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Estado de Minas Brasil S/A

Primeiras diretrizes de Lula para o desenvolvimento

Lula reclama prioridade social de olho na volta do desenvolvimento, em crise h� 40 anos


13/11/2022 07:40 - atualizado 13/11/2022 08:01

Palácio do Planalto
(foto: Senado)

Agora � com Lula, depois da barb�rie mais primitiva, e mais cedo que o previsto come�ou a catarse, que se espera seja breve, para devolver o pa�s, 40 anos depois do fim do desenvolvimento econ�mico acelerado, de volta ao caminho da prosperidade. O percurso ser� acidentado.

A derrota da extrema-direita reacion�ria, retr�grada, antissocial e entreguista, uma exce��o entre grupos assemelhados que pipocam pelo mundo, cujo vi�s � nacionalista, se deveu � alian�a socialdemocrata liderada por Lula, com o PT a bordo, com a direita civilizada hostil ao Centr�o e que resistiu �s investidas do buf�o troglodita.

A derrota de Bolsonaro foi apenas o primeiro cap�tulo do embate que subsiste intramuros junto � intelig�ncia nacional sobre o que busca o interesse difuso, especialmente a maioria de pobres, a cada elei��o. Em s�ntese, clama-se por progresso compartilhado e duradouro.

Vencedor e vencido simbolizam reden��o e purifica��o do conjunto da sociedade mais que as suas hist�rias pessoais, coincidindo com outro ciclo de grandes transforma��es no mundo que transcendem fronteiras e a compreens�o corrente, se ela se circunscrever aos eventos ef�meros que levaram � queda e ascens�o de ambos neste curto passado.

A realidade � que o pa�s est� � merc� de predadores indiferentes com a ideia da constru��o de uma pot�ncia econ�mica regional desde que faliu, nos anos 1980, o modelo de desenvolvimento puxado pela ind�stria de transforma��o e por grandes obras de infraestrutura de transportes e de gera��o de energia. Desde ent�o n�o se p�s nada no lugar.

Perdeu-se tempo demais com os programas de estabiliza��o monet�ria e fiscal, que se tornaram um fim em si mesmos, n�o meio para devolver ao Estado a capacidade de planejamento e coordena��o do desenvolvimento, alinhando capitais nacionais, externos e p�blicos em regime aberto e cooperativo, mediados pela pol�tica, visando � prosperidade comum e a proje��o de poder soberano, sobretudo na Am�rica Latina.

� esse o contexto da disputa precoce entre Lula, que prometeu tornar permanente o Bolsa-Fam�lia de R$ 600, sem haver provis�o or�ament�ria lato sensu at� para o b�nus regular de R$ 400, e os que se aliaram em causa do bem maior do Estado de direito, n�o por compartilhar ideias sobre como mover o crescimento econ�mico sem traumas nem distor��es.

Ideologia da economia d�bil


A falta de coes�o em torno de princ�pios comuns pluripartid�rios de longo prazo, que j� dura exatos 38 anos, � o que fez moldar a malaise que debilitou o dinamismo da economia, levando interesses econ�micos e seus associados no Congresso a desistirem do desenvolvimento. Ele foi o mais r�pido do mundo, do p�s-guerra ao fim dos governos militares, e serviu de inspira��o � moderniza��o da China a partir de 1978.

Mas no Brasil virou conceito maldito, e economistas de prest�gio, com raras exce��es, passaram a dizer que n�o dever�amos nos preocupar com a produ��o local, se fosse mais econ�mico importar bens acabados.

Com o fim do planejamento de Estado para facilitar o desenvolvimento privado, que deveria vir acompanhado da promo��o social por meio da educa��o da for�a de trabalho e de pesquisa aplicada, criaram-se duas for�as dominantes na economia, ambas sob o guarda-chuva estatal: a do agroneg�cio exportador, estabelecido com forte base parlamentar para proteger seus interesses, e a dos operadores dos pap�is de d�vida do Tesouro Nacional, vulgo “mercado”, cuja opini�o sobre os rumos da pol�tica econ�mica se tornou hegem�nica na imprensa.

A ascens�o dessas atividades coincidiu com a expans�o da ideologia neoliberal do Estado m�nimo e da desregulamenta��o – corrompida como fundamentalismo de mercado, hoje em baixa nos EUA – e a decad�ncia da ind�stria, que migrou para a �sia, onde a produ��o de bens f�sicos e altamente tecnol�gicos � pol�tica de soberania nacional.

O contexto da vis�o de Lula


Esse � o contexto do discurso de Lula que chocou o tal mercado. Ele defendeu tirar o gasto com o novo Bolsa-Fam�lia do or�amento federal submetido � regra do teto, al�m da provis�o para dar aumento real ao sal�rio m�nimo e outras despesas sociais. Total: R$ 175 bilh�es/ano.

O mercado chiou, apesar de ter se calado com os desaforos fiscais de Bolsonaro e Guedes, al�m de as suas promessas serem as mesmas do seu rival. Isso explica o questionamento de Lula: “Por que as pessoas s�o levadas a sofrer para garantir a tal da estabilidade fiscal? Por que as mesmas pessoas que discutem teto de gastos com seriedade n�o discutem a quest�o social neste pa�s?”. As quest�es s�o procedentes.

As a��es assistencialistas s�o o resultado de um sistema econ�mico que deixou de gerar bons empregos h� quase meio s�culo, que trata o Estado como um fardo dispens�vel e n�o como um sistema que se tornou disfuncional para a maioria, al�m de indispens�vel para organizar as prioridades dos investimentos privados e a efici�ncia dos mercados.

A garantia de uma renda b�sica, dentro ou fora do or�amento, viria com qualquer dos candidatos. Com Lula, a diferen�a � que isso � parte de um processo que tem o crescimento com investimentos em ind�strias de ponta e infraestrutura como piv� a ser constru�do dentro de marcos institucionais da solv�ncia das contas fiscais, das contas externas e da infla��o sem juros punitivos para o giro das empresas e o consumo.

O drama do setor automotivo


Lula est� procurando o discurso que pautar� os seus passos iniciais e as diretrizes da dupla ou trio de ministros da �rea econ�mica. Ele sabe que entre o convencionalismo fiscalista exemplificado pelo teto de gasto or�ament�rio e o desenvolvimentismo da velha-guarda petista o mundo andou, pol�tica industrial virou bandeira da nova direita nos EUA, a economia digital se tornou determinante e o setor privado mais din�mico aguarda sinais para seguir em frente ou desistir do Brasil.

Considere: as gigantes do setor automotivo, de caminh�es e de �nibus, t�m investimentos confirmados de quase US$ 1,2 trilh�o at� 2030 para produzir ve�culos 100% el�tricos, entre baterias, linhas de montagem e mat�rias-primas. A quantia � mais que o dobro da estimativa de um ano atr�s, segundo monitoramento regular da Ag�ncia Reuters.

As montadoras, todas com bases no Brasil, v�o despejar 54 milh�es de ve�culos a bateria em 2030, mais de 50% da produ��o mundial. Estamos inseridos neste circuito? N�o. O laissez faire guedista tratou como quest�o privada o que mereceu grau de aten��o m�xima nos pa�ses com setor automotivo relevante. � a nossa cadeia produtiva mais extensa, com 22% do PIB industrial, 4% do PIB total, gerando mais de 1 milh�o de empregos, afora as oficinas e postos de servi�os. Tais temas � que exigem aten��o, n�o o que querem os financistas e assanha a imprensa.

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