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Estado de Minas TEATRO

Diretor revela vontade de produzir a quarta vers�o de 'O processo' em BH

Carlos Rocha comenta a import�ncia das tr�s montagens do texto de Kafka encenadas nos anos 1980/1990. Ele escreve na se��o 'Terceiro sinal', da coluna HIT


18/03/2022 04:00 - atualizado 18/03/2022 07:01

Ilustração alusiva a O processo, de Kafka, mostra barata deitada numa cama com as antenas e patas para cima
(foto: Arte EM)
 

Viva Kafka!

Carlos Rocha

Diretor


Quando o escritor tcheco de l�ngua alem� Franz Kafka (1883-1924) relata, em seu di�rio, se sentir um prisioneiro dentro das quatro paredes do pr�prio corpo, de onde tentava se relacionar com a fam�lia e o mundo, de estranhos costumes, ele n�o necessariamente falava, apenas, de seu real isolamento, mas de um choque que nomino de estranhamento existencial.


Talvez tr�s outros elementos, mesclados, tenham o mesmo peso em sua vida e escrita: a ambiguidade, o humor e o absurdo – que de t�o sem sentido, tornam-se ris�veis.

Quando, em “O processo”, o personagem central Josef K, um pacato e solit�rio banc�rio que jamais tinha se envolvido em il�citos, recebe a visita de policiais para inform�-lo, no dia de seu anivers�rio, de que estava sendo processado por algo que ele nem sequer saber� do que se trata at� sua condena��o, o autor n�o necessariamente est� a retratar apenas as entranhas confusas, absurdas e burocr�ticas da Justi�a, com seus membros imersos em vaidade, cobi�a, avareza e todo tipo de abuso, num horizonte em que “o que realmente importa s�o as rela��es” – como diz, textualmente, o conceituado advogado Dr. Huld.

Talvez o autor queira, mais uma vez, nos falar sobre o estranhamento de como � poss�vel haver no mundo culpados e inocentes, quando somos todos seres humanos. Ou somos todos culpados, ou todos inocentes, “j� que a verdadeira Justi�a � inacess�vel, a mim, a voc� e a todos!” – tamb�m nas palavras do citado advogado.

Quanto �s tr�s montagens desse texto, a primeira, com grande impacto na cena teatral de Belo Horizonte, ocorreu em 1981, na rec�m-inaugurada Sala Multimeios da Biblioteca P�blica Luiz de Bessa, na Pra�a da Liberdade, onde, al�m de sermos um dos primeiros grupos a montar espet�culo no que seria denominado, mais tarde, de Espa�o Alternativo, ous�vamos verter literatura ao palco e com um autor dessa envergadura – considerado “pesado”, “complicado” e at� mesmo ‘incompreens�vel para o p�blico”, que, n�o sabendo disso, comparecia � sala e sa�a satisfeito com o espet�culo.

A segunda, remontagem com v�rias novidades, se deu em 1984, a convite do Goethe Institut, para comemorar o centen�rio de nascimento de Kafka. Ambas com a Cia. Sonho e Drama, cujo elenco reunia Cida Falabella, Luiz Maia, Paulo Lisboa, Gil Am�ncio e Bernardo Mata Machado.

J� a terceira, em 1996, com cenografia e elenco diferentes, foi montada como espet�culo de formatura dos alunos do Centro de Forma��o Art�stica do Pal�cio das Artes (Cefar).

Sobre a quest�o da atualidade da obra, confesso que at� hoje passeia em mim o desejo de uma quarta montagem, pois autores das chamadas obras abertas (pass�veis de variadas abordagens), como Kafka, beiram ao eterno... at� que a humanidade supere suas problem�ticas.

Ent�o, viva Kafka! E que por meio de seu exemplo possamos ter outros Camus, Sartres, toda a turma do Absurdo, Garc�a M�rquez, Borges, nosso querido Rubi�o. E muito mais!

Se o artista � “a antena da ra�a”, a arte estar� sempre olhando � frente da humanidade.






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