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Estado de Minas COLUNA HIT

Fot�grafo mineiro comemora 35 anos de carreira disponibilizando acervo

Arquivo de Guto Muniz � composto pelo registro de 2 mil espet�culos encenados em Minas Gerais a partir do fim dos anos 1980


25/04/2022 04:00 - atualizado 25/04/2022 09:47

foto p&b mostra placa em que se lê 'hoje, Romeu e Julieta', em frente a igreja de Morro Vermelho
Fotografia do an�ncio da pr�-estreia em Morro Vermelho (Caet�) daquela que se tornou a mais famosa montagem no Grupo Galp�o � a favorita de Guto Muniz em seu acervo (foto: Guto Muniz/Divulga��o)

Fot�grafo com 35 anos de carreira, Guto Muniz divide o balan�o de sua trajet�ria em dois pesos. Pelo ponto de vista financeiro, ele acha que talvez o mais correto fosse falar que esse balan�o se encontra no vermelho. 

"Dedicar-se de corpo e alma � fotografia de cena significa optar por todas as intemp�ries financeiras que regem o mercado das artes c�nicas. Falta de recursos e do reconhecimento de seu valor por grande parte da sociedade e dos governantes, entre muitas outras quest�es", observa. 
Mas, segundo ele, pelo ponto de vista pessoal, da forma��o como ser humano, da constru��o de uma bagagem cultural, o balan�o � extremamente positivo. "No momento em que retirei meu foco da carreira como fot�grafo publicit�rio para me dedicar � fotografia de espet�culos, tinha consci�ncia das dificuldades que teria pela frente e n�o me arrependi em nenhum momento."

Guto Muniz come�ou a fotografar espet�culos aos 21 anos. De l� pra c�, acumulou experi�ncia, um conhecimento muito maior das artes c�nicas e do poder da fotografia como forma de linguagem. 

"A bagagem cultural cresceu a cada dia e o fasc�nio nunca diminuiu, porque cada espet�culo � �nico. Um novo desafio, uma nova proposta e um prazer enorme em me tornar um guardi�o das imagens de mais uma hist�ria."

O acervo com imagens referentes a 2 mil espet�culos montados entre 1987 e 2000 est� dispon�vel no site www.focoincena.com.br.

close no rosto do fotógrafo Guto Muniz, que sorri
Guto Muniz come�ou a fotografar a cena mineira aos 21 anos (foto: acervo pessoal)


De “Ant�gona”, da Cia Sonho e Drama, o primeiro espet�culo que voc� registrou, no Teatro Francisco Nunes, em 1987, at� hoje, muita coisa mudou tamb�m na produ��o teatral em Minas. Como voc� avalia esses mais de 30 anos de teatro mineiro?
Comecei a fotografar em uma d�cada marcada pelo surgimento de grandes grupos, como o Galp�o e o Primeiro Ato (de dan�a), per�odo tamb�m marcado pelo fim da ditadura militar, da censura e de uma grande efervesc�ncia cultural. No in�cio dos anos 90, come�aram a ser promulgadas as leis de incentivo � cultura nas esferas federal, estadual e municipal. Com elas surgiram tamb�m diversos festivais em BH: o Festim, FAN, FIT, Festival Internacional de Teatro de Bonecos, Festival Mundial de Circo, Encontro Mundial das Artes C�nicas, entre outros. Eles propiciaram maior interc�mbio dos artistas locais com diversas produ��es nacionais e internacionais. O interesse pelas artes c�nicas aumentou, bem como os cursos oferecidos. Algumas companhias se consolidaram e muitas outras surgiram. Vejo a produ��o c�nica mineira muito respeitada em todo o pa�s. S�o muitos os grupos e artistas mineiros respeitados e destacados no cen�rio nacional. Mas o caminho continua muito dif�cil, pois a cultura � sempre uma das �reas que mais sofrem os impactos pol�ticos e econ�micos, por ser encarada na maioria das vezes como puro entretenimento, e n�o como essencial ao desenvolvimento da sociedade.

Uma encena��o teatral � cheia de detalhes. Como voc� faz para n�o perder uma cena que pode resultar na grande foto? Vai mais de uma vez a um espet�culo para ver como ele funciona, acompanha ensaios ou prefere o impacto da surpresa da estreia? 
O segredo � estar concentrado no espet�culo, assistindo-o. A armadilha � se preocupar demais com a t�cnica, buscando a melhor imagem, mas desligando-se do que est� acontecendo em cena. Se voc� vai por esse caminho, pode ter belas imagens, mas sem a energia que o espet�culo carrega. N�o adianta querer ter fotos de tudo. � importante voc� ter as fotos daquilo que o motiva, que mexe com voc� de alguma forma.
 
Por falar em grandes fotos, quais s�o aquelas que mais marcaram sua trajet�ria profissional e que t�m um grande valor afetivo para voc�?
1. Placa “Hoje, Romeu e Julieta”. Tenho belas fotos do espet�culo do Grupo Galp�o, algumas muito conhecidas. Mas sou apaixonado pela foto de uma placa pintada a tinta, colocada na frente da igreja do distrito de Morro Vermelho, em Caet�, anunciando a pr�-estreia da montagem, que marcou a hist�ria de nosso teatro no local que abrigou grande parte de seus ensaios. A foto me diz muito da poesia e da simplicidade da arte feita para o povo.

2. Paulo Lisboa em “Josefina, a cantora”. Sem talvez nunca ter sabido disso, Paulo foi um dos principais respons�veis por eu ter me dedicado � fotografia de espet�culos. Ele estava em cena e  “Ant�gona” e sua atua��o me impressionou a ponto de ser um dos principais motivos de eu ter voltado ao teatro no dia seguinte e pedido para fotografar aquele que foi meu primeiro registro de um espet�culo. E foi em “Josefina” que meu trabalho come�ou a ganhar reconhecimento. Paul�o nos deixou cedo, mas ter acompanhado v�rios de seus trabalhos � motivo de muito orgulho.

3. “Para�so perdido”, na Igreja do Carmo. Em 2004, o Teatro da Vertigem (SP) trouxe ao FIT e a BH sua trilogia b�blica formada pelos espet�culos “Para�so perdido”, “O livro de J�” e “Apocalipse 1:11”. “Para�so perdido” foi apresentado no interior da Igreja do Carmo, o que para muitos da sociedade certamente foi visto como um grande absurdo, eu senti como um encontro de “sagrados”: a f� crist� e o teatro. Uma atmosfera de respeito, �nica e indescrit�vel em palavras.

Hoje, com o avan�o da tecnologia dos celulares, todo mundo se acha fot�grafo e sai clicando tudo � frente: de pratos de comida a shows. A rela��o do ser humano com o gadget extrapolou o bom senso ou o celular, assim como uma boa c�mera fotogr�fica, tem o seu lugar? 
Com certeza, o celular tem seu lugar. Ser fot�grafo vai muito al�m de fazer uma foto, mas o celular colocou, sim, a fotografia ao alcance de todos. � claro que existe um n�mero imenso de imagens produzidas que n�o dizem nada ou muito pouco. Mas h� bel�ssimos trabalhos feitos com celular. Negar a import�ncia do celular � quase como negar a algu�m um l�pis para que ele possa escrever e oferec�-lo apenas aos reconhecidos escritores. Como na escrita, o que precisamos � propiciar ao maior n�mero poss�vel de pessoas o estudo da imagem, para que compreendam sua for�a e seus perigos. Uma fotografia mal utilizada pode causar muitos estragos. Uma palavra tamb�m!



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