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Estado de Minas ANNA MARINA

H�bitos de consumo mudam com a idade

Atualmente, n�o compro praticamente nada. Quando me oferecem algo que nos tempos antigos me atra�a, penso em quanto tempo o produto vai durar


20/01/2023 04:00 - atualizado 20/01/2023 02:38

ilustração
(foto: QUINHO)


Em Santa Luzia, onde nasci, conheci duas esp�cies de sorvetes. Uma delas, vendida em um botequim, era o picol�: gelo e groselha. Quando ia sendo chupado, ele se transformava em gelo branco, sem gosto de nada. A outra era servida na casa de minha prima Mariinha Moreira, onde funcionava a �nica geladeira da cidade. N�o tenho muita certeza, mas acredito que o sorvete era levado por primos que moravam na capital quando passavam o fim de semana em Santa Luzia. Rara iguaria.

Com isso, a quantidade era pequena e podia apenas ser provada por todos. Fiquei com essa mania a vida inteira, adoro sorvete e adorei Moscou, onde picol�s eram vendidos nas esquinas em cestas. Tamanho frio que fazia, n�o era preciso carrinho especial.

E � por causa desta mem�ria que a fal�ncia das Lojas Americanas me desperta tanto interesse. Quando a primeira loja da rede foi aberta na cidade, na Rua S�o Paulo, quase esquina de Avenida Afonso Pena, montaram um balc�o longo, onde serviam sorvete. Em casquinha e numa vasilha comprida, onde colocavam tr�s bolas diferentes, cada uma de um sabor.

N�o consigo me lembrar do nome que essa apresenta��o tinha, mas era a minha preferida. Em tempos de pouqu�ssimo dinheiro, conseguia fazer o milagre de, depois da aula no Instituto de Educa��o, voltar � cidade para tomar sorvete. Com os trocados que ia guardando durante a semana para pagar a iguaria.

Eu nem percorria o restante da loja, passeio tentador pela variedade de produtos oferecida e pelos pre�os, anunciados como os mais baixos da cidade.

Meu marido gostava de ir �s Americanas. Primeiro, � loja da Savassi, onde funciona hoje um shopping, e posteriormente no Bairro Gutierrez, perto de minha casa. Nesta loja, comprei o aparelho de TV que dei a ele de presente no Dia dos Pais e funciona at� hoje. Ele achou caro, mas como estava abonada, gostei de achar um presente de seu gosto.

A loja est� l�, funcionando. Nas poucas vezes em que entrei, n�o s� n�o achei o que estava procurando como n�o encontrei nada que me atra�sse. Acredito que esse pouco interesse se deve ao conjunto de produtos � venda. Antigamente, mercadorias de l� raramente eram encontradas em outras lojas. A dinheirama anunciada em meio � atual dificuldade financeira do grupo revela que a busca por tipos diferentes de mercadorias n�o terminou.

O que parece ter diminu�do � meu interesse pelo consumo – uma das tantas diferen�as provocadas pela idade. Atualmente, n�o compro praticamente nada. N�o tenho interesse em gastar com coisa nenhuma que n�o seja us�vel – como ocorreu na Casa da �ndia, onde comprei muitas coisas para o dia a dia dom�stico e tamb�m como presentes natalinos.

A danada da idade avan�ada acaba com o interesse por coisas sem uso imediato. Quando me oferecem algo que nos tempos antigos me atra�a, penso em quanto tempo vai durar. Fa�o a avalia��o e vejo logo que a diferen�a entre idade e dura��o do produto, o que era um bem antigamente, n�o existe mais.

Acho que meu senso cr�tico parece ter aumentado, noto muito isso quando vejo TV. 
Na avalia��o que fa�o do vestu�rio das apresentadoras de programas ou das participantes de novelas, pouca gente passa.

Lembro-me, ent�o, dos tempos em que me incumbiram de escolher, entre as diversas confec��es da cidade, roupas que seriam usadas por apresentadoras de televis�o.

Levei um bom tempo selecionando o que considerava razo�vel e dei com os burros n'�gua. Poucas produ��es que escolhi foram aceitas por quem devia.

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