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Estado de Minas BRASIL S/A

As mudan�as que o novo coronav�rus vem impondo ao Brasil

Governo vem liberando recursos para ajudar a sobreviv�ncia da multid�o de informais subitamente sem renda e as empresas a manter os seus empregados


postado em 03/05/2020 04:00 / atualizado em 03/05/2020 08:06

Milhares de pessoas fazem fila na porta das agências da Caixa para garantir sua sobrevivência com o auxilio emergencial do governo(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A press)
Milhares de pessoas fazem fila na porta das ag�ncias da Caixa para garantir sua sobreviv�ncia com o auxilio emergencial do governo (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A press)
O Brasil vai mudar. J� est� mudando, embora a mudan�a ainda seja pouco percept�vel. Ela se deve � pandemia do v�rus nascido na China e alastrado pelos pa�ses com economia forte e setor p�blico fraco, depois de anos de austeridade fiscal sobre os programas sociais em detrimento da aten��o � sa�de e ao desemprego de longa perman�ncia. Est�o se saindo melhor os pa�ses asi�ticos e uns poucos europeus, todos com governan�a p�blica s�lida, forte coes�o social e economia sustentada em dois princ�pios: amplo suporte � inova��o empresarial privada e estrat�gias nacionais na fronteira da macroeconomia.

� o que se assiste nos EUA e na Inglaterra, onde a crise provocou uma rara coaliz�o entre governo e oposi��o para adotar pol�ticas em desuso pelo consenso neoliberal do Estado m�nimo, e levou a China a anunciar a primeira moeda digital soberana, o e-renminbi. Trata-se de movimento disruptivo de largo alcance. Dois anos atr�s, Andr� Lara Resende prop�s o mesmo ao Brasil e este escriba escreveu sob a forma de projeto de governo. Conforme nosso secular atraso intelectual, seremos os �ltimos a pensar em algo assim.

No Brasil, nada disso est� em quest�o. � com relut�ncia, num misto de avers�o e medo, que o governo vem liberando recursos para ajudar a sobreviv�ncia da multid�o de informais subitamente sem renda e as empresas a manter os seus empregados por mais tr�s a quatro meses.

'A c�pula da equipe econ�mica se guia pelo que afirmou o presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes: 'O Estado n�o � solu��o, o Estado � problema''

Faz mais por press�o do Congresso e governadores que por saber que esta seja sua obriga��o. O ministro Paulo Guedes discorda, j� que, para ele, “quando falamos que vamos ter de nos reerguer pelo capital privado, pelos investimentos privados, � porque o governo quebrou”. Por tal concep��o, dinheiro tem ideologia, depende de onde vem. � a ant�tese de um princ�pio valioso do capitalismo: o pragmatismo.

A c�pula da equipe econ�mica se guia pelo que afirmou o presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes: “O Estado n�o � solu��o, o Estado � problema”. Repetiu o discurso de posse de Ronald Reagan, em 1981, com tr�s consequ�ncias not�veis: uma corrida armamentista que p�s fim � Uni�o Sovi�tica; uma alian�a t�tica que fez a China ascender como pot�ncia industrial hegem�nica e rival militar formid�vel dos EUA; e o empobrecimento da classe m�dia americana, cujos empregos foram terceirizados para a China e o mundo emergente.

Alian�a prafrentex nos EUA

Curiosamente, as pol�ticas de estado m�nimo e de mercado alheio �s prioridades nacionais, que em quaisquer circunst�ncias t�m de ser o bem-estar da maioria da popula��o, s�o mais criticadas nos EUA pela direita empresarial do Partido Republicano de Donald Trump tal como critica h� muito a esquerda Democrata. Essa � a coaliz�o casual.

Os senadores Marco Rubio, da Fl�rida, e Josh Hawley, do Missouri, s�o os republicanos que defendem pol�tica industrial nos EUA, at� algo como o BNDES e estatais, para enfrentar a China, em especial ao ficar evidente a depend�ncia absoluta dos hospitais de insumos e reagentes produzidos por firmas chinesas. O senador Hawley admite contrariar a ortodoxia tanto para reaver os empregos perdidos como para manter o poderio dos EUA. E o faz em nome de outra ortodoxia: “fam�lia, comunidade e ind�stria para a liberdade e prosperidade do pa�s”, legenda do American Compass, think-tank dessa corrente. Bolsonaro � pr�ximo desse grupo por meio de seu filho Eduardo, e, no entanto, nem ele nem Guedes parecem conhecer tais ideias.

Fins estranhos e perigosos

Mais estranho que as inten��es de Bolsonaro e t�o perigoso quanto suas incurs�es cotidianas contra as medidas para conter o avan�o da epidemia num pa�s cuja estrutura hospitalar tem padr�o europeu para a minoria que pode pagar plano de sa�de e � o inferno na terra para a maioria ignorada pela parte afortunada, o v�rus acelera seu ritmo de mortes. Como o desemprego, que avan�a pela car�ncia de pol�ticas p�blicas adequadas e n�o apenas pela parada s�bita da economia.

Se o aumento da contamina��o no pa�s levou at� Trump a manifestar sua preocupa��o por tr�s dias seguidos, sempre lembrando ser amigo de Bolsonaro, os sinais n�o s�o bons. O prov�vel, segundo pesquisas recentes, � que o Brasil em mais um m�s ser� o segundo no mundo, depois dos EUA, com mais mortes pelo coronav�rus. Bolsonaro culpa os governadores por adotar o isolamento, n�o se vendo como respons�vel por tal enquanto detentor da chave do cofre, que seu �dolo Trump escancarou e o resto do mundo acompanhou.

Brasil da maioria se exp�e

“Ah, mas h� o risco da d�vida p�blica”, alarma-se o colunista mais fiscalista que rentista. “N�o faltam propostas oportunistas”, diz outro. � como “bater a carteira”, disse Guedes, ao criticar o plano de retomada das obras de infraestrutura que o general da Casa Civil anunciou e n�o soube ou n�o quis explicar.

Tudo distra��o, por mais convencidos estejam quem diz tais coisas. O Brasil n�o est� quebrado, tem � uma pol�tica de austeridade que corta programas sociais, enquanto mascara os gastos com a elite da burocracia, tratados como direito adquirido, e dissipa receitas com setores atrasados. N�o � teto de gasto que resolve iniquidades, mas uma reforma do Estado para valer, o que este governo nunca quis.

O governo fala em reforma federativa, em menos Bras�lia, mas fez o diabo junto ao Senado para melar projeto votado na C�mara de ajuda a estados e munic�pios que visava o certo: repor a receita de ICMS e ISS perdida em rela��o aos valores arrecadados em 2019.

Este � o programa compensat�rio obrigat�rio � Uni�o, o do Senado � o “mal bolado” para encabrestar os estados que mais contribuem para a receita federal e menos recebem de volta (dependem s� de receita pr�pria). Deve ser coincid�ncia que os governadores de estados como S�o Paulo e Rio sejam os que menos se vergam a Bolsonaro, n�?

Este Brasil de costas para a maioria pobre foi exposto pelo v�rus. � nele que moram Bolsonaro e os alienados. Ou o Brasil da maioria se faz ouvir ou esque�amos o significado da palavra progresso.

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