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Estado de Minas 'ZOOL�GICO' DOM�STICO

O meu amigo sabi� e outras hist�rias de passarinhos

O resultado de tanto verde na minha casa � uma profus�o de p�ssaros voando de l� para c� o tempo todo


12/01/2022 04:00 - atualizado 12/01/2022 07:30

Ilustração da coluna da Anna Marina

Quando comprei a casa onde moro h� mais de 50 anos, ela tinha uma latada de uvas no fundo do lote, um p� de abacate, um p� de manga sapatinho e terra, muita terra no restante do terreno. Arranquei a latada de uvas, mudei o p� de manga para o fim do terreno e fiz umas mil melhorias. Atualmente, sou cercada de verde, tenho frutas variadas, como goiaba, uma ou outra laranja, muito abacate e, gl�ria das gl�rias, cinco p�s de jabuticaba, tr�s deles frutificando. Uma das minhas trepadeiras, que d� na entrada e nos fundos da casa, congeia, chama a aten��o. E as orqu�deas, que este ano n�o deram muitas flores, mas est�o praticamente em todas as �rvores.

O resultado de tanto verde � uma profus�o de p�ssaros voando de l� pra c� o tempo todo. O casal de jo�o-de-barro � muito grande e ainda n�o descobri at� hoje onde � que eles fizeram o ninho. Volta e meia recebo a visita de uma manada de macaquinhos, que trato com muita banana, que recebem quase na boca, e de tucanos que colorem o entorno da varanda. As pombas s�o verdadeiras, e meu sobrinho que � m�dico j� me mandou v�rias vezes acabar com elas, porque d�o uma doen�a muito grave. Como n�o deram at� hoje, acredito que n�o v�o dar mais.

Os passarinhos se d�o t�o bem com o ambiente e respeitam quem circula pelo jardim; �s vezes acredito que eles v�o pousar no meu ombro, de t�o perto chegam. Eles devem sentir um fluido bom, porque, mesmo com essa chuvarada, est�o firmes. Fechei h� anos a chamin� da lareira, porque as andorinhas cismaram de fazer seu ninho na sua boca de sa�da de fuma�a. N�o entendi muito bem quando apareciam filhotes caindo na minha sala, com a maior falta de cerim�nia, at� que descobri o truque. Resultado: nunca mais botei fogo na lareira, para n�o acabar com as andorinhas. No �ltimo Natal, montei o grupo de cantores no lugar que normalmente a lenha � colocada para ser acesa. O resultado foi que todas as figuras, quando foram retiradas, estavam cobertas de coc� de passarinho.

Mas o caso mais lend�rio dessa passarada que felizmente vive em minha casa � o do sabi�. Quando coloquei janelas com vidro em torno da �rea social, notei, uma certa manh�, o passarinho bicando o vidro. Avaliei que ele estivesse vendo sua figura refletida ali. Espantei ele de l�, mas n�o adiantou nada. Ele passou a ir toda manh� bater seu bico no vidro. Ia e voltava, sem desistir. At� que resolvi abrir a janela para ver o que acontecia. O sabi� tratou logo de entrar para a minha sala e ficar l�, bem apoiado onde encontrasse encosto. Fez isso por semanas e semanas, deixando, � claro, seu rastro de coc� por onde quer que passasse. Como n�o desistia, fui ao Mercado Central e comprei uma gaiola bem grande para colocar o sabi�.

Parece que ele gostou e se acostumou, porque ficou morando l� numa boa. Com ra��o, �gua e fruta � vontade. A gra�a � que, para ir para a gaiola, peguei ele com minha m�o, como se fosse um pinto. Convivemos assim durante muito tempo, at� que sa� de f�rias e minhas empregadas, que eram �timas, minhas amigas sinceras (ficaram comigo mais de 40 anos, at� morrer), cuidavam do sabi� com todo carinho. Quando voltei, apesar de todo carinho e tratamento, o sabi� tinha morrido. E foi enterrado no jardim, com todo desvelo. Para minha vaidade pessoal, acredito que ele morreu foi de saudade – mas ele deve ter morrido mesmo � de idade.

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