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Estado de Minas BRASIL S/A

O gigante acordou de seu sono profundo com o movimento da sociedade

Mobiliza��o popular pela democracia dever� ter consequ�ncias para al�m das elei��es. Isso � promissor para o futuro do Brasil


31/07/2022 04:00 - atualizado 31/07/2022 07:41

Bolsonaro
Chocar foi o modo de Jair Bolsonaro sair do anonimato e excedeu-se ao atacar as urnas em reuni�o com embaixadores (foto: Facebook/Reprodu��o)


Jair Bolsonaro passou toda a sua vida adulta, depois de instado a aposentar-se do Ex�rcito no posto de capit�o por mau comportamento, fazendo coment�rios grosseiros sobre mulheres, piadas chulas sobre pobres e LGBT, e disparando disparates, como em 2008, e repetido em 2016, de que “o erro da ditadura foi torturar e n�o matar”.

Chocar, para Bolsonaro, foi o modo de sair do anonimato. Ele caiu no gosto de uma parcela da sociedade, normalmente ignorada e mesmo desprezada pelos pol�ticos profissionais, que confunde linguagem �spera com sinceridade e m�-educa��o com informalidade.

Foi essa aparente minoria que o elegeu presidente, ao se somar aos indignados pela Lava-Jato com a corrup��o na pol�tica. Imaginavam esbofete�-la elegendo o “sincer�o” avesso ao politicamente correto.

Dessa mistura emergiu a extrema-direita, refor�ada por saudosistas da ditadura, os evang�licos de cultos que fazem da f� uma atividade rendosa e por autonomeados “cidad�os do bem”, como se os demais que contrariem sua vis�o excludente fossem do mal.

Mas n�o elegeram apenas o desbocado que escapou de ser cassado por quebra de decoro gra�as ao corporativismo do Parlamento. O falso simpl�rio � o mesmo que disse, em 1999, que “atrav�s do voto voc� n�o vai mudar nada nesse pa�s, s� vai mudar, infelizmente, se um dia n�s partirmos para uma guerra civil aqui dentro, e fazendo o trabalho que o regime militar n�o fez: matando uns 30 mil, come�ando com o FHC”. Ele n�o foi parado.

Seu despreparo e falta de empatia chegaram ao cl�max com as graves sequelas n�o superadas da pandemia – “gripezinha”, disse, “um v�rus superdimensionado”, toma cloroquina que passa. J� s�o quase 680 mil mortos, e ele dizendo: “Lamento os mortos, tem de deixar de ser um pa�s de maricas”. Foi enquadrado pelo STF, o que nunca perdoou.

Sentiu-se inimput�vel. O “meu Ex�rcito”, como parece acreditar, apavoraria as institui��es. Enfim, excedeu-se, ao chamar dezenas de embaixadores para ouvi-lo denunciar as urnas eletr�nicas e o TSE, agindo como agente provocador. Ele achincalhou o pa�s, a cidadania, a democracia e o Estado de Direito. Para quem aprecia prov�rbios b�blicos, serve-lhe Jeremias 49:16: “O terror que hoje inspiras e a arrog�ncia do teu cora��o te enganaram e induziram ao erro”.

O Brasil consciente

Aconteceu o que estava � espera de algo que o tirasse de seu sono profundo: a fala subversiva de Bolsonaro aos embaixadores acordou o gigante. A sociedade civil organizada, por meio de suas entidades mais significativas, disse basta. O Estado Democr�tico de Direito � inviol�vel e nada ir� amea��-lo sem encontrar resist�ncia.

De forma espont�nea, pessoas de diferentes forma��es profissionais e tend�ncias pol�ticas, da academia ao empresariado industrial, dos bancos ao agroneg�cio e sindicatos de trabalhadores, passaram a se falar como h� muito n�o faziam, chegando a um denominador comum que dever� ter consequ�ncias para al�m das elei��es. Isso � promissor.

Em s�ntese, concordaram que a estabilidade democr�tica, o respeito ao Estado de Direito e o desenvolvimento s�o valores essenciais em torno dos quais a na��o se forma, encontra prop�sito e resiste aos inconsequentes. Com diferen�as de �nfase, n�o de mensagem, � o que dizem os dois manifestos que defendem a democracia e a Justi�a.

Um deles surgiu na tradicional Faculdade de Direito do Largo de S�o Francisco, da USP. O outro re�ne entidades da ind�stria, dos bancos, do com�rcio, do agro, das multinacionais em torno da Fiesp, a Federa��o das Ind�strias de S�o Paulo. O primeiro j� tem quase 500 mil ades�es, entre advogados, banqueiros, empres�rios, gente de todas as �reas, e est� aberto a qualquer cidad�o.

O segundo traz a chancela de entidades que movimentam a economia, como Fiesp, Febraban, Abdib, Amcham, Fecom�rcio-SP, Sindusfarma, al�m de universidades, faculdades de Direito, OAB, CNBB, ABI, WWF, ISA, Cebrap, todas as centrais sindicais, e tamb�m ser� aberto a ades�es em geral. � a mobiliza��o do Brasil consciente.

Qual sistema � viciado

O presidente sentiu a reprimenda, mas de modo equivocado, ao tom�-la como posicionamento em favor de uma candidatura e n�o como o que de fato �: a defesa enf�tica de um dos poderes da Rep�blica que ele ataca sistematicamente, como j� fizera contra o C�mara quando a sua dire��o pelo deputado Rodrigo Maia n�o se curvara a seus arreganhos e agia com independ�ncia, obedecendo mandamento constitucional.

A Constitui��o n�o � uma pe�a decorativa na ordem republicana, � o marco legal � qual todos, sem exce��o, se curvam como express�o da vontade superior da democracia dada pelo voto e exercida pelas suas institui��es – o Parlamento, o Executivo e o Judici�rio.

Defende-se hoje o Judici�rio, encimado pelo STF, apenas por ser um dos tr�s poderes sob ataque, como antes esteve a C�mara. Ela se se tornou d�cil gra�as ao tal “or�amento secreto”, que � o mensal�o da vez para o governo aliciar com dinheiros p�blicos uma maioria parlamentar que n�o disp�e. Esse � um sistema viciado, de fato, n�o o sistema eleitoral posto em suspei��o por Bolsonaro – o mesmo que o elegeu nove vezes, de vereador a presidente.

“Quem � contra a democracia no Brasil?”, indagou, referindo-se ao manifesto das entidades empresariais. “Somos pela transpar�ncia, pela legalidade, respeitamos a Constitui��o.” Ent�o, qual � a sua bronca?

O que merece rep�dio

� exatamente esse o teor do manifesto que o incomodou. Para ser coerente com o que disse, esquecido do ataque abusivo ao TSE e ao processo eleitoral no encontro com os embaixadores, o racional seria subscrever o texto. � o que fizeram os candidatos Ciro Gomes e Luiz Felipe D’Avila, que j� expuseram suas ideias na Fiesp, al�m de Simone Tebet, que o far� dia 1º e antecipou a sua ades�o.

A verdade � que este � o falso problema, alimentado por narrativas inid�neas sobre a seguran�a, efici�ncia e integridade das elei��es, um de nossos raros feitos tecnol�gicos elogiado em todo o mundo.

Problema concreto � o desenvolvimento perdido nos �ltimos 40 anos. Lament�vel � em pleno S�culo 21 uma entidade empresarial preferir a omiss�o, ainda que concordando que a democracia esteja em risco, por temer repres�lias do governo. Isso, sim, merece rep�dio.

O subdesenvolvimento, a mis�ria, a involu��o civilizat�ria, nada � casual. � um projeto deliberado, consciente ou n�o. Pense nisso...


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