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Estado de Minas ACOLHIMENTO

Voc� sabe o que � psicofobia?

Neste Setembro Amarelo � muito importante falarmos sobre os preconceitos e tabus que cercam a sa�de mental


17/09/2021 06:00 - atualizado 17/09/2021 10:40

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Durante esse per�odo de pandemia de COVID-19, voc� se sentiu ansioso, triste, preocupado? Agora, imagine como essa crise sanit�ria prejudicou ainda mais a sa�de mental de quem tem depress�o, ansiedade ou transtorno bipolar, por exemplo. Por meio das viv�ncias de minha esposa, vejo esses impactos de perto. 

Mas antes de falar sobre isso, preciso fazer a seguinte pergunta: voc� sabe o que � neurodiversidade? Esse conceito se refere �s diferen�as neurol�gicas de cada indiv�duo em rela��o � socializa��o, ou seja, as pessoas neuroat�picas (que tamb�m podem receber o nome de neurodivergentes ou neurodiversas), muitas vezes pensam e agem sem seguir o “padr�o” que a sociedade elegeu.
 
O conceito foi criado pela soci�loga Judy Singer, no  fim dos anos de  1990. O Transtorno do Espectro Autista (TEA), o Transtorno do D�ficit de Aten��o com Hiperatividade (TDAH) e a dislexia fazem parte da lista da neurodiversidade. Al�m disso, alguns especialistas tamb�m incluem nessa lista depress�o, ansiedade e transtorno bipolar, entre outros. 

Como j� falei em outro artigo, sou disl�xico, mas, aqui, quero falar a partir  da minha experi�ncia de ser casado com uma pessoa que tem depress�o cr�nica, transtorno de ansiedade generalizada e transtorno de personalidade. De acordo com a  Organiza��o Pan-Americana de Sa�de, quase 1 bilh�o de pessoas t�m algum dist�rbio psicol�gico. Ou seja, aproximadamente, um em cada sete indiv�duos no mundo. 

Sara e eu iniciamos nosso namoro em 2018 e, at� ent�o, n�o tinha rela��o t�o pr�xima com uma pessoa com transtornos psicossociais. Lembro bem da primeira crise que eu presenciei. Foi logo nos primeiros dias de namoro. N�o sabia o que fazer, como ajudar e tamb�m n�o sabia o que falar depois da crise. Com certeza,  nesse processo errei, e errei muito, na forma de lidar com tudo. Mas, com o passar do tempo, compreendi que era necess�rio entender mais sobre as quest�es de sa�de mental que faziam parte da vida dela. 

Ent�o, fui a fundo procurar informa��es qualificadas. Passei a ler mais sobre o assunto, encontrei pesquisas, livros, artigos e de palestras. E, claro, a incentivei a buscar ajuda profissional psicol�gica e psiqui�trica. E tamb�m intensifiquei minhas idas � terapia (se cuidar tamb�m � muito importante).

De cara, esse processo me mostrou o quanto j� pratiquei a psicofobia mesmo sem perceber. Ou seja, o quanto j� fui preconceituoso com pessoas que possuem transtornos psicol�gicos, sobretudo contra pessoas que possuem ansiedade e depress�o. J� fiz muitas piadas, coment�rios desnecess�rios e pejorativos  sobre o assunto. 
 

'Frases como essas ainda s�o muito comuns: 'depress�o � falta de Deus', 'ansiedade? Isso � coisa de gente fresca', 'na minha gera��o n�o tinha isso, crise de p�nico � apenas um chilique', ou ent�o 'depress�o n�o � doen�a, � pregui�a''

 
 
Infelizmente, os transtornos mentais ainda s�o cercados por estigmas. Muitas vezes, esse assunto ainda gera sentimento de vergonha e � “proibido” em muitas fam�lias, nas rodas de amigos e no ambiente de trabalho. A sociedade ainda n�o fala abertamente sobre depress�o, ansiedade e, muito menos, sobre suicidio. 

Frases como essas ainda s�o muito comuns: “depress�o � falta de Deus“, “ansiedade? Isso � coisa de gente fresca”, “na minha gera��o n�o tinha isso, crise de p�nico � apenas um chilique”, ou ent�o “depress�o n�o � doen�a, � pregui�a”. Al�m disso, muitas pessoas tamb�m acreditam que a viol�ncia � algo inerente em pessoas neurodiversas.
 
Segundo a pesquisa ”Viol�ncia e doen�a mental: fato ou fic��o?” do professor da Faculdade de Medicina da Universidade de S�o Paulo, Wagner Gattaz, 93% das pessoas com transtorno mental n�o s�o violentas e 95% dos homic�dios s�o cometidos por pessoas que n�o sofrem de transtornos mentais. 

O que as pessoas n�o percebem � que, no final das contas, toda essa psicofobia s� prejudica ainda mais a sa�de mental de quem j� tem transtorno psicol�gicos. A falta de di�logo aberto sobre o assunto s� fortalece  inverdades, desinforma��es e atrasa ainda mais a cria��o de a��es pr�ticas na promo��o da sa�de mental no Brasil. 

Al�m disso, a vergonha,  a discrimina��o e a falta de compreens�o s�o fatores que afastam pessoas com transtornos psicol�gicos de procurarem ajuda de profissionais e de tomarem medicamentos como antidepressivos, antipsic�ticos e estabilizadores de humor receitados pelos psiquiatras. 
 

'De uma forma consciente e at� inconsciente, minha esposa me ensinou a falar abertamente sobre sa�de mental e tamb�m a buscar mais informa��es sobre o assunto. Ela tamb�m me autorizou a compartilhar algumas das viv�ncias dela aqui e me incentivou a falar sobre os perigos da psicofobia.'

 

N�o sou um profissional da sa�de mental, mas � evidente que a psicofobia enfraquece as a��es de preven��o ao suic�dio tamb�m. 

De uma forma consciente e at� inconsciente,  minha esposa me ensinou a falar abertamente sobre sa�de mental e tamb�m a buscar mais informa��es sobre o assunto. Ela tamb�m me autorizou a compartilhar algumas das viv�ncias dela aqui  e me incentivou  a falar sobre os perigos da psicofobia. 

Nesse Setembro Amarelo, � imprescind�vel nos comprometer em desconstruir estere�tipos e estigmas sobre sa�de mental. 

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