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Estado de Minas ANNA MARINA

Dormir mal envelhece e provoca doen�as que podem levar � morte

Dist�rbio est� ligado a hipertens�o, insufici�ncia card�aca e diabetes. Especialista defende a distribui��o do aparelho CPAP pelo SUS e planos de sa�de


25/07/2023 04:00 - atualizado 26/07/2023 00:23
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Ilustração relativa à apneia do sono
(foto: Vecttezy/divulga��o)

 
Pessoas com apneia obstrutiva do sono t�m repetidas pausas respirat�rias ao longo da noite, que podem durar alguns segundos – ou at� mesmo minutos –, seguidas por despertares que prejudicam a qualidade do descanso. Se n�o tratado, o dist�rbio pode, com o passar dos anos, causar problemas de sa�de, como aumento de risco cardiovascular, hipertens�o, insufici�ncia card�aca, diabetes e comprometimento da mem�ria e da concentra��o.
 
Pesquisa da Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp) revelou que a apneia promove a diminui��o dos tel�meros – estruturas presentes nas extremidades dos cromossomos, que t�m o papel de manter a integridade do material gen�tico no n�cleo celular. Os tel�meros v�o encurtando naturalmente � medida que as c�lulas se dividem para regenerar os tecidos e �rg�os do corpo.
 
Quando ficam demasiadamente pequenos, a c�lula envelhecida para de se multiplicar. Ao acelerar o processo de encurtamento dos tel�meros, a apneia promove o envelhecimento precoce das c�lulas.
 
A boa not�cia dos estudos da Unifesp � que o problema pode ser amenizado com uso do CPAP (sigla em ingl�s para press�o positiva cont�nua em vias a�reas), aparelho acoplado � m�scara que lan�a ar no nariz durante o sono e regulariza a respira��o. Os resultados mais recentes foram divulgados na revista Sleep.
 
Ao longo de seis meses, pesquisadores acompanharam 46 pacientes homens, de 50 a 60 anos, com apneia do sono moderada ou grave. Os volunt�rios foram divididos em dois grupos e tratados com CPAP ou aparelho semelhante, por�m, com vazamentos de ar que n�o permitem o efeito terap�utico e funcionam como placebo.
 
Nas visitas mensais, os cientistas checaram a ades�o dos pacientes ao aparelho, terapia considerada complexa e inc�moda, e coletaram sangue para mensurar o comprimento dos tel�meros – an�lise realizada em tr�s ocasi�es: no in�cio do experimento, ap�s tr�s meses e ao final da interven��o. Al�m disso, foram analisados no sangue marcadores inflamat�rios e de estresse oxidativo.
 
“O encurtamento dos tel�meros � inevit�vel, porque est� relacionado � inflama��o e ao estresse oxidativo do envelhecimento, mas descobrimos que pessoas com apneia apresentam acelera��o desse processo”, explica Priscila Farias Tempaku, pesquisadora na �rea de medicina e biologia do sono do Departamento de Psicobiologia da Unifesp e autora do estudo. “Tanto aos tr�s quanto aos seis meses, o uso do CPAP atenuava essa acelera��o.”
 
Investigaram-se tamb�m os mecanismos moleculares que envolvem a associa��o entre apneia e tel�meros. Um desses mediadores indicou que provavelmente a via molecular implicada � a inflama��o. “Nos pacientes que usaram o placebo, a mol�cula se mostrou fator influente no comprimento dos tel�meros. J� naqueles que usavam o CPAP n�o havia essa associa��o, mostrando que, al�m de sua import�ncia j� conhecida na redu��o do risco cardiovascular e metab�lico, o aparelho diminui a inflama��o e, consequentemente, atenua o encurtamento do tel�mero”, explica Tempaku.
 
“Os resultados deixam claro o papel do sono como fator protetor para o envelhecimento ou de risco para quem apresenta alguma altera��o”, avalia Sergio Tufik, diretor do Instituto do Sono da Unifesp e coordenador do estudo. “Esse � um �timo incentivo, pois a maioria das pessoas resiste a usar o CPAP.”
 
Pioneiro nos estudos sobre o sono no mundo, Tufik � o criador do projeto Estudo Epidemiol�gico do Sono (Episono), realizado a cada d�cada desde 1986 para tra�ar um panorama completo do sono dos paulistanos sob a �tica da sa�de p�blica. Al�m de estabelecer a preval�ncia de problemas como ronco, sonambulismo e ins�nia, o trabalho j� rendeu a publica��o de mais de 70 artigos em revistas cient�ficas.
 
A edi��o de 2015 do Episono, que avaliou o tamanho do efeito do encurtamento dos tel�meros num per�odo de 10 anos, mostrou que ter apneia grave equivale a envelhecer 10 anos. Essa informa��o, somada �s descobertas do trabalho atual, indicam o pr�ximo caminho dos pesquisadores: trazer ainda mais aten��o para a rela��o entre sono e envelhecimento.
 
“Dormir mal envelhece, est� associado � mortalidade tanto quanto outras doen�as. A apneia ocorre em 30% das pessoas”, afirma Tufik. “Mas a popula��o est� desassistida, pois nem o sistema p�blico nem os conv�nios oferecem CPAP. E isso precisa mudar”, alerta o pesquisador.
 
A preval�ncia da apneia vem aumentando paralelamente ao avan�o da obesidade – doen�as associadas. Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bari�trica e Metab�lica indicam que 70% dos obesos sofrem de dist�rbio do sono – o �ndice chega a 80% no caso de obesidade m�rbida.
 
Os principais sintomas da apneia obstrutiva do sono s�o ronco, fadiga diurna e diminui��o da capacidade de concentra��o. O diagn�stico requer o exame de polissonografia. O tratamento, al�m do uso de CPAP, envolve mudan�a no estilo de vida, com perda de peso, redu��o no consumo de bebida alco�lica � noite e de rem�dios para dormir.
 
 

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