
Pelo menos, sempre que o duelo entre Raposa e Coelho voltar � pauta. E talvez at� o dia em que haja outro cl�ssico.
Essa contagem poderia ter come�ado em 2006, quando o Atl�tico disputou a S�rie B. Por�m, naquela ocasi�o, ele foi o �nico representante do estado na competi��o – o Am�rica estava na Terceirona, ao lado de Ipatinga e Ituiutaba (que, em 2011, viria a se tornar Boa Esporte, ao mudar a sede para Varginha).
Ter um jogo entre duas das maiores for�as do estado pode parecer, � primeira vista, pouco especial, mas basta uma pesquisada r�pida para ver que o ineditismo dessa estat�stica n�o se limita �s montanhas de Minas Gerais. A rivalidade tamb�m se resume � elite do futebol brasileiro em outros grandes centros do pa�s.
Em S�o Paulo, nunca houve um duelo entre os grandes da capital pela Segunda Divis�o nacional. Palmeiras e Corinthians jamais estiveram simultaneamente no campeonato desde a ado��o do atual formato: enquanto o alviverde disputou em 2003 e 2013, o alvinegro marcou presen�a em 2008.
Em 1982, eles entraram em campo pela Ta�a de Prata, que era equivalente, mas tiveram trajet�rias diferentes.
A �nica ressalva nesse retrospecto paulista, para agradar aos preciosistas, seria o confronto entre Palmeiras e Portuguesa pela S�rie B de 2003, vencido pelo ent�o time do Parque Ant�rtica por 4 a 3. Seria o nosso asterisco particular, em respeito � Lusa.
No Rio, Botafogo, Fluminense e Vasco igualmente nunca se cruzaram na Segunda Divis�o. Os botafoguenses estiveram l� duas vezes, em 2003 e 2015. A equipe de S�o Janu�rio � a mais reincidente do trio: 2009, 2014 e 2016. E o Fluminense...
Bem, o Fluminense tem um curr�culo meio nebuloso nesse quesito: disputar, disputar mesmo, foi s� uma vez, em 1998. Mas volta e meia o tricolor d� uma escapada pela direita.
Em 1996, n�o caiu gra�as a uma virada de mesa (den�ncias de pagamento de propina para �rbitros e de manipula��o de resultados – envolvendo, entre outros, o ent�o diretor da Comiss�o de Arbitragem, Ivens Mendes – o garantiram na elite).
Em 1999, subiu direto da S�rie C (da qual foi campe�o) para a S�rie A, a convite do Clube dos Treze, que organizara a Copa Jo�o Havelange.
E, no epis�dio mais recente, em 2013, o Fluminense caiu em campo, mas foi favorecido no tribunal, com a perda de pontos da Portuguesa por escala��o irregular de um jogador, o armador H�verton.
No Rio Grande Sul, tamb�m n�o houve (ainda, pelo menos) um cl�ssico entre os dois grandes da capital para os anais da Segundona, j� que o Gr�mio disputou a competi��o em 1992 e 2005 e o Internacional, em 2017.
Para o Cruzeiro, em sua primeira incurs�o na S�rie B, tudo � novidade. Uma conjun��o de fatores, no entanto, torna a passagem do time celeste pela Segunda Divis�o ainda mais peculiar. A come�ar, por n�o ter torcedor no est�dio – nem apoiando nos momentos bons, nem pressionando nos ruins. Como tudo na vida, h� os dois lados da moeda.
Agora, o impacto dessa dist�ncia sobre a torcida. Atenuaria para ela a decep��o de ver seu time disputar a S�rie B pela primeira vez? Possivelmente. Pode funcionar at� como uma fuga consciente da realidade.
A torcida continua acompanhando, claro, o desempenho da equipe. Embora muitos tenham rasgado camisa em dezembro do ano passado, cancelado o s�cio-torcedor e prometido nunca mais pagar um pay-per-view para assistir �s partidas do time, quando a bola est� rolando todo esse rancor vai para debaixo do tapete.
N�o � exclusividade do cruzeirense – essa condescend�ncia n�o tem cor de camisa. � a tal paix�o que at� hoje muitos n�o entendem.
Mas � bem poss�vel que as mem�rias formadas sejam diferentes. Ser testemunha ocular no est�dio tem outro peso, outras cores. Nas vit�rias e nas derrotas. O cheiro do triunfo fica eternizado. O sil�ncio marcante da decep��o tamb�m. Essas lembran�as sensoriais da S�rie B, por enquanto, o torcedor celeste n�o carrega.