Sabe aquelas coisas rotineiras, quase impercept�veis, que passam por voc� e te incomodam, mas voc� n�o fala nada? Aquelas, que muita gente, �s vezes, nem percebe? Outro dia, passei a fazer uma lista delas. S�o coisas distintas, variadas, que n�o est�o ligadas entre si.
Como estamos em �poca de campanha pol�tica e recebemos uma enxurrada de e-mails divulgando tudo que os candidatos e pretensos candidatos est�o fazendo, comecei a lembrar da trajet�ria dos principais concorrentes e reparei que a maioria deles n�o tem fam�lia ao seu redor. J� repararam? Nada de irm�o, irm�, primos apoiando, acompanhando. Nem pais, mas esses n�o podemos cobrar presen�a, que muitos j� se foram dessa vida. Mas e os que ainda est�o vivos? Por onde andam? Acho que essa aus�ncia sinaliza alguma coisa, isso diz muito para n�s. Est� a� um dos pontos de inc�modo que acende um enorme alerta em n�s.
Outra coisa � a falta de no��o das pessoas. Acredito que as pessoas esqueceram daquela m�xima: o meu direito acaba quando come�a o direito do outro. O ser humano perdeu o senso do que � urg�ncia. Isso nasceu junto com o celular. As pessoas ligam e mandam mensagem para os outros a qualquer hora do dia, da noite ou da madrugada. � claro que em caso de urg�ncia tem que ligar mesmo, e duvido que algu�m reclame disso, mas n�o entendo o motivo para ligar na sexta-feira � noite ou no s�bado para tratar de uma quest�o profissional que s� ser� resolvida na segunda-feira.
Por que mandar uma mensagem de WhatsApp de madrugada? Esquecem que quando ela � enviada gera um sinal sonoro? A� voc� diz: “Por que n�o coloca seu celular no silencioso?”. Tive que fazer isso, mas tenho uma m�e, de 95 anos, que mora no s�tio em Santa Luzia e preciso estar alerta para receber qualquer chamada urgente. Mesmo cadastrando os celulares das cuidadoras no “favoritos” do celular, vez ou outra elas usam outro n�mero – � impressionante como conseguem ter v�rias linhas –, e tenho que ter o direito de manter meu celular ativo, sem sofrer esse tipo de incomodo. Concordam?
Mais um: por que brasileiro adora uma fila? Fui a uma festa junina e vi duas filas enormes nos caixas. Quando me aproximei, vi que tinha outro caixa, na lateral, completamente vazio. As pessoas veem uma fila e entram, sem nem mesmo procurar outra op��o. Certa vez fui resolver um problema no Detran. Vi uma longa fila e decidi perguntar para o que era. Uma pessoa me respondeu e qual n�o foi a surpresa da que estava atr�s, h� mais de meia hora, achando que era para outra coisa completamente diferente. Viu a fila e entrou, sem perguntar, no “ach�metro”.
Para finalizar, vou tocar em um ponto delicado: fam�lia e amizade. Fico cada dia mais impressionada em ver como as pessoas s�o ego�stas e s� olham para o pr�prio umbigo. Tudo � na base do “venha a n�s, ao vosso reino, nada”. Tenho questionado muito as amizades de hoje. Aprendi que amigo � coisa rara, joia preciosa, que devemos saber preservar. S�o pessoas a quem nos enregamos, somos fieis e recebemos fidelidade. Estamos ao lado nos momentos alegres, tristes e de necessidade. Estamos juntos na doen�a.
Por�m, o que estou vendo atualmente � que os amigos de hoje s� est�o junto enquanto � conveniente. N�o querem saber se o amigo ou o parente est�o precisando de alguma coisa, vivem dentro de seus interesses. Mas quando est�o precisando, reclamam se n�o recebem presen�a e aten��o. Pergunto, onde est� a compaix�o, o amor sincero de entrega, de estar com o amigo para o que der e vier?
(Isabela Teixeira da Costa/Interina)