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Estado de Minas FILOSOFIA EXPLICADINHA

Vendo casa com independ�ncia de empregada

Vin�colas escravagistas representam um pa�s que ainda n�o se livrou de seu maior mal: a sujei��o do outro pelo trabalho escravo


05/03/2023 05:00 - atualizado 05/03/2023 11:20

A escravatura no Brasil
Depend�ncia de empregada em um pa�s livre? (foto: gizmodo.uol.com.br/exposicao-brasil-escravatura/)


Casa com uma horta, pois consideramos uma indignidade que nossos filhos nunca tenham comido algo plantado por nossa pr�pria m�o. Acreditamos que isso n�o � apenas um gesto de subsist�ncia, mas um ensinamento a respeito do esfor�o e dos mist�rios da terra. Por isso, couve, alface, cebolinha, quiabo e manjeric�o fazem parte da fam�lia.


Deixamos, como cl�usula contratual, que � preciso cuidar do galinheiro. Ao contr�rio, ser� preciso ir longe para comprar os ovos. O cuidado � sempre mais em conta que o comprado. N�o apenas pelo valor econ�mico, mas pelo v�nculo afetivo que constru�mos no dia a dia da rotina de um lar.

 

O pomar precisa de manuten��o constante. Afinal, lim�o, laranja, acerola, jaboticaba e milho n�o surgem automaticamente nas g�ndolas dos sacol�es, colhidos ao verde da moeda corrente, por mais que algumas crian�as aprendam, na escola, que a natureza � um recurso. � preciso regar, adubar e se esfor�ar para que as pragas fiquem longe.

A casa � distante de qualquer trabalho, pois diferenciamos muito bem a vida laboral dos momentos de felicidade. Uma coisa � o que fazemos de segunda a sexta, outra � o que somos na nudez das rela��es de amor. A dist�ncia nos ensina a esquecer a afli��o do emprego, enquanto nos prepara, todas as manh�s, para enfrent�-lo. � por isso que, nos finais de semana, fazemos quest�o de celebrar a alegria de sermos gente, coisa que s� � poss�vel longe de rela��es entre patr�o e empregado.

 

Fog�o � lenha. A pr�pria natureza fornece os materiais necess�rios para que o alimento esteja preparado na hora escolhida. Basta apenas se organizar para que, no tempo seco, recolhamos aquilo que foi dispensado por cada �rvore, cumprindo o ciclo da vida, fornecendo material para que a tecnologia ancestral do fogo continue.

 

A chuva nunca assusta. Ela nos respeita na medida em que deixamos que corra tranquila, penetrando os espa�os que a levar�o ao c�u novamente, pois sabemos que n�o � saud�vel interromper o ciclo dos estados vari�veis das coisas do alto.

 

A estrada ainda � de terra. Tenho certeza de que o carro n�o ficar� sujo, essa coisa abundante nos centros urbanos. Por aqui � s� barro mesmo. No entanto, ele ficar� marcado pelos caminhos do Brasil, valor hist�rico que confessa a liberdade anterior � chegada dos exploradores europeus. Em troca, o caminho lhe ajudar� a desenvolver a paci�ncia e o conhecimento de algu�m que trafega, n�o pelo valor da chegada, mas pela beleza da travessia.  

 

Deixo para o final o mais importante, agregando valor �tico ao im�vel apresentado: n�o temos depend�ncia de empregada, pois nunca trouxemos nenhuma jovenzinha do interior para estudar na Capital, trocando uma jornada de 24 horas por p�o, caf�, leite e cama no quartinho dos fundos. Acostumamo-nos a dar conta da vida di�ria, com as belezas de arrumar a pr�pria cama, fazer a comida e organizar o ambiente em que vivemos. Independ�ncia sempre foi o mais importante.
   

Valor a combinar, pois consolidamos o poder da palavra e a for�a do di�logo para resolver as quest�es sociais.

Dispenso interesseiros, sobretudo aqueles que tentam justificar as tantas escravid�es, antigas e modernas, do alto de seus alpendres, tomando suco de uva. J� os outros, desinteressados naquilo que alguns consideram im�vel, � s� nos procurar.

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