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De �talo a Portela, Mayra e Rebeca: as l�grimas derramadas em T�quio

Pelos motivos mais particulares, eles se emocionam no Jap�o e n�s, a quil�metros de dist�ncia, choramos aqui


29/07/2021 16:46 - atualizado 29/07/2021 17:03

Mayra Aguiar ganhou a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio(foto: AFP)
Mayra Aguiar ganhou a medalha de bronze nos Jogos Ol�mpicos de T�quio (foto: AFP)
O choro do surfista �talo Ferreira, com as lembran�as da av� que partiu sem testemunhar a medalha de ouro ol�mpica no peito do neto. O choro do�do da judoca Maria Portela, por ver o sonho se esvair ap�s uma contestada atua��o da arbitragem em T�quio. O choro da alegria incontida da tamb�m judoca Mayra Aguiar, por tudo o que precisou superar para chegar ao terceiro bronze em Jogos Ol�mpicos – o que fez dela a primeira atleta de esporte individual do Brasil a alcan�ar tal feito.

Ainda: o choro de gratid�o de outro judoca, Daniel Cargnin, ao homenagear a m�e depois de garantir o bronze. Ao mesmo tempo, o meu, o seu, o nosso choro ao v�-los chorar. E assim, l�grimas de cada recanto do pa�s v�o banhando a participa��o brasileira no Jap�o.

Interessante como o choro � forma de o corpo expressar sentimentos t�o antag�nicos. Ele nasce da tristeza profunda, da revolta, da raiva e da ang�stia, mas tamb�m da satisfa��o extrema, da felicidade incontida, do prazer. Incontrol�vel, se materializa a partir de emo��es t�o diversas, contrastantes at�, e, em suas muitas diferen�as, complementares.

No fim das contas, um acaba sendo par�metro para a exist�ncia do outro.

O esporte proporciona momentos assim. Uma sensa��o de empatia ao que � vivido por algu�m com quem, na pr�tica, n�o temos nenhuma liga��o. De um completo desconhecido, o atleta vira praticamente um ente querido, por quem voc� se submete a ficar acordado at� altas horas da madrugada para torcer por ele. E nem � torcida de ocasi�o n�o.

� um sentimento genu�no, de pertencimento. A luta dele, por alguns segundos, minutos ou dias, passa a ser a sua. A frustra��o dele d�i em seu peito. A explos�o de euforia dele arranca em voc� um sorriso. Uma conex�o passageira, por�m concreta.

Pelos motivos mais particulares, eles se emocionam no Jap�o e n�s, a quil�metros de dist�ncia e mesmo sem saber direito o que fez brotar as l�grimas naquele atleta, choramos aqui. Muitas vezes (na maioria deles), por tr�s do suor para ser o "mais r�pido, o mais alto e o mais forte", como rege o lema das Olimp�adas, est�o supera��es f�sicas e emocionais.

A isso se soma a pandemia de COVID-19, que adicionou elementos extras na caminhada de cada um deles – e cada um de n�s tamb�m. H� muito sentido em dizer que esta Olimp�ada � singular em v�rios aspectos, mas que, sobretudo, ela � dos atletas. Deles e para eles.

Seria, portanto, injusto resumir a um s� personagem a trajet�ria de luta que caracteriza a jornada da grande maioria. At� porque falta mais de uma semana para os Jogos terminarem e n�o sabemos quantas l�grimas ainda vamos derramar.

N�o h� como negar, no entanto, que alguns casos tocam mais fundo. Nesta quinta-feira, houve um exemplo desses. A medalha de prata de Rebeca Andrade.

Porque ela come�ou a ser desenhada anos antes das majestosas apresenta��es da ginasta brasileira nos aparelhos do Ariake Gymnastic Center.

Come�a na hist�ria de vida sofrida dela, passa pela coragem da norte-americana Simone Biles, a maior ginasta do planeta, em admitir problemas em sua sa�de mental e se recolher no momento em que todos os holofotes estavam voltados para ela e se encerra na grandiosidade do que � a conquista de Rebeca em termos de representatividade.

Justamente por saber de todas essas circunst�ncias, Daiane dos Santos (que no in�cio dos anos 2000 encantou o mundo com sua performance no solo ao som de Brasileirinho) n�o se conteve. Chorou. Desabou em l�grimas em rede nacional.

E justificou: "At� pouco tempo, os negros n�o podiam fazer alguns esportes. E a� a gente v� hoje a primeira medalha de uma menina negra. � uma menina que veio de origem muito humilde, criada por uma m�e solo, a dona Rosa, porque o pai da Rebeca � vivo, mas n�o � presente na vida dela. Aguentou tudo o que aguentou, v�rias les�es, para ser a segunda melhor atleta do mundo. Uma brasileira".

Quando Rebeca cravou o �ltimo movimento no solo, na exibi��o que lhe garantiria a medalha, cravou tamb�m ali um marco na Hist�ria - essa, do h mai�sculo, que continuar� a ser contada e vivida por gera��es.

Por isso, � bom saber que, em um evento como os Jogos Ol�mpicos, h� mais em todos esses choros do que a mera decep��o pela derrota ou o contentamento por um lugar no p�dio. E assim vamos seguindo: eles choram de l�; n�s choramos daqui.

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