(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas TERCEIRO SINAL

Pe�a sobre sexo lotou o Teatro do Senac, na conservadora BH dos anos 1970

Atriz Vera Fajardo conta que a espet�culo baseado no Relat�rio Kinsey, do bi�logo americano Alfred Charles Kinsey, foi um esc�ndalo para a �poca


25/03/2022 04:00 - atualizado 25/03/2022 02:45

José Mayer, à esquerda, forma par com atriz da peça Olha que tem nós na cama. No centro, cinco atores da montagem, que foi apresentada em BH nos anos 1970
Jos� Mayer (� esquerda) e o elenco da pe�a que escandalizou BH, sucesso do Teatro do Senac (foto: Arquivo EM )
 

Olha que tem n�s na cama!

Vera Fajardo
Atriz

No final do ano de 1972, ganhamos, Mayer e eu, a concorr�ncia p�blica do pequeno audit�rio do Senac (Servi�o Nacional de Aprendizagem Comercial), localizado na Rua dos Tupinamb�s, 1.038. Endere�o totalmente fora do circuito art�stico de Belo Horizonte. Sab�amos que era uma aventura transformar aquele espa�o num lugar de refer�ncia cultural para a cidade. Mas �ramos jovens e dispostos a correr todos os riscos para tornar realidade nosso sonho de viver de teatro. Ent�o, m�os � obra!

Precis�vamos fazer barulho para que o teatro ficasse conhecido e Mayer teve a ideia de levar ao palco uma adapta��o que Alberto D’Aversa tinha feito de “O relat�rio Kinsey”, do bi�logo e professor americano Alfred Charles Kinsey, sobre comportamento sexual. Nosso saudoso amigo e dramaturgo Alcione Ara�jo foi a pessoa escolhida para transformar o texto de D’Aversa em musical e dirigir o espet�culo, que fez sua estreia em janeiro de 1973.

No elenco, os atores Jos� Mayer, Helv�cio Ferreira, Vera Fajardo, Nicole, Carlos Chiari, Ana Davis, Byan, Zora e Regina Reis. Cen�rio de Lisabeth Emermmasher e Rubia de Castro, figurinos de Byan, coreografia de Judis Grinberg, m�sicas de Toninho Costa e Marcelo Alkimim, luz de Romulo Righi, contrarregragem de Francisco Drager e fotos de Mauro S�rvulo. O subt�tulo “Olha que tem n�s na cama”, criado para chamar a aten��o do p�blico, foi tirado de um samba muito tocado nas r�dios, na ocasi�o.

O ru�do que pretend�amos com o lan�amento do teatro superou muito nossas expectativas e Belo Horizonte se viu diante de uma pe�a escandalosa, gra�as a Deus!. O Teatro Senac passou a ser conhecido como aquele espa�o que mantinha espet�culos em cartaz por, no m�nimo, tr�s meses, de ter�a a domingo (quando o normal, at� ent�o, eram temporadas de tr�s semanas, no m�ximo).

Era uma alegria chegar ao teatro todas as noites e saber que os ingressos j� estavam esgotados e com vendas antecipadas para as pr�ximas sess�es. � maravilha! V�rias publica��es nacionais abriram espa�os para noticiar nosso espet�culo. Foi mesmo um acontecimento!

Al�m de sexo ser um tema ainda tabu para a sociedade mineira, t�nhamos uma atra��o irresist�vel no elenco: Ana Davis, lind�ssima, apresentadora de sucesso do “Jornal Hoje”, da TV Globo Minas. Ana fazia striptease coreografado, enquanto atores diziam um poema de Vinicius de Moraes sobre a beleza da mulher. Quando partimos para a turn�, Zora, outra bela mulher, entrou no lugar de Ana Davis e Regina Reis no de Nicole.

Ainda me lembro com nitidez de boa parte da classe art�stica ficar de nariz empinado porque nos achavam muito comerciais – que racioc�nio mais infantil! Sucesso numa carreira � t�o raro que temos de celebrar e soltar fogos de artif�cio!

Na sequ�ncia, lan�amos mais de 11 espet�culos. Uns muito bem-sucedidos, outros nem tanto e alguns fracassos, claro. “O relat�rio Kinsey” deu a partida, nos fez acreditar que era poss�vel viver da nossa arte. Mas, passados oito anos, sentimos que nossa experi�ncia em BH tinha se esgotado, era preciso buscar novas oportunidades, novos horizontes. As recorda��es desse tempo est�o todas muito bem preservadas do lado esquerdo do meu peito.

Para terminar, deixo aqui um pensamento do extraordin�rio criador Antunes Filho: “Para fazer teatro � preciso ser sincero, deixar as besteiras de lado e ir para o cora��o. Fazer teatro � voar e sobrevoar. N�o h� problema em arriscar. Afinal, o teatro � apenas um meio, n�o � um fim!”.

�S SEXTAS-FEIRAS, A COLUNA HIT PUBLICA A SE��O “TERCEIRO SINAL”, NA QUAL DIRETORES, ATORES E PRODUTORES ESCREVEM SOBRE PE�AS QUE FIZERAM SUCESSO ENTRE OS ANOS 1960 E 1990 E COMO SERIA A REA��O DO P�BLICO SE ELAS FOSSEM REMONTADAS.

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)