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Estado de Minas DA ARQUIBANCADA

Cruzeiro S� Amor (CSA) e a bobagem da vingan�a

"N�o vou me prestar a diminuir a grandeza do meu clube dando valor a uma pseudo vingan�a contra quem nos venceu algumas vezes na pior fase da nossa hist�ria"


02/11/2022 04:00 - atualizado 02/11/2022 09:59

Jogo do Cruzeiro com o CSA no Rei Pelé
No primeiro turno da S�rie B do Brasileiro, CSA e Cruzeiro empataram por 1 a 1, no Rei Pel�. A expectativa do time celeste � superar o rival, que n�o vence desde a queda para a S�rie B em 2019, e levantar a ta�a de campe�o para a torcida, que ir� lotar o Mineir�o, domingo, na despedida da equipe na temporada (foto: Staff Images / Cruzeiro)


Na d�cada de 1980, um jovem de apenas 24 anos, filho de uma das fam�lias de coron�is mais poderosas do estado de Alagoas, foi al�ado a presidente do Centro Sportivo Alagoano (CSA). Ele se chamava Fernando Collor de Mello. N�o foi fruto de paix�o pelo clube azul e branco, mas sim para dar proje��o popular ao playboy e, assim, cacif�-lo a se tornar o pr�ximo herdeiro pol�tico do cl�.

Em fevereiro de 2019, um dos soldados da organiza��o criminosa que iria destruir o Cruzeiro ao final daquela temporada, Thiago Neves, fez uma postagem nas redes sociais ridicularizando os efeitos do rompimento da barragem da empresa Vale em C�rrego do Feij�o, que havia matado 272 pessoas duas semanas antes, e pelo qual, at� hoje, nenhum dos engenheiros e diretores respons�veis pelo crime est� preso (Brasil da “fam�lia de bem”...). Esse mesmo ex-jogador, meses depois, errou um p�nalti contra o CSA, em pleno Mineir�o, que poderia evitar a derrota por 1 a 0 e nos salvar do desastre que se avizinhava.

Arthur Lira, atual presidente da C�mara dos Deputados e articulador do Or�amento Secreto, o maior esquema de corrup��o e compra de votos da hist�ria da democracia brasileira, foi reeleito, no dia 2 de outubro deste ano. Com quase 14% de todos os votos v�lidos, ele foi o deputado mais votado no estado de Alagoas, sede do CSA.

Qual a rela��o existe entre esses tr�s personagens e suas folhas corridas al�m da mera coincid�ncia com o estado de Alagoas e o CSA? ABSOLUTAMENTE NENHUMA!

Trata-se de um apanhado de esc�ndalos aleat�rios, pin�ados por esse rabiscador apenas para causar arrepios propositalmente, e ao mesmo tempo, defender a minha posi��o de indiferen�a – ou mesmo de perplexidade – quanto � histeria midi�tica e botequiana em rela��o � teoria de que a partida de domingo entre o j� campe�o Cruzeiro e o cambaleante CSA deve ser tratada como uma “vingan�a hist�rica”. Jesus amado, que bobagem!

Nasci Palestra e me forjei no multicampe�o Cruzeiro. Uma longa caminhada centen�ria, superando as dificuldades esportivas, os preconceitos de classe e o �dio de grupos econ�micos poderos�ssimos, como a elite olig�rquica de Belo Horizonte, que viria a se transformar na atual Turma do Sapat�nis.

N�o vou me prestar a diminuir a grandeza do meu clube dando valor a uma pseudo vingan�a contra um time que, por acaso, nos venceu algumas vezes na pior fase da nossa hist�ria e s�. Agarrar-me a isso, me daria a sensa��o de estar perdendo tempo com fatos aleat�rios como os dos ratos citados na abertura: Fernando Collor, Thiago Neves, os respons�veis pelas mortes de Brumadinho ou Arthur Lira e os deputados do Or�amento Secreto.

No pr�ximo domingo, estarei no Mineir�o pelo Cruzeiro, e n�o pelo CSA. Pelo meu time de cora��o, e n�o por uma bobagem estat�stica. Pelo grupo de jogadores e funcion�rios que se entregaram para nos tirar desse mart�rio, e n�o por um p�nalti perdido de prop�sito.

Ocuparei meu lugar nas arquibancadas para escrevermos o �ltimo cap�tulo da linda hist�ria que eu e milh�es de outros cruzeirenses somos coautores ao lado do Escrete Estrelado da Supera��o Cruzeirense comandado pelo brilhante Paulo Pezzolano. Fosse o CSA, o Marianense (arquirrival do meu Guarany de Mariana) ou o Real Madrid, n�o me importaria o oponente, mas sim o amor por festejar a supera��o do meu time. Domingo ser� dia de amor e n�o de vingan�a ou �dio.

De CSA, Afogados, Juazeirense e Jorge Wilstermann, o futebol est� cheio e s�o exatamente eles que fazem desse esporte o mais apaixonante de todos, pois d�o chance ao improv�vel. Imagine se um flamenguista perdesse um dia sequer de sua vida preocupado em vingar uma m�sera derrota para um Atl�tico de Lourdes da vida? Seria hil�rio e pat�tico.

O Cruzeiro me ensinou a torcer por amor, por t�tulos, por um futebol jogado para frente, alegre. N�o nasci para exaltar o sofrimento, para odiar meu oponente ou para vingar qualquer trope�o. N�o ser� o CSA que me far� deixar de ser assim.

Vamos celebrar os nossos campe�es, meu Cruzeiro! J� voltamos a ser felizes!


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