
O hist�rico de recalls no Brasil � longo. O primeiro aconteceu em 1970, envolvendo 50 mil unidades do Ford Corcel. Havia sido lan�ado no fim de 1968 e se corrigiu um defeito que causava instabilidade direcional e consumia pneus dianteiros em demasia. Naquela �poca, n�o existia um controle r�gido sobre seguran�a. Tanto que a primeira convoca��o registrada pelo Departamento de Prote��o e Defesa do Consumidor (DPDC) s� ocorreu em 1998 e atingiu 23.800 �nibus OF 620 da Mercedes-Benz, com problema no suporte da coluna de dire��o.
Recall � uma palavra da l�ngua inglesa que tem v�rios significados, entre eles revocar (chamar de volta), tamb�m existente em portugu�s. Ent�o revoca��o seria o termo exato, embora de pouco uso. O conceito, �s vezes, costuma ser confundido. Essa a��o corretiva se refere apenas a itens que impactam na seguran�a do carro e de terceiros. Defeitos t�cnicos gerais ou de controle de qualidade est�o fora do contexto, desde que sem potencial de causar acidentes.
Um caso recente levantou discuss�es. A Volkswagen resolveu, em 2017, revocar a picape Amarok para retirar o dispositivo condenado em outros pa�ses por fraudar testes de emiss�es. O tal dispositivo estava, segundo a VW, desabilitado no Brasil e aquele motor diesel atendia as normas do pa�s. Estas s�o frouxas (por enquanto) em rela��o � Europa e aos EUA. A empresa recebeu multas do Ibama, da Secretaria Nacional do Consumidor e do Procon de S�o Paulo. A discuss�o continua na Justi�a e at� hoje n�o se resolveu.
Recalls acontecem �s centenas no mundo e atingem todas as marcas, de generalistas �s premium. Airbags defeituosos da Takata levaram � fal�ncia a fornecedora japonesa depois de atingir mais de 100 milh�es de autom�veis em v�rios pa�ses desde 2014. Foi o pior evento desse tipo na hist�ria. No Brasil, a maior opera��o incluiu mais de um milh�o de modelos Chevrolet, Corsa e Tigra, em 2000, para corrigir a fixa��o do fecho dos cintos de seguran�a dianteiros.
H� um m�s, o novo Chevrolet Onix Plus passou por revoca��o depois de uma unidade no Maranh�o pegar fogo. Por erro de calibra��o da central eletr�nica, um processo severo de pr�-igni��o destruiu pist�os, bielas, bloco do motor e provocou inc�ndio que consumiu o carro de ponta a ponta. Antes houve outro inc�ndio no p�tio da f�brica, em Gravata� (RS). Mas o fogo come�ou no interior do sed�, em unidade estacionada, por outra causa que a GM n�o informou. No total, 19.050 ve�culos receberam a mudan�a.
Recentemente, o mesmo modelo apresentou vazamento de combust�vel. A empresa, at� o momento, n�o decidiu ir al�m de uma campanha de servi�o. Trata-se de um est�gio intermedi�rio, sem liga��o a um recall, quando o fabricante julga que os riscos s�o muito baixos. Existe ainda uma etapa b�sica para corrigir falhas de acabamento em cortesia.
Informa��es n�o oficiais relatam que a substitui��o do conector na sa�da do tanque de combust�vel resolve o problema, durante passagem dos carros pelas oficinas das concession�rias nas revis�es em garantia ou outros motivos. Mas a GM ter� de convencer o Procon de que este n�o � caso de revoca��o. H� amea�a de aplica��o de uma multa de R$ 10 milh�es. O processo de an�lise de riscos inclui encontrar a solu��o, encomendar novas pe�as (como neste caso), passar pelo crivo jur�dico interno, preparar a rede de concession�rias e aprovar tudo junto ao DPDC. A provid�ncia final � o an�ncio nos meios de comunica��o.
A matriz das fabricantes faz parte do arcabou�o de detec��o e resolu��o destes casos. No caso do Onix, projeto global, isso se torna ainda mais sens�vel por envolver outros pa�ses. Para complicar, os fornecedores podem ser diferentes.
Recalls, em geral, n�o abalam um fabricante por ser inerente ao processo industrial. Ser for�ado por autoridades regulat�rias, em vez de tomar a iniciativa, � uma situa��o que j� aconteceu at� no exterior. E a� um arranh�o na imagem pode se tornar ainda mais caro.