“A natureza das coisas invisíveis”, primeiro longa da diretora Rafaela Camelo, chega ao circuito comercial nesta quinta-feira (27/11), depois de fazer sucesso em festivais no Brasil e no exterior. O filme acompanha as descobertas de duas amigas de 10 anos, Glória (Laura Brandão) e Sofia (Serena), num verão atravessado por vida, morte e complexos questionamentos. 

As duas se encontram pela primeira vez no hospital onde a mãe de Glória trabalha como enfermeira e a bisavó de Sofia acaba de ser internada. Elas logo se conectam, embarcando em uma jornada de crescimento. 

“A história me veio a partir do desejo de falar sobre luto, finitude. Com o tempo, foi ganhando outras camadas, fui descobrindo também outros temas”, explica Rafaela Camelo. 

 

Conforme o projeto amadureceu, a diretora percebeu que a narrativa inicial, o transplante de coração vivido por Glória, poderia ser tratada de forma mais simbólica. Enquanto ela se olha no espelho e vê a própria cicatriz, diferentes sensações são transmitidas pelo olhar da menina de 10 anos. 

“Glória, com aquele coração transplantado, de certa forma simboliza algo que se mantém com a gente, algo daqueles que foram embora”, diz Rafaela.

Sofia é garota trans, que vive a transição com apoio da mãe e da comunidade. “O luto perpassa a personagem. Uma das primeiras coisas que me chamou a atenção foi a história do nome morto”, afirma a diretora. 

“Quando a pessoa trans faz sua transição, o nome da certidão de nascimento é abandonado para que a nova identidade nasça. Pesquisando, encontrei relatos de mães de crianças trans falando sobre a questão do luto.” 

Para Sofia, Bento (seu antigo nome) já partiu há muito tempo. Porém, a mãe e as senhoras com quem convive precisam encerrar aquela vida. Propõem, então, a cerimônia para “encomendar a alma” de Bento, um ritual que simboliza a mudança.

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“A NATUREZA DAS COISAS INVISÍVEIS”

Brasil, 2025, 90 min. De Rafaela Camelo. Com Laura Brandão, Serena, Larissa Mauro, Camila Márdila, Aline Marta Maia. Em cartaz na sala 3 do UNA Cine Belas Artes, às 18h30.


* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

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