
Se o Galo for campe�o hoje, acordaremos em um mundo melhor no domingo de manh�. Se o Galo � amor, o amor ter� vencido, enfim, mesmo com tanto �dio. O Galo campe�o � a vit�ria da nossa utopia desde 1908 – a vit�ria da inclus�o, da resili�ncia, da luta, do lado certo da hist�ria, sempre. O Galo campe�o � um santo rem�dio para agruras diversas – pandemia, desemprego, fome. N�o h� mal que a GaloVac n�o cure. O Galo precisa ser campe�o.
Se o Galo for campe�o, est� decretado o estado permanente de esperan�a e alegria (n�o haver� mais d�vidas: por baixo da m�scara, estaremos todos sorrindo. Ou quase todos).
O ladr�o que eventualmente roubar, por absoluta falta de op��o, ser� cuidadoso e honesto. O assaltante, eventual, se desculpar� com a v�tima e devolver� seus documentos com educa��o e cordialidade, levando apenas cart�es e dinheiro.
Se o Galo for campe�o, o pov�o ter� vencido uma, pelo menos uma que seja, nessa terra arrasada. O pov�o � a v�tima preferencial da COVID, do governo e do Congresso.
O pov�o s� se lasca – menos hoje, “se Deus quiser”. Se o Galo for campe�o, n�o h� luta de classes que resista, implodem-se a casa-grande e a senzala, de repentemente somos todos iguais, o gari, o m�dico, o miser�vel e o Rubens Menin. Mas isso � s� por hoje, e se o Galo for campe�o.
O pov�o s� se lasca – menos hoje, “se Deus quiser”. Se o Galo for campe�o, n�o h� luta de classes que resista, implodem-se a casa-grande e a senzala, de repentemente somos todos iguais, o gari, o m�dico, o miser�vel e o Rubens Menin. Mas isso � s� por hoje, e se o Galo for campe�o.
Se o Galo for campe�o, mais e mais fi�is ser�o convertidos � Igreja Universal do Reino do Galo. Ser�o cooptados os evang�licos, os cat�licos, os macumbeiros, os satanistas, o pessoal do Inri Cristo, os ateus. Ainda que o todo o mundo seja atleticano – o desembargador, o presidente da federa��o, o dono da r�dio e da televis�o, o prefeito –, ainda faltar� o Samuel Rosa. Tudo ao seu tempo.
Venha, amigo, junte-se ao lado preto e branco da For�a, se o Galo for campe�o. Vai, realize o sonho de uma vida: ao quebrar um copo no ch�o, estufe o peito, e deixe que sua alma se manifeste em seu grito mais gutural – Gaaaaaaaaaaaalooo! Libertas quae sera tamen. Vai enquanto � tempo: a Libertadores ser� nossa tamb�m. E se voc� n�o vier, vir�o todas as crian�as, voc� sabe, t� tudo dominado. Se o Galo for campe�o.
Se o Galo for campe�o, vamos chorar os nossos quase meio milh�o de mortos de um jeito diferente. Quantos deles eram atleticanos? Quantos foram enterrados como o meu tio Alberto, de camisa, cal��o e mei�o, o traje completo para a viagem final?
Na hora do gol do t�tulo, se ele vier, quantos de n�s n�o pensaremos nos nossos, e de alguma forma n�o estaremos, naquela hora, juntos, como sempre, na arquibancada da vida?
Nunca � s� futebol, como diz o outro, jamais ser� apenas Atl�tico – se o Galo for campe�o, o gol do t�tulo ter� a m�ozinha do meu primo Juninho, la mano de Di�s. Ele e o tio Geraldo celebrar�o juntos a sorte de terem sido Galo. E estar�o prontos pra puxar a perna de algum Tanque Ferreyra quando chegar a hora.
Na hora do gol do t�tulo, se ele vier, quantos de n�s n�o pensaremos nos nossos, e de alguma forma n�o estaremos, naquela hora, juntos, como sempre, na arquibancada da vida?
Nunca � s� futebol, como diz o outro, jamais ser� apenas Atl�tico – se o Galo for campe�o, o gol do t�tulo ter� a m�ozinha do meu primo Juninho, la mano de Di�s. Ele e o tio Geraldo celebrar�o juntos a sorte de terem sido Galo. E estar�o prontos pra puxar a perna de algum Tanque Ferreyra quando chegar a hora.
Se o Galo for campe�o, vou lembrar a primeira vez que entrei no Mineir�o, com 6 anos, pra ganhar de quatro do Am�rica. Aquele mar de gente, aquela imensid�o de concreto e grama. A cada gol, meu tio Carlos Alberto me arremessava por sobre as cabe�as do pu’pagante (salve, Ti�o das Rendas!). De modo que me apavorei e, secretamente, torcia para que aquilo parasse. O problema era o Reinaldo.
Em 2016, contra o mesmo Am�rica, sa� do Mineir�o (que j� n�o era o mesmo) com meu filho pequeno inconsol�vel, o mundo tinha acabado e a culpa era do Danilo, aquele perna-de-pau.
�nico paulista da fam�lia, coitado, o Francisco nunca tinha chorado por causa do Atl�tico – secretamente, sua dor me encheu de satisfa��o, afinal era a prova de que alguma coisa eu havia feito de correto (faria errado horas depois, ao chutar a roda do carro e quebrar meu p�, um �timo exemplo de equil�brio emocional – equil�brio este que me obrigou a tr�s meses de muleta, maldito Danilo).
�nico paulista da fam�lia, coitado, o Francisco nunca tinha chorado por causa do Atl�tico – secretamente, sua dor me encheu de satisfa��o, afinal era a prova de que alguma coisa eu havia feito de correto (faria errado horas depois, ao chutar a roda do carro e quebrar meu p�, um �timo exemplo de equil�brio emocional – equil�brio este que me obrigou a tr�s meses de muleta, maldito Danilo).
Espero que agora a gente possa chorar juntos, hoje, de um jeito diferente. Se o Galo for campe�o. Que assim seja, am�m.