
O que nos faz humanos? Qual o poder ou o limite do pensamento? A racionalidade � algo que nos define? A linguagem, a poesia e a arte s�o produtos exclusivos da humanidade? Com a chegada avassaladora da intelig�ncia artificial, essas quest�es ser�o cada vez mais postas � mesa.
Al�m disso, qual o papel da educa��o nesse contexto? O que significar� ensinar-aprender dentro de alguns anos? A OpenAI anunciou, dia 14 de mar�o, uma vers�o atualizada de seu mais novo brinquedinho para adultos entediados: uma intelig�ncia artificial capaz de se relacionar com humanos a partir da leitura de imagens, com habilidades de "racioc�nio", exibindo "desempenho de n�vel humano em v�rios ramos profissionais e acad�micos", conforme comunicado da empresa.
No contexto da chegada de mais um elemento de disrup��o, segundo alguns entusiastas, temos a oportunidade de repensar se, na verdade, estamos falamos de uma disfun��o. Ainda � cedo para dizer os verdadeiros impactos da sociedade tecnol�gica. Por isso, aqueles que tentam esse exerc�cio, fazem apenas uma atividade m�stica de futurologia.
No entanto, j� podemos observar algumas realidades latentes: estamos mais impacientes no contexto das rela��es humanas, n�o toleramos conversas que durem mais de trinta segundos, adolescentes compartilham v�deos sobre automutila��o e as respostas para todos os problemas j� est�o na boca de algum influencer.
Talvez estejamos n�o apenas em uma fase de transforma��o digital, mas de uma mudan�a antropol�gica. Diante disso, � preciso lembrar que o exerc�cio di�rio de algumas fun��es s�o fundamentais para a exist�ncia, aprimorando e progresso de algumas caracter�sticas f�sicas e psicol�gicas. Funciona assim com a mem�ria, com a escrita, com o pensamento, com o futebol, com o sexo e demais atividades que preenchem a vida de significado.
Fico pensando, em minha filosofia de boteco, que, para alguns seres humanos, isto �, para aqueles que nunca se deram ao luxo de um bom exerc�cio de pensamento, a chegada do ChatGPT e todas as suas promessas seja uma boa mesmo. Ser�o igualados aos eruditos, ter�o todos os trabalhos de escola resolvidos e construir�o novas formas de relacionamento planejado. Assim, sobrar� mais tempo para tarefas edificantes, como, por exemplo, criar dan�as novas para o TikTok ou postar fotos de comida nas redes sociais.
J� a outra esp�cie de gente, pessoas que se entregam ao pensamento, ao amor e � reflex�o, continuar� vivendo da mesma forma. Creio que elas n�o ter�o grandes mudan�as em sua forma de ser e viver. O �nico ponto de aten��o � que ser�o, cada vez mais, aves mais raras no espa�o. Mas isso n�o deve nos assustar. Afinal de contas, a �gua-viva viveu milh�es de anos sem c�rebro. 80 anos, para algumas pessoas, ser� fichinha. E voc�? Quer fazer parte de qual grupo?