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Sequela das badernas: barbeiragens pol�ticas e imper�cias

''O crescimento econ�mico deste ano � forte na apar�ncia, j� que se trata de reposi��o das perdas da crise de 2020''


29/08/2021 04:00 - atualizado 29/08/2021 08:45

"A infla��o � danosa especialmente para os mais pobres, cujo n�mero voltou a crescer neste governo" (foto: Bruno Peres/CB/D.A Press)

Se febre, azia e taquicardia s�o avisos de que h� algo errado com o corpo, infla��o costuma ser sintoma de desgoverno e desorienta��o do sistema pol�tico que o circunda. A volta da infla��o combina, no Brasil, barbeiragens pol�ticas com imper�cia fiscal e monet�ria.
 
A infla��o � danosa especialmente para os mais pobres, cujo n�mero voltou a crescer neste governo, mas ela indica tamb�m a aus�ncia de planejamento e governan�a do Executivo, explicitada pela monumental incompet�ncia no enfrentamento da pandemia, e de qualquer coisa que implique coordena��o pelo Estado de estrat�gias de desenvolvimento.
 
Sem convencimento dos investidores e empreendedores de que h� um ciclo forte e longo de crescimento, a economia n�o decola, estagna, como tem sido desde a recess�o do bi�nio 2015-2016. Na falta desse pressuposto, a expectativa � de que um crescimento vigoroso acabar� frustrado pelo aperto do gasto p�blico e da taxa Selic operada pelo Banco Central para esfriar o consumo e as importa��es.
 
A economia agradece ao bom desempenho exportador do agroneg�cio e min�rios. Ambos equilibram as contas externas, juntamente com os ingressos de capital atra�dos pelos maus motivos dos juros altos e a pechincha dos ativos que orbitam as atividades extrativistas.
 
Mas sem investimento em ind�strias competitivas no mercado global, cuja pr�-condi��o � a inova��o tecnol�gica, n�o se tem um setor de servi�os pujante, pois dependente do gasto corrente e de cr�dito, que reagem em prazo curto aos programas de austeridade. E servi�os s�o os grandes empregadores urbanos e geradores de renda.
 
De certo modo, estamos � merc� da maldi��o de pa�ses petroleiros, que se acomodam com a riqueza natural, o agro para n�s, sem cuidar da diversifica��o produtiva que impulsiona o dinamismo do trabalho.
 
O que esperar de um presidente que outro dia lamentou n�o ter como enfrentar sozinho a infla��o? Culpou os governadores, malandramente ignorando o monop�lio federal da emiss�o de moeda e cr�dito.

Patetadas em vez da Disney

A pandemia chegou com este pano de fundo, agravado pela tentativa pueril do governo de inflar o crescimento desvalorizando a moeda. A infla��o disparou depois que o c�mbio desandou contra o real entre o fim de 2019 e in�cio de 2020. O ministro Paulo Guedes celebrou o que chamou de novo regime – “c�mbio para cima e juro para baixo”.
 
Teve at� um de seus gracejos mais infames, ao dizer que “empregada dom�stica estava indo para Disney, uma festa danada”. O real levado �s cordas danou foram os pre�os com a reabertura da economia gra�as ao aumento da vacina��o. Foi-se a Disney e vieram as patetadas.
 
N�o fosse o roteiro de agress�es e desaforos encenado teatralmente todos os dias por Bolsonaro e a infla��o, o desemprego, a volta da fome, as milhares de fam�lias que perderam emprego e renda em meio � pandemia morando em barracas nas ruas como se v� at� em bairros nobres de S�o Paulo, estariam ocupando as aten��es do notici�rio.
 
Essa � a realidade que os atos que ele mesmo convocou para 7 de setembro tentar�o encobrir. Dif�cil que consiga. Por isso, apela a absurdos, como na sexta-feira: “Tem que todo mundo comprar fuzil, p�. Povo armado jamais ser� escravizado. Eu sei que custa caro. Da� tem um idiota: ‘Ah, tem que comprar � feij�o’. Cara, se n�o quer comprar fuzil, n�o enche o saco de quem quer comprar”. Pois �...

Dif�cil � encher o “saco”

N�o � f�cil encher o saco, servindo-se da express�o de Bolsonaro, quando a infla��o acumulada em 12 meses at� agosto chegou a 9,30%, contra 2,44% um ano atr�s, na m�trica do IPCA-15. Not�cia ruim n�o falta, embora velha, como a crise h�drica conhecida desde o apag�o de 2001 e, n�o obstante, tratada com o remendo das termel�tricas.
 
A tarifa vai continuar subindo – afinal, segundo Guedes, “qual o problema de a energia ficar um pouco mais cara” – sem descartar o risco de racionamento de eletricidade e mesmo de �gua em regi�es populosas do Sul e Sudeste. Conten��o via pre�o talvez n�o baste, e f�sica, implicar� outro baque nas fragilizadas cadeias produtivas.
 
Para a ind�stria de transforma��o, sem expans�o not�vel h� v�rios anos e dependente da importa��o de semicondutores, hoje escassos no mundo, n�o h� margem para novos custos como os da moeda depreciada. E isso com renda corro�da pela infla��o, cr�dito onerado pela alta de juros e o emprego ainda fraco. Parece a quadratura do c�rculo.
 
O crescimento econ�mico deste ano � forte na apar�ncia, j� que se trata de reposi��o das perdas da crise de 2020. O que se prev� para 2022, tipo 1,5% de crescimento, tem mais a ver com a estagna��o da ind�stria desde os anos 1980 e da demanda agregada depois de 2014.

O futuro � aqui e agora

Espantoso � que a agenda pol�tica esteja dominada pela encena��o pat�tica de radicais delirantes apoiados por ruralistas e traders de pap�is. Grupos neofascistas h� na borda de todas as sociedades ocidentais, mas s� ocupam o centro do palco com apoio do capital.
 
O empresariado de express�o est� longe desses extremismos ou n�o haveria a tentativa de viabilizar quem desloque Bolsonaro e tenha chance contra Lula. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, est� na �rea, promovido por Gilberto Kassab, l�der do PSD. O governador Jo�o D�ria transita no mesmo peda�o. Mas falta algo a eles todos.
 
As ideias econ�micas est�o escassas e, quando h�, s�o as mesmas do s�culo passado, que advogam a ortodoxia do mercado. Isso quando os novos conservadores do Partido Republicano de Trump defendem o fim do reaganismo e a promo��o do ativismo na linha do New Deal.
 
Nada surpreendente: o futuro tem chegado ao Brasil quando j� virou passado no mundo. Mas nesta d�cada de grandes rupturas tecnol�gicas o futuro � aqui e agora. Essa � a quest�o a formular e implantar j� nos primeiros dias de 2023. Tipo o qu�? Digitaliza��o maci�a do setor p�blico e das pequenas e m�dias empresas nacionais, apoio � escalabilidade empresarial, foco na educa��o fundamental, no ensino profissionalizante tecnol�gico e na pesquisa aplicada, a gera��o de emprego e renda sem receio fiscal. Tudo isso � s� para come�ar.
 
O presidente eleito da Fiesp, Josu� Gomes da Silva, dedica-se a pensar tal projeto. Ou se vai por a� ou a crise que nos consome n�o ter� fim.

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