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Estado de Minas TIRO LIVRE

A S�rie B n�o era uma gripezinha, e o negacionismo derrubou o Cruzeiro

O Cruzeiro nunca olhou a Segunda Divis�o diretamente nos olhos, nunca assumiu estar ali, ser parte dela


14/01/2021 21:15 - atualizado 14/01/2021 22:15

A cada dia fica mais visível que problemas se acumulam dentro da Toca da Raposa II(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
A cada dia fica mais vis�vel que problemas se acumulam dentro da Toca da Raposa II (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Muito provavelmente nem o mais pessimista torcedor do Cruzeiro poderia imaginar que o ano de 2021 come�aria pior que o de 2020 para o clube. A ideia era, a esta altura, j� estar matematicamente livre da S�rie B do Campeonato Brasileiro (qui�� brigando pelo t�tulo, o que poucos realmente faziam quest�o), apenas cumprindo tabela em campo e j� planejando o time para o retorno � elite. Mas ficou, de fato, no sonho – ou melhor, no pesadelo.

O Cruzeiro est� afundado em d�vidas (j� superou a marca de R$ 1 bilh�o), sem receita e vai passar mais uma temporada na Segunda Divis�o. Pior: o futuro � mais nebuloso e incerto do que muitos podem pensar ou fazer crer.

A impress�o que d� ao ouvir entrevistas de dirigentes celestes � de que eles n�o aceitam ou n�o querem admitir a realidade. Tipo negando as apar�ncias, disfar�ando as evid�ncias, sabe? Como se a S�rie B e as demais agruras fossem nuvem passageira, e n�o esta tempestade que estacionou sobre a Toca da Raposa, com raios e trovoadas. Numa analogia � tr�gica pandemia: como se fosse uma gripezinha.

A S�rie B (como a COVID-19) n�o � gripezinha, n�o se cura com cloroquina.

Em situa��es extremas, muitos preferem aderir ao negacionismo, fingir que est� tudo bem ou que as coisas v�o se resolver naturalmente, at� com ajuda divina. Seria bom se fosse assim. A pr�tica mostra que n�o �.

� preciso coragem para encarar a situa��o. Humildade para reconhecer as adversidades. E for�a para enfrent�-las. O Cruzeiro nunca olhou a S�rie B diretamente nos olhos, nunca assumiu estar ali, ser parte dela.

Tinha de ter mergulhado fundo para emergir renovado. Em vez desse mergulho, ficou boiando na superf�cie, � espera da marola salvadora para lev�-lo de volta � terra firme. E ela o levou para o alto-mar. 
  
Esse filme foi, de certa forma, previs�vel. Se n�o o roteiro todo, pelo menos os principais cap�tulos. E aqui n�o � quest�o de ser engenheiro de obra pronta. Na primeira coluna Tiro Livre do ano passado, em 10 de janeiro (quando a gente nem sequer imaginava o pandem�nio que nos aguardava, com a epidemia do novo coronav�rus), veio o alerta: “Ainda n�o � poss�vel determinar qu�o fundo � o po�o cruzeirense. H� mais espa�o para descer, e n�o apenas esportivamente falando”.

O N�cleo Dirigente Transit�rio, criado para gerir o clube at� a elei��o do novo presidente, acabava de perder Pedro Louren�o, um de seus v�rtices mais importantes (pelo suporte financeiro). Ele at� reapareceria para ajudar a administra��o atual, mas hoje em dia n�o est� mais t�o imerso no clube, embora publicamente todas as partes neguem qualquer desaven�a.

No in�cio de 2020, o Cruzeiro se apresentava, como saiu na coluna de 31 de janeiro, como um clube quebrado. "Sem dinheiro para despesas b�sicas. Com d�bitos milion�rios a amea�ar sua exist�ncia. Precisando resgatar a credibilidade no mercado." 

Pouco menos de um ano depois, situa��o ainda mais degradante. Mais jogadores acionando a Justi�a – o zagueiro Ded� cobra nada menos do que R$ 35 milh�es. A Uni�o dando cinco dias, a partir da notifica��o, para o pagamento de R$ 8 milh�es. Tr�s meses de sal�rios atrasados, jogadores se recusando a se concentrar como protesto.

Em 8 de outubro, com a receita j� desandando nas quatro linhas, estava l� em Tiro Livre: “Era chegada a hora de a Raposa tirar o verniz da realidade. Baixar a bola e entender o cen�rio sem filtros, sem terceirizar culpa e fingir que o monstro n�o � t�o feio quanto parece. Ele �, sim senhor.”

Hoje, o Cruzeiro � sua hist�ria e sua marca. S�. Ambos gloriosos, mas que n�o bastam. Em um cen�rio sem perspectiva financeira, nem um projeto esportivo consistente, � preciso mais do que bater no peito e dizer: “Somos grandes”.

O funcionamento de um clube de futebol acaba seguindo engrenagens que se retroalimentam. Um time vitorioso atrai receita, e a receita possibilita a forma��o de uma equipe com potencial para ser vitoriosa, pagar as contas, manter o ambiente saud�vel, esportiva e administrativamente falando.

Hoje, o ciclo celeste funciona de forma inversamente proporcional: n�o tem dinheiro, n�o d� para aplicar em time, nem pagar as contas. Perde jogo, perde jogador, perde dinheiro, n�o forma time, aumenta as d�vidas, e assim vai...

O Cruzeiro precisa de uma ressurrei��o, um renascimento. Como time de futebol, como clube e na sua ess�ncia, como institui��o. Isso precisa vir de dentro. Enquanto n�o ocorrer essa cis�o de fato com o passado, n�o haver� luz no fim do t�nel.

Se o c�rculo vicioso n�o for quebrado (e isso passa tamb�m por uma renova��o em um viciado Conselho), continuar� sendo um clube de poucos, apesar dos 9 milh�es de torcedores. E a caminho do precip�cio.

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