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Estado de Minas ONCOLOGIA

Rela��o entre obesidade e c�ncer de intestino: o papel dos inflamassomas

Entre os adultos com excesso de peso as maiores incid�ncias de tumores est�o relacionadas ao rim, ves�cula, p�ncreas, intestinos, pr�stata, endom�trio e mama


07/11/2021 04:00 - atualizado 07/11/2021 07:33

Obeso mede cintura com fita métrica
No Brasil, 15 milh�es de pessoas s�o consideradas obesas (foto: Pixabay)


V�rios estudos epidemiol�gicos correlacionam a obesidade ao aparecimento de c�ncer. Um estudo recente da Uni�o Internacional de Controle do C�ncer comprovou a rela��o entre obesidade e c�ncer. Ele estima que 30% dos casos da doen�a nos pa�ses ocidentais estejam relacionados ao sedentarismo e ao excesso de peso.

Este � o segundo fator de risco para o desenvolvimento de c�ncer, ficando atr�s apenas do tabagismo, de acordo a Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS). A popula��o mundial est� continuamente mais pesada, o que torna a obesidade um problema de sa�de p�blica. 

No Brasil, mais de 80 milh�es de pessoas, ou seja, cerca de 60% da popula��o, est�o com excesso de peso, enquanto 15 milh�es s�o consideradas como obesas. Os n�meros avan�am rapidamente entre todas as idades e classes sociais. O n�mero de obesos entre crian�as e adolescentes cresceu nos �ltimos 10 anos de 3,7% para quase 13%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).

Segundo dados do Instituto Nacional de C�ncer (INCA), uma crian�a obesa tem um risco 30% maior de tornar-se um adulto obeso. Entre os adultos com excesso de peso as maiores incid�ncias de tumores est�o relacionadas ao rim, ves�cula, p�ncreas, intestinos, pr�stata, endom�trio e mama.

� importante ressaltar que as hip�teses para se justificar a associa��o de c�ncer e obesidade se sustentam em quatro pilares: causas hormonais, processo inflamat�rio cr�nico, erro alimentar e causas diretas.

Nas causas hormonais, o excesso de tecido gorduroso leva a um aumento da quantidade de estr�geno circulante, que por sua vez est� ligado ao aumento de incid�ncia de tumores, como os de mama, �tero e intestino. 

As pesquisas tamb�m sinalizam nos obesos um aumento da quantidade de uma subst�ncia denominada de IGF (fator insulina-s�mile), respons�vel pelo crescimento e multiplica��o celulares. Por outro lado, o excesso de gordura nos adip�citos (c�lulas gordurosas do corpo) provoca um processo inflamat�rio cr�nico, que por sua vez libera continuamente subst�ncias t�xicas e indutoras de inflama��o e c�nceres nas c�lulas normais. 

Pesquisas demonstraram que complexos de prote�nas conhecidos como inflamassomas, parte do sistema imunol�gico inato que ajuda a regular a inflama��o, parecem ser um importante contribuinte para o desenvolvimento do c�ncer de c�lon relacionado � obesidade, se n�o de outros tipos de c�ncer.

Indiv�duos propensos a desenvolver doen�as inflamat�rias cr�nicas t�m maior risco de c�ncer, e os inflamassomas desempenham um papel importante no desenvolvimento do c�ncer, mostrando a��es de promo��o ou supress�o de tumor, dependendo do tipo de tumor. Os inflamassomas n�o est�o apenas implicados no c�ncer de c�lon associado � obesidade, mas pode ser mais relevante em pacientes obesos. 

Uma extensa pesquisa sobre essa correla��o foi apresentada durante o recente Congresso Europeu sobre Obesidade. Amostras de tecido foram obtidas de 38 indiv�duos magros e 61 obesos, e posteriormente divididos naqueles com ou sem c�ncer de c�lon.

Uma nova descoberta do estudo foi que tanto a obesidade quanto o c�ncer de c�lon aumentam os n�veis de express�o g�nica das prote�nas NLRP3, NLRP6, ASC e NOD2 no tecido adiposo visceral (VAT), sugerindo que a inflama��o do tecido adiposo visceral associada � obesidade cria um microambiente favor�vel para o desenvolvimento do c�ncer de c�lon.

Os investigadores tamb�m encontraram n�veis regulados positivamente de IL-1β no VAT de indiv�duos que eram obesos, bem como aqueles com c�ncer de c�lon, uma observa��o que fortalece a hip�tese de que a produ��o dependente do inflamassoma dessas citocinas pode influenciar a tumorig�nese do c�lon.

Por outro lado, o bloqueio da express�o de NLRP3 reduz a inflama��o do VAT e atenua significativamente a fibrose que contribui para o desenvolvimento de comorbidades associadas � obesidade, incluindo diabetes tipo 2 e doen�a hep�tica gordurosa n�o alco�lica. O estudo mostrou que amostras de tecido de pacientes com c�ncer de c�lon foram associadas � express�o reduzida de NLRP6 e IL-18. O NLRP6 � um fator importante na resposta � les�o intestinal, que regula os aspectos da cura da inflama��o.

A mesma prote�na tamb�m est� ligada � integridade epitelial e � perda de NLRP6, e a IL-18 – seu principal efetor no intestino – foi associada ao aumento da mortalidade no c�ncer colorretal. Assim, a express�o reduzida de NLRP6 e IL-18 no c�lon de pacientes com c�ncer de c�lon sugere uma regula��o prejudicada na cascata inflamat�ria e uma diminui��o na integridade da barreira intestinal.
 
O mesmo experimento revelou que os n�veis de express�o g�nica da adiponectina, uma prote�na anti-inflamat�ria produzida pelo tecido adiposo, foram reduzidos de forma semelhante no VAT em indiv�duos obesos e tamb�m naqueles com c�ncer de c�lon. Os baixos n�veis de adiponectina, por sua vez, foram associados a um maior risco de c�ncer colorretal.

Mas tamb�m foi demonstrado recentemente que os n�veis normais de adiponectina inibem o crescimento das c�lulas do c�ncer colorretal. � muito importante levar em considera��o que os inflamassomas t�m pap�is contrastantes na tumorig�nese, demonstrando efeitos prejudiciais, mas tamb�m paradoxalmente ben�ficos. 

Os pesquisadores especulam que os agonistas de NLRP3 podem melhorar a fun��o imunol�gica e ajudar a reverter o microambiente imunossupressor promovido pela inflama��o do VAT. Por exemplo, a ativa��o da sinaliza��o de IL-18 por inflamassomas regula a repara��o do tecido intestinal ap�s o desenvolvimento de c�ncer de c�lon, desencadeando o processo de reepiteliza��o.

O desenvolvimento de antagonistas de NLRP3 que podem bloquear a via de sinaliza��o de IL-1β � atualmente uma importante �rea de pesquisa.

V�rios inibidores do inflamassoma NLRP3 est�o sendo desenvolvidos. Os inibidores farmacol�gicos da via NLRP3 podem oferecer uma op��o de tratamento em uma ampla gama de doen�as cr�nicas e autoinflamat�rias para as quais atualmente n�o existem terapias adequadas.

Estrat�gias para restaurar as fun��es de imunovigil�ncia dos componentes do inflamassoma podem representar um alvo interessante para identificar e tratar pacientes com obesidade com risco aumentado de desenvolver c�ncer colorretal.

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