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Estado de Minas ECONOM�S EM BOM PORTUGU�S

A juventude precisa clamar pelo seu futuro

Cabe aos jovens ocupar espa�os e clamar por direitos a vidas dignamente sustent�veis. A afirmativa "o futuro � dos jovens" nunca se fez t�o necess�ria!


17/08/2021 06:00 - atualizado 17/08/2021 07:37

Com MP do governo federal, os direitos trabalhistas dos jovens passaram a se tornar cada vez menos garantidos(foto: MIGUEL SCHINCARIOL/AFP)
Com MP do governo federal, os direitos trabalhistas dos jovens passaram a se tornar cada vez menos garantidos (foto: MIGUEL SCHINCARIOL/AFP)
A Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) criou, em 1999, o Dia Internacional da Juventude, data a ser celebrada todo 12 de agosto. Simbolicamente, a inten��o � que essa data traga reflex�es sobre o papel dos jovens para o futuro do planeta e aponte iniciativas nessa dire��o. A data ainda parece pouco valorizada e talvez evidencie a falta de import�ncia que adultos e dirigentes t�m dado ao papel dessa parcela da sociedade. Falta, no m�nimo, escutar o que os jovens t�m a dizer.

Artigo do Financial Times publicado pelo Valor Econ�mico, em 08/8, mostra como os jovens chineses n�o querem seguir os passos de seus pais em jornadas intermin�veis de trabalho para suprirem custo de vida exorbitante e baixa qualidade de bem-estar. Os jovens chineses usam agora a express�o “ficar deitad�o” para indicar que preferem n�o se mexer a se submeterem ao estilo de vida de seus pais. 

A express�o tamb�m � usada como ant�tese � vida de um engaiolado hamster que, ao entrar na roda, n�o consegue sair, mesmo imprimindo esfor�o cont�nuo para tal.

Em uma China, onde os gastos com moradia, educa��o, sa�de etc. t�m crescido em velocidade maior do que a m�dia dos sal�rios, “ficar deitad�o” come�a a ser resposta mais contundente dos jovens contra o atual sistema. No entanto, certamente n�o ser� a mais eficaz! Pa�ses da Europa, nos quais esse tipo de “resposta” se faz presente h� mais tempo, sinalizam que o desfecho n�o tem sido nada favor�vel aos jovens. 

Suic�dio, depress�o, abandono do ensino e desinteresse pelas quest�es pol�ticas surgem, cada vez mais, como sinais de descren�a. Com o advento da pandemia da Covid-19, as perspectivas podem se agravar ainda mais, haja vista que os sinais de recupera��o da atividade econ�mica indicam que o mundo ainda caminhar� mais lentamente. E isso afetar� diretamente os jovens.

O que dir�amos dos jovens brasileiros, que somente em servi�os aut�nomos de aplicativos, estima-se que hoje sejam 2,5 milh�es; esse contingente trabalha sem v�nculo empregat�cio e � incapaz de contribuir para a previd�ncia social. O governo est� preparando nova regulamenta��o para que as empresas de aplicativo s� possam ter em seu cadastro indiv�duos que sejam microempreendedores digitais, variante formal equivalente aos microempreendedores individuais. 

A partir de ent�o, empresas de aplicativos - contratantes informais de indiv�duos majoritariamente jovens - passariam compulsoriamente a contribuir para a previd�ncia e descontariam diretamente dos recursos que deveriam repassar para seus prestadores de servi�os – os atuais 2,5 milh�es de jovens.

Em 12 de agosto, com aprova��o pela C�mara dos Deputados da Medida Provis�ria nº 1.045, os direitos trabalhistas dos jovens passaram a se tornar cada vez menos garantidos, mas o governo quer que sua contribui��o previdenci�ria seja obrigat�ria. Ir�nica e lamentavelmente, a MP nº 1.045 foi aprovada na mesma data em que se comemorava o Dia Internacional da Juventude! 

� ineg�vel que no atual contexto de avan�o da precariza��o das rela��es de trabalho, aumento das disparidades sociais e atraso na pol�tica global de clima e sustentabilidade, os jovens pagar�o conta muito elevada na tentativa de alcan�arem n�veis m�nimos de bem-estar e se realizarem como indiv�duos e sociedade.

No entanto, movimentos de organismos internacionais como ONU, World Economic Forum (WEF) e Banco Mundial (BM) trazem frestas de esperan�a para essa gera��o.
Neste ano, a ONU escolheu a seguran�a alimentar como tema para celebrar o Dia Internacional da Juventude e apresentou solu��es criadas por jovens inovadores para resolver desafios do sistema alimentar e promover a sustentabilidade do planeta.

O WEF apresentou seu primeiro estudo global, intitulado Youth-Driven Recovery Plan, realizado em 187 pa�ses e tendo ouvido mais de 2,3 milh�es de jovens entre 20 e 30 anos de idade. O resultado foi a constru��o de um plano de recupera��o para jovens baseado em dez pilares.

Para al�m de conectados entre si, os dez pilares clamam pelo fim da desinforma��o, da fragilidade dos processos democr�ticos, do consumo n�o consciente e n�o sustent�vel, bem como do estigma associado � sa�de mental. Adicionalmente, bradam por maior interconectividade entre as na��es, redu��o das emiss�es de carbono, emprego inclusivo, desmilitariza��o e transpar�ncia empresarial. O estudo elenca prioridades dentro de cada pilar e traz direcionamentos para suas implanta��es. Trata-se de valioso documento. 

O Banco Mundial (BM) criou outra iniciativa, no outono de 2020, e convidou jovens de todo mundo a gravarem v�deo de at� um minuto para exporem suas ideias no combate � pandemia do Covid-19. Para o outono que se aproxima (primavera no hemisf�rio sul), o BM repete essa iniciativa e altera a pauta para “tr�s a��es que a comunidade ou o pa�s possa adotar para construir um futuro mais inclusivo e mais verde”. O projeto denominado #OurGreenerFuture s� pode contar com a participa��o de pessoas entre 18 e 35 anos de idade. 

Embora pare�am, atualmente, dif�ceis e obscuros, sempre h� caminhos para se construir futuro melhor. Cabe aos jovens ocupar espa�os e clamar por direitos a vidas dignamente sustent�veis. A afirmativa “o futuro � dos jovens” nunca se fez t�o necess�ria! Que lhes seja confiado o desafio de repensar a sociedade que h� muito vem dando sinais de fal�ncia na sua capacidade de criar terreno f�rtil para a prosperidade e o bem-estar de seus novos integrantes. 

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