M�sica, Gastronomia e a m�xima de Tel� Santana

Um solo de um instrumento � uma cria��o moment�nea que utiliza certas regras como escalas e modos que estabelecem limites e zonas proibidas. Toninho Horta, em “Trem Azul”, por exemplo, criou um solo que soa como assinatura ou um tempero. Est� no paladar e na mente dos brasileiros. Gosto muito de dizer que tocar � muito parecido com cozinhar. S�o conhecimentos onde cada um tem seu jeito e seus caminhos para chegar ao mesmo lugar.

 

Cada pessoa acrescenta um ingrediente ou aumenta uma medida para dar um toque pessoal naquele prato que ela esteja cozinhando. Isto tamb�m acontece na m�sica. As partituras foram criadas para mostrar o caminho a ser seguido. Na m�sica cl�ssica, cada int�rprete, ou maestro, d� seu toque pessoal na execu��o da mesma sinfonia de Tchaikovsky ou em uma sonata de Bach.

 

E como na Gastronomia, a simplicidade e a sofistica��o, muitas vezes, simbolizam compet�ncias inesquec�veis. Dado Villa-Lobos, da Legi�o, ou Roberto Frejat, do Bar�o: algu�m sabe dizer quem criou mais hits? Tamanha capacidade de tocar o ouvido e alma das pessoas, a d�vida se trata de quem emocionou e emociona mais, e n�o de se emocionam.

 

 

Sou fascinado com fast-food e fico impressionado como certos produtos s�o os mesmos em qualquer pa�s que voc� v�. Este padr�o absoluto me agrada como consumidor, mas deve ser um terror para quem est� produzindo. De toda forma, cada prato ou cada can��o acabam tendo um toque diferente, pois em todas as ocasi�es, alternando-se “a casa”, estamos utilizando um fog�o, panelas e ingredientes diferentes – assim como cada piano tem sua sonoridade e detalhes da afina��o que mudam o seu jeito de tocar. Eu tamb�m sou fascinado por eles (e mais que fast-food, cujo apre�o n�o � pouco – confesso).

 

Os americanos s�o fixados por padroniza��o, diferentemente dos europeus. Os estadunidenses s�o pr�ticos, adoram produtos enlatados e n�o reclamam dos transg�nicos. Os europeus adoram produtos org�nicos, comida fresca e a cultura do �cio (um salve ao amigo Zeca Baleiro).

 

 

Na m�sica, h� um livro chamado Behind The Glass, que conta a hist�ria do universo das can��es dentro dos est�dios. A grande diferen�a dos t�cnicos de grava��o norte-americanos para os ingleses s�o que os primeiros s�o apaixonados com perfei��o t�cnica, enquanto os brit�nicos d�o mais valor ao registro da emo��o do momento. De toda forma, gosto da velha m�xima do eterno Tel� Santana: "� dif�cil alcan�ar a perfei��o, mas n�o � dif�cil aproximar-se dela".