
Voc�s devem ter reparado que nos meus artigos mais recentes n�o falei de pandemia ou coronav�rus. Uma breve lembran�a, talvez, no m�ximo.
Cansei dessa pandemia. Ou melhor, cansamos. Mas a realidade � que ela n�o acabou e nem vai acabar t�o cedo.
Sempre me perguntam, mais quanto tempo?! N�o sei, � a resposta - o bicho � maratonista dos bons, n�o cansa nunca.
Se deixar solto, correr� at� 2024. Os pessimistas falam em 10 anos.
Mesmo estando cansados mas n�o da para fraquejar agora. A vacina est� quase chegando no bra�o de cada um, temos que seguir adiante.
E depois, ir para onde?? Ningu�m nos aceita em lugar nenhum desse planeta.
Viramos espanta bolinho. Figuras non gratas at� no Paraguai.
Nosso lugar � aqui! Temos que pegar o boi pelo chifre e resgatar nossa alegria. Isso sim, sabemos fazer como nenhum outro povo: - promover alegria.
Nosso humor � epid�mico: nos transforma, rejuvenesce e alivia qualquer cansa�o.
Exatamente por isso, criamos o nosso dep�sito de piadas pand�micas da SBI, sobre o qual j� comentei em coluna anterior.
� nesse grupo que nos refugiamos algumas vezes ao longo do dia para nos reabastecermos da endorfina de uma boa risada.
Hoje revisitaremos este celeiro de humor pand�mico. Uma das postagens recentes lembra o nosso saudoso Ariano Suassuna: “na minha fam�lia quem n�o � doido junta pedra pros doidos jogar no povo”. Sabedoria pura de um homem maduro, sem medo das pr�prias fragilidades. Nos dias atuais, a discuss�o sobre a loucura � mais do que pertinente.
A pandemia escancara os desequil�brios psiqui�tricos latentes na grande maioria das pessoas. Inconscientes do pr�prio desequil�brio, as pessoas se tornam presas f�ceis do charlatanismo e posturas autorit�rias.
Os psiquiatras nunca foram t�o necess�rios quanto agora, no enfrentamento dessa epidemia de etiologia viral. Quem diria?!
Me chamou aten��o tamb�m, a postagem da galinha em frente a um espelho e dialogando com sua pr�pria imagem: “ chega de 30 ovos por 10 reais! Se valorize, Beatriz.”
Acho que esse � um bom recado para n�s, profissionais de sa�de: se n�o nos valorizarmos agora, por mais que recebamos homenagens dos diferentes setores, n�o teremos o reconhecimento que merecemos. Em breve estaremos sendo chamados de mercen�rios - at� as galinhas sabem disso.
Essa rodou o Brasil inteiro- “Dia importante: amanh� ser� a aplica��o da segunda dose de soro fisiol�gico nos empres�rios de BH”. Esse epis�dio corresponde a uma das cenas mais pat�ticas dessa epidemia. Virou caso de pol�cia, mas exp�s tamb�m os princ�pios �ticos dos empres�rios envolvidos. A desonestidade e m� f� de bra�os dados desfilaram em notici�rios do mundo inteiro.
Paralelamente, a epidemia matando em m�dia 3 mil pessoas por dia. Nesse caso o castigo foi imediato e tardio. Imediato pela dor de uma inje��o de �gua com sal. Para quem n�o sabe, d�i muito!
Tardio, pelo vexame nacional e incerteza da origem das pr�prias seringas utilizadas, as quais poderiam contaminadas. Preocupa��o para os pr�ximos seis meses, no m�nimo.
Fant�stica a foto de um mosquito da dengue desolado pela perda do emprego-“ ap�s perder seu emprego para o Covid, Aedes � visto fazendo entregas para o Ifood”
Sempre tivemos a epidemia da moda. A dengue saiu de moda. A doen�a, que nos atormentou ao longo de d�cadas, ficou no limbo da sa�de p�blica. Junto com ela, ficaram a Febre Amarela, Leishmaniose, infarto, viol�ncia urbana, entre outras.
Mas n�o deixaram de ser um enorme problema. Elas simplesmente sa�ram da pauta.
Um v�deo de uma pessoa sendo vacinada montada num jegue numa fila de drive thru com os dizeres “s� o Brasil tem” chama aten��o para o abismo social da nossa sociedade. � engra�ado? Sim - se n�o fosse tr�gico.