sejam eleitos, vereadores cumprem uma função: ajudar as suas respectivas legendas a tornar as chapas mais competitivas. Uma tarefa cada vez mais difícil, já que os “profissionais” das eleições proporcionais passam os quatro anos que separam uma eleição geral da outra encontrando mecanismos para fidelizar pessoas com potencial de voto para dar “sustentação” – ou forrar o colchão de votos – daqueles destinados a se eleger. Vagas de emprego no setor público para uma das estratégias utilizadas para manter sob controle essas lideranças regionais bem votadas, mas não suficientemente bem votadas para se eleger.

Chapas sem puxadores de votos – como Nikolas Ferreira e Duda Salabert – precisam dessa sustentação para superar o quociente eleitoral para a Assembleia Legislativa, que foi de 143.488, e de 210.964 para deputado federal em 2022. Esses são os patamares mínimos para que uma chapa conquiste uma cadeira nos parlamentos estadual e federal.

Partidos de porte médio e pequeno travam, nas eleições de 2026, uma guerra de vida ou morte: precisam superar a cláusula de barreira elegendo pelo menos 13 deputados federais ou alcançado 2,5% dos votos válidos para a Câmara dos Deputados e 1,5% em pelo menos nove estados. Legendas que não atingirem essa meta perderão acesso ao fundo partidário e ao tempo de propaganda partidário, além do tempo de antena nas eleições de 2028 e 2030. É quase uma sentença de morte política. Não à toa, as siglas estão mais preocupadas em formar chapas fortes para a Câmara dos Deputados do que, por exemplo, apresentar uma candidatura majoritária ao governo ou ao Senado, que não lhes dará acesso aos recursos públicos.

Se, por um lado, vereadores são mobilizados para engrossar as chapas – porque não perdem a cadeira e, se eleitos, sobem a um outro nível de representação –, prefeitos, principalmente em primeira eleição, com raras exceções, deixam os seus mandatos para disputar as eleições proporcionais. Já os pleitos municipais assistem a uma movimentação diferente nas carreiras políticas: costumam ser o momento em que deputados estaduais e federais se lançam às disputas locais. Concorrem sem riscos: se perdem, retomam o mandato parlamentar, com mais visibilidade que lhes será útil ao próximo pleito; se vencem, transitam à função executiva, que lhes garante novas possibilidades em suas carreiras, marcadas pelo ziguezague entre as funções executivas e legislativas.

Em 2026, deputados estaduais e federais sem o colchão do mandato tendem a privilegiar a opção pela própria reeleição. Sobretudo, diante das novas facilidades proporcionadas pelas funcionalidades “executivas” que lhes conferem o não desprezível volume das emendas parlamentares impositivas. Quando pensam em saltar para uma disputa majoritária, fazem-no em minucioso cálculo de probabilidades de vitória, já que prevalece no meio político certa aversão ao risco de ficar sem mandato.


Efeito estufa

Roberto Rodrigues é ex-ministro da Agricultura, coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getulio Vargas (FGV) e presidente de honra da Academia Latino-Americana do Agronegócio (Alagro). Ele é crítico contundente do Plano Setorial de Mitigação para Uso do Solo e Agropecuária do Plano Clima, de implementação progressiva, destinado a alcançar as metas do país para redução de emissões de gases de efeito estufa. Na avaliação de Rodrigues, enviado especial à COP30, o plano atribui concentração de responsabilidade e obrigações ao setor agropecuário, responsabilizando-o, de forma generalizada, por desmatamento ilegal, entre outros crimes ambientais. “Isso é crime, não é cometido por produtores profissionais, e cabe ao governo combatê-lo”, destaca Rodrigues.


Ruim para o Brasil

Na avaliação de Roberto Rodrigues, o plano aponta para metas de redução de desmatamento legal sem incentivos. Ao mesmo tempo, considera o especialista, utiliza bases de dados não oficiais para auditagem, o que elevaria a responsabilidade atribuída ao setor rural em relação às emissões relacionadas à produção agropecuária. Segundo ele, o plano pode ser entendido como uma “confissão de culpa” que o setor agropecuário não tem, dando ao governo norte-americano desculpas para penalizar as exportações brasileiras.


Sigilo polêmico

O deputado estadual Professor Cleiton (PV) vai representar ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) contra a decisão do governo de Minas de impor sigilo a documentos da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig). Entre os 13 documentos da Codemig tornados sigilosos pelos próximos 15 anos, estão relatórios assinados por bancos com reputação internacional na avaliação de empresas. “Relatório de avaliação econômico-financeira Rotchschild & Co Brasil Ltda” e “Projeções Financeiras da Codemig elaborado pela Goldman Sachs” são as descrições de dois dos documentos da lista.


Quanto vale?

Neste momento em que na Assembleia Legislativa se discute o fim do referendo da consulta popular para a privatização da Copasa, a avaliação do Professor Cleiton, compartilhada pela bancada de oposição, é de que o sigilo se presta a esconder o real valor da Codemig. “A nossa hipótese é de que esses documentos trazem informações sobre o preço da Codemig. Puseram em sigilo porque o valor da estatal supera os R$ 34 bilhões necessários à amortização de 20% da dívida de Minas. E se vale isso, não é necessário privatizar Copasa nem vender imóveis, nem federalizar a Cemig”, afirma o deputado.

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