“Minha vida se transformou. Foi um renascimento.” “Agora consigo trabalhar, praticar esportes e ter qualidade de vida”. “N�o preciso mais tomar medicamentos contra o diabetes do tipo 2”. Essas s�o declara��es de pacientes depois da cirurgia bari�trica. Todos tinham diagn�stico de obesidade e hist�rico de tratamentos sem �xito.
“S�o depoimentos que retratam o que a maioria dos brasileiros obesos costuma enfrentar. Al�m de preconceito, limita��es e outros impactos, a obesidade � uma doen�a que, se n�o tratada, leva a outras enfermidades, como o diabetes, a hipertens�o, a esteatose hep�tica (gordura no f�gado), doen�as cardiovasculares, AVC (acidente vascular cerebral) e c�ncer”, alerta o cirurgi�o Luis Vicente Berti, um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bari�trica e Metab�lica.
O Brasil � um dos pa�ses com as mais altas taxas de obesidade no mundo. S�o mais de 41 milh�es de brasileiros obesos. Al�m de reeduca��o alimentar, uso de medicamentos e mudan�as de h�bitos, a cirurgia bari�trica e metab�lica � uma op��o para obesos graves. O procedimento � indicado para pacientes com IMC (�ndice de massa corporal) fora do padr�o ideal e quando outros tratamentos dispon�veis falharem. O IMC � o peso dividido pela altura ao quadrado.
De acordo com o m�dico, desde que tenham doen�as associadas ao excesso de peso, como o diabetes tipo 2, hipertens�o, apneia do sono, esteatose hep�tica (gordura no f�gado), pessoas com IMC de 35 tamb�m podem ser submetidas ao tratamento cir�rgico. J� os pacientes com IMC acima de 40 podem ser operados mesmo que n�o tenham doen�as relacionadas.
Segundo o profissional, que tem mais de 20 anos de experi�ncia na �rea, a cirurgia bari�trica evoluiu e � reconhecidamente segura e eficaz, levando a menores tempos de interna��o e riscos de complica��es.
Na luta contra a obesidade, os procedimentos cir�rgicos s�o os mais satisfat�rios, com 25% a 30% de perda de peso total a longo prazo, segundo estudo recente publicado no peri�dico "The Lancet" por pesquisadores brasileiros e de outros pa�ses.
Hoje, o procedimento � minimamente invasivo e realizado via videolaparoscopia, t�cnica que consiste na redu��o de est�mago realizada de forma mais precisa. No procedimento, o cirurgi�o utiliza microc�mera para visualizar e ter acesso ao est�mago do paciente. Nesta modalidade s�o feitas de quatro a sete incis�es de 0,5 a 1,2cm cada uma, por onde s�o introduzidas as c�nulas e a c�mera de v�deo.
� feito ent�o o grampeamento de parte do est�mago, que reduz o espa�o para o alimento. Tamb�m � feito um desvio do intestino inicial, que promove o aumento de horm�nios que d�o saciedade e diminuem a fome.
Para Berti, a cirurgia bari�trica n�o deve ser vista como a solu��o m�gica que faz com que as pessoas emagre�am sem mudan�as de h�bitos de vida.
“Para atingir os objetivos e emagrecer, o paciente deve adotar alimenta��o equilibrada e incluir atividade f�sica regular em sua rotina”, esclarece.
Apesar do cen�rio cr�tico de obesidade no pa�s, 90% das cirurgias bari�tricas acontecem na rede privada, ou seja, o SUS n�o consegue atender a demanda por esse tipo de tratamento. Em m�dia, os pacientes esperam cinco anos na fila do sistema p�blico de sa�de para realizar esse tipo de interven��o.
Al�m da complexa jornada que come�a no atendimento prim�rio, faltam centros certificados em cirurgia bari�trica e metab�lica no pa�s que s�o centralizados nas capitais, dificultando o acesso da popula��o que n�o vive em grandes centros, e m�dicos devidamente treinados na t�cnica.
Outro obst�culo est� relacionado � pandemia. Segundo o Minist�rio da Sa�de, o n�mero de cirurgias bari�tricas realizadas pelo Sistema �nico de Sa�de caiu 81,7% em 2021, se comparado com 2019. No ano retrasado, foram feitas 2.296 cirurgias bari�tricas pelo SUS. J� em 2019, o n�mero foi de 12.568.