
Quando fui a Israel pela primeira vez, copiei o que fizeram os judeus naquele avi�o: desci e beijei o ch�o do pa�s. N�o fiz mais do que minha obriga��o – eles s�o o povo mais sofrido do mundo, perseguidos desde as primeiras civiliza��es.
Na Alemanha, cumpri o programa que poucos brasileiros fazem: fiz quest�o de ir a um campo de concentra��o e a um cemit�rio judeu. N�o agi por exibicionismo ou qualquer outro sentimento que n�o fosse mostrar minha solidariedade e sentimento � cultura judaica.
Em Jerusal�m, corri toda a capital, subi a Via Dolorosa e fui � catedral onde ensinam que Cristo esteve preso. No recinto h� uma sala fechada, onde s� entra uma pessoa de cada vez. Dizem que est� l� a sepultura onde Cristo foi enterrado. Entrei, ajoelhei para rezar, quatro padres em volta. Chorei tanto que os padres me abra�avam, me consolavam.
Mais uma vez, a emo��o tomou conta de mim. No racioc�nio l�gico, sabia que todas aquelas informa��es buscavam comover os cat�licos – Cristo nunca foi enterrado naquela igreja, jamais teve sepultura.
Fui ao Muro das Lamenta��es, onde as mulheres n�o podem ficar na parte baixa. Mas conseguiram fazer uma esp�cie de terra�o, onde podemos colocar, nas pedras do muro, nossos sonhos e votos. Entre as lendas e a realidade, passei mais de uma semana descobrindo o que foi feito na terra que os judeus conseguiram conquistar e pelejam para manter, apesar de tudo, como est� acontecendo agora com a invas�o despropositada e gratuita do Hamas.
Para n�o perder nada, fui me hospedar em um kibutz. Passei a noite num quarto fechado e particular – a maioria deles era comunit�rio. Aprendi que o dia come�a de madrugada. Mal clareou, fui conferir as planta��es e vi, pela primeira vez na vida, a maravilha da irriga��o por gotejamento. Como a �gua � pouca, coloca-se um cano no ch�o junto ao p� de cada planta, que recebe gotas de �gua durante parte do dia. Funciona, porque as planta��es s�o muito verdes.
Outra coisa que n�o deixei de fazer foi ir a Nazar�. Minha m�e havia me encomendado uma flor nascida em um rio da regi�o. N�o me lembro agora do nome do rio, mas consegui trazer de l� uma linda flor branca, que guardou um pouco do perfume at� chegar por aqui.
Rodei por tudo quanto � canto do pa�s, t�nhamos um motorista muito bom, que nos levava inclusive a alguns restaurantes cuja comida era comum, colocada em uma travessa redonda. Era preciso comer com a m�o, o que me cansou um pouco. N�o existia carne de porco, a que mais como e gosto.
� claro que me apaixonei pelas compras, os mercados de Tel Aviv s�o espl�ndidos. O truque era fugir das lojinhas dos mercados e comprar nos com�rcios pr�ximos ao muro das cidades. Era bom escolher passadeiras persas, que cabem dentro de qualquer mala. Sabendo escolher, � poss�vel comprar aquelas feitas � m�o e n�o com m�quina, truque para baixar o pre�o e aumentar a produ��o.
Sempre estou do lado dos dinamarqueses: quando os nazistas obrigaram judeus a usar aquela estrela amarela bem vis�vel nas roupas, o povo da Dinamarca seguiu a onda, s� para facilitar a vida dos judeus e complicar a dos nazistas.
Nos dias que correm, penso muito no que est� acontecendo em Israel, onde tenho amigos, filhos de amigos judeus que j� se foram. Eles preferiram ir morar na terra dos pais.