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Estado de Minas BONS TEMPOS...

O carnaval, mesmo suspenso pela pandemia, tem boas hist�rias para contar

Kuru Lima abre ''Bloco na rua'', se��o da Hit, relembrando a festa de 2020. Fotos mostram a folia de BH antes da cidade virar a sensa��o carnavalesca do Brasil


09/01/2022 04:00 - atualizado 08/01/2022 03:15

Nada ser� como antes
No Pirulito da Praça Sete, foliões ganham banho de mangueira no carnaval de 1997
Em fevereiro de 1997, na Pra�a Sete, foli�es se divertiram com direito at� a banho de mangueira (foto: Arquivo EM/11/02/97)

Kuru Lima
Produtor cultural

Eu estava muito empolgado com o que viria a ser o carnaval de 2020. BH se projetava como a cidade mais acolhedora do pa�s e uma das mais generosas na entrega de uma festa momesca inclusiva, respeitosa e divertida. Os blocos de rua, sem d�vida, eram o motor e o cora��o dessa alegre revolu��o, banhada de imensa criatividade e generosidade. Me enchia de orgulho fazer parte desse momento.

Eu sentia que est�vamos fazendo hist�ria com a nossa sutil colabora��o, atuando “pelas beiradas”, a partir das plataformas que ajudamos a solidificar: a j� hist�rica e perseverante Banda Mole, com seus joviais 45 anos; o Concurso de Marchinhas Mestre Jonas, em sua nona edi��o, alimento para a constru��o da trilha sonora original do nosso carnaval; o Carnalaicos, em pleno cora��o da Savassi; e o j� querido Carnaval do Distrital, ambos em sua quinta edi��o.

At� mesmo o Carnaval da Serraria, na Souza Pinto, que iniciaria a sua segunda edi��o, prometia.  Aqui havia um problema. T�nhamos perdido as datas para outra produtora. Mesmo assim, resolvemos que far�amos um pr� na semana anterior e um p�s-carnaval. E esse “p�s” merece um cap�tulo � parte.

No come�o de janeiro de 2020, a pandemia parecia algo distante de nossa realidade tropical. Preparamos nossos eventos com o mesmo olhar dos anos anteriores, sem ao menos sonhar com o que viria pela frente. E assim foi. Curtimos, nos fantasiamos, brincamos, nos beijamos e abra�amos loucamente, nos esquecemos, propositalmente, de que poderia haver um amanh�. Nosso carnaval n�o tem fim... Ainda que no amargor de tempos estranhos, sombrios, nos demos o direito de esquecer e at� de brincar com a pobreza intelectual e espiritual de quem nos governa.

Pelo menos no carnaval, vamos � forra... Nos misturamos nessa grande praia entre as montanhas, como jamais se v� nos dias comuns. N�o queremos que essa energia contagiosa acabe, que essa zona aut�noma tempor�ria de prazer, sorrisos e carinho cesse. E assim fizemos...

Na ter�a de carnaval, um misto de alegria e cansa�o tomava conta at� da minha respira��o. Ainda t�nhamos um dia longo pela frente: �ltimo dia do Carnalaicos e a festa final no Distrital. No Distrital, a folia come�ava ao ar livre, �s 10 da matina. O desafio era administrar a matin� com mais de mil crian�as ensandecidas ao ar livre, correndo pelo estacionamento do Mercado do Cruzeiro atr�s das charangas de palha�os e dos malabaristas em pernas-de-pau. Para alegria e descanso dos pais.

�s 15h, inici�vamos a programa��o adulta. A molecada mal come�ava a ralear e j� chegava outro p�blico animado, pronto para ir at� as �ltimas consequ�ncias. � preciso aproveitar, afinal, o carnaval parece que vai ter fim. S� que n�o... Nossa noite vai madrugada adentro, na parte interna do mercado est� rolando uma jam session carnavalesca sem fim, envolvendo parte do Skank e do Jota Quest, incluindo Samuel Rosa e Rogerio Flausino. E a base indefect�vel (sim, ela � incr�vel) do Pacato Cidad�o, al�m da infind�vel subida e descida do palco de tantos artistas que minha mem�ria n�o consegue recordar.

Finalmente chegamos ao fim?

Ainda n�o... No ano bissexto de 2020, fizemos uma das festas que mais amo: a Sinest�sica de carnaval, dentro da nossa label Carnaval da Serraria. Como diz o nome, ela fecha a nossa folia provocando ao extremo os cinco sentidos... ou seriam seis?

Era um baile de carnaval como manda o figurino: m�sica chacoalhante brasileira com artistas de Minas, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Pernambuco, tocando com o p�blico e n�o para o p�blico. Malabaristas, acrobatas, proje��es, pirotecnia, street dance. �s seis da manh�, est�vamos ainda debaixo do Viaduto de Santa Tereza cantando, sorrindo e nos abra�ando loucamente ao som e de uma deliciosa brass band...

Em 2020, quer�amos um tema para a Sinest�sica que representasse fielmente a possibilidade de mudan�a, uma reflex�o sobre o tempo futuro mais fraterno, menos bin�rio e digital... Eu, Pedro Carias, Biel, Jo�o quer�amos algo revolucion�rio e ligado � nossa mem�ria afetiva.

Naquele 29 de fevereiro, convocamos 5 mil pessoas para acreditar em “Nada ser� como antes”, o chamado de Bituca, Ronaldo Bastos e Beto Guedes: “Alvoro�o em meu cora��o/ Amanh� ou depois de amanh�/ Resistindo na boca da noite um gosto de sol/// Num domingo qualquer, qualquer hora/ Ventania em qualquer dire��o/ Sei que nada ser� como antes, amanh�”.

Quinze dias depois, a pandemia chegou.

>> A SE��O BLOCO NA RUA, PUBLICADA AOS DOMINGOS NA COLUNA HIT, TRAZ TEXTO SOBRE O CARNAVAL ESCRITO POR UM CONVIDADO E FOTO DE FOLIAS DE OUTROS TEMPOS










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