Conhe�a mitos e verdades sobre o uso medicinal da maconha

Conhe�o v�rias pessoas que gastavam tempo e dinheiro encomendando medicamentos � base de maconha nos Estados Unidos. Por causa disso, passei a divulgar sua libera��o, at� que o medicamento passou a ser proibido por aqui e, posteriormente, liberado. Recebi esta semana informa��es sobre seu uso correto, que passo aos leitores:

. Canabinoides s�o extremamente nocivos e o uso incorreto � letal

Mito. O conceito de letalidade est� relacionado � seguran�a de um composto. A seguran�a de alguns canabinoides e prepara��es, sobretudo as predominantes em CBD e THC, v�m sendo amplamente investigadas. Embora n�o estejam livres de efeitos colaterais, o uso medicinal – ou mesmo adulto – de diferentes quantidades desses dois componentes jamais esteve relacionada a qualquer �bito, diferentemente do que pode acontecer com outras classes medicamentosas, como opioides.

Verdade. O uso medicinal de produtos derivados da Cannabis � regulamentado no Brasil e existem v�rias formas de ter acesso ao tratamento. O primeiro passo foi dado em 2015 pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), que permitiu a importa��o por pessoa f�sica de produtos regularizados em outros pa�ses mediante prescri��o m�dica e autoriza��o. Em 2017, o medicamento Mevatyl, composto por 27mg/ml de THC (tetrahidrocanabinol) e 25mg/ml de CBD (canabidiol), foi aprovado para comercializa��o nas farm�cias do pa�s, indicado para tratar sintomas de pacientes adultos com esclerose m�ltipla que apresentam espasmos de moderados a graves

No final de 2019, a Anvisa criou a categoria “produtos de Cannabis”, permitindo que empresas obtenham autoriza��o sanit�ria para comercializar produtos com qualidade farmac�utica diretamente nas farm�cias do pa�s. Nesse cen�rio, organiza��es da sociedade civil atuam na defesa dos interesses de milhares de pacientes e lutam pela democratiza��o do acesso de diferentes formas.

Mito. N�o � necess�rio fumar para obter os efeitos terap�uticos, embora essa tamb�m seja uma forma poss�vel de se administrar um produto. A forma de apresenta��o mais comum � a solu��o oral em ve�culo oleoso. Esses produtos s�o administrados por meio de conta-gotas, seringas ou copos dosadores, semelhantes ao xarope.

Tamb�m � muito comum encontrar produtos em c�psulas (duras ou moles), pomadas e g�is de uso t�pico. Mas as op��es v�o muito al�m. Mesmo o uso inalado � uma possibilidade de administra��o vi�vel quando se busca o efeito terap�utico, preferencialmente utilizando-se dispositivos que permitam a vaporiza��o dos componentes, em vez da queima, como acontece no cigarro.

Mito. Esse � um mito que pode ser verdade em alguns momentos. A evid�ncia cient�fica � mais robusta para determinadas composi��es e condi��es, como para o CBD na redu��o de convuls�es em epilepsia, ou propor��es semelhantes de CBD e THC para tratar a espasticidade em pacientes com esclerose m�ltipla.

Para essas condi��es, sim, podemos dizer que existem evid�ncias conclusivas, obtidas atrav�s de resultados significativos em estudos padr�o ouro e aprovados por ag�ncias reguladoras criteriosas.Todas as demais condi��es para as quais os produtos v�m sendo utilizados ainda n�o t�m evid�ncias conclusivas. Muitas delas t�m suporte em estudos menos robustos e evid�ncias do mundo real, outras apenas por dados observacionais, relatos de caso ou ainda resultados pr�-cl�nicos.

Verdade. Embora os canabinoides sejam considerados mol�culas seguras, produtos de Cannabis podem apresentar efeitos adversos distintos e geralmente leves, que variam conforme o teor de cada um dos principais componentes mencionados anteriormente. O m�dico deve orientar o paciente com rela��o a poss�veis adversidades da escolha terap�utica para cada caso.

Depende. N�o h� ind�cios de que o canabidiol (CBD) possa causar depend�ncia qu�mica. Por outro lado, embora tamb�m tenha efeitos terap�uticos, o uso constante de doses maiores de THC pode gerar depend�ncia, sendo um dos motivos pelos quais ainda h� mais restri��es de prescri��o para esses produtos.