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Acabou a paci�ncia com a inoper�ncia do governo federal

J� passa da hora uma rea��o contundente �s calamidades econ�micas e sociais do pa�s explicitadas pela pandemia. Elas v�o muito al�m do colapso da sa�de


postado em 24/05/2020 08:40 / atualizado em 24/05/2020 08:52

(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press - 3/4/20)
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press - 3/4/20)
 
J� passa da hora uma rea��o contundente �s calamidades econ�micas e sociais do pa�s explicitadas pela pandemia. Elas v�o muito al�m do colapso da sa�de, inclusive privada. Est� evidente a dificuldade dos governos regionais em gerir uma crise universal, agravada pela aliena��o da realidade do governante federal, que o faz n�o se ver respons�vel pela coordena��o de a��es que s�o suas numa federa��o.

Se o governo federal � capaz de cobrar tributos em n�vel nacional, tamb�m teria de s�-lo para fazer chegar ao bolso dos necessitados o aux�lio emergencial de R$ 600 e as linhas de cr�dito abertas com fundos do Tesouro Nacional e do Banco Central para que as empresas n�o demitam em massa nem cerrem as portas por falta de receita.

Se a alt�ssima letalidade da COVID-19 era �bvia antes do carnaval, tanto que o presidente Jair Bolsonaro emitiu e o Congresso validou o decreto de calamidade p�blica, nada justifica a demora em comprar os insumos necess�rios para equipar os hospitais e mobilizar tantos profissionais da sa�de quanto se fizessem necess�rios.

Nem se pode alegar que faltava dinheiro, j� que, por iniciativa do presidente da C�mara, Rodrigo Maia, pol�tico dos mais atacados pela milit�ncia bolsonarista, o Congresso aprovou o tal do "or�amento de guerra", que libera ao governo federal gastar o que se fa�a preciso sem risco de ser responsabilizado por cometer algum crime fiscal.

N�o h� o que explique a relut�ncia do governo federal em coordenar a��es de isolamento social e mesmo de lockdown, deixando a estados e munic�pios o que se fez sem planejamento e, ainda assim, gra�as � interven��o do STF, ao referendar a autonomia dos entes federativos para a��es de sa�de p�blica que o presidente n�o queria assumir.

O tempo passou, ele chegou a declarar que o v�rus se limitaria a 800 mortes, seria "gripezinha", e, depois das a��es atabalhoadas de governadores e prefeitos, damos conta de que talvez o lockdown seja a solu��o. Isso com dois a tr�s meses de com�rcios e servi�os com porta fechada, sem caixa para fazer frente aos pagamentos devidos.

Vidas foram interrompidas pelos disparates dos eleitos, tais como um leigo vir a p�blico aviar receita contra o v�rus, algo capcioso, com o fim de serenar os instados a trabalhar com a cren�a de que h� cura a sua espera caso o pior lhe aconte�a. Nada disso � normal!

Novidade aos avestruzes

As mazelas da gest�o do Estado brasileiro s�o velhas e conhecidas. Sabe-se que o pa�s estagnou nos �ltimos 30 anos pela inaptid�o de governantes, de pol�ticos e da Constitui��o feita para proteger uma burocracia alheia a quem lhe prov� o sustento e, sobretudo, sem dar prioridade ao investimento produtivo. Tudo isso se sabia.

A novidade aos avestruzes do naco afortunado entre os brasileiros � que a pandemia destampou a mis�ria majorit�ria, o povo "informal" que o governo s� descobriu ao se espantar com o n�mero de pessoas habilitadas a requerer o aux�lio emergencial. Alguns milh�es, ainda n�o contados, nem sequer t�m certid�o de nascimento.

O SUS, que j� se sabia exaurido e mendicante de verbas no or�amento federal limitado pelo teto de gasto p�blico, serve � maioria, n�o ao punhado de pessoas, algumas centenas, n�o mais que isso, que saem em carreatas pedindo o fechamento do Congresso e do Supremo. Esse � o Brasil que em 30 anos fez a economia ent�o l�der entre os pa�ses � �poca chamados de subdesenvolvidos ser ultrapassada pela Coreia do Sul, China, �ndia, tanto em produ��o quanto em empregos e renda.

Que risco merece aten��o

O que ser� daqui em diante depende da "marcha dos acontecimentos". Sejam l� quais forem eles, pode-se dar como certo que uma pol�tica econ�mica dissociada da prioridade das necessidades dos pobres, que fazem 83% da popula��o (pela medida de renda familiar total de at� cinco sal�rios m�nimos), vai frustrar-se a priori. Como fracassou, lato sensu, o que se faz desde a estabiliza��o monet�ria de 1994.

O maior risco pela frente est� nas demandas sociais insatisfeitasemprego (mais que ajuda de subsist�ncia), educa��o com forma��o tanto ao mercado de trabalho como para o empreendedorismo, moradia com saneamento, seguran�a de ir e vir. N�o � muito. �, ao contr�rio do que sugerem os economistas ortodoxos, que mais temem as rea��es dos financistas que a voz rouca das multid�es, o que nos falta para termos uma economia com mercado de massa atraente ao capital.

A prosperidade ou vem para todos ou ser� sempre insegura para quem pretenda investir em longo prazo. � esta seguran�a que deve chamar a aten��o do mercado financeiro e da corpora��o militar empregada no governo em fun��es civis, n�o como tutora do governante.

As cartas est�o abertas

Depois de divulgado o v�deo da reuni�o ministerial que levou � demiss�o do ent�o ministro S�rgio Moro, as cartas est�o abertas. O que ser� adiante depende de como cada um se posicionar� com rela��o a Bolsonaro. Quem o odeia, odiar� ainda mais. Quem o apoia, achar� motivos para refor�ar o apoio. Quem estava em d�vida, ou as tirou ou vai se recolher � sombra. Certo � que como est� n�o deve ficar.

A economia sem forte impulso fiscal e monet�rio seguir� prostrada. Sem a manuten��o do aux�lio aos informais sem trabalho e, por muito tempo mais, provavelmente sem renda, a agita��o social tender� a despontar e a ofuscar o povo de camiseta da sele��o. As comunidades de S�o Paulo e do Rio j� fervilham, por ora sem l�deres expl�citos.

Como dente do siso inflamado

Ao governo � como se a estrada larga legada pela gest�o passada se afunilasse em pista de m�o �nica em trecho sinuoso de terra. Ou vai para frente com crescimento econ�mico, injetando esperan�a, ou n�o ter� a estabilidade que anseia nem apoio dos mercadores do centr�o, a maioria pastosa do Congresso que se distingue pelo faro pol�tico.

Em linguagem mais tosca, ao estilo Bolsonaro, estamos com um dente do siso inflamado. Todos sabem o que isto significa. Ele tamb�m.

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