
Argumentos, suposi��es e dedu��es que, na maior parte das vezes, levam a lugar algum. No fim das contas, talvez a resposta n�o seja a mais �bvia, como muitos est�o apontando.
O mais f�cil � dizer que n�o valeu a pena. Ora, olhem os n�meros! - dir� o defensor da tese. O argentino Antonio Mohamed deixou o Atl�tico em 22 de julho, um dia depois do empate por 1 a 1 com o Cuiab�, na Arena Pantanal, pela 18ª rodada do Campeonato Brasileiro.
O Galo ainda brigava (teoricamente) pelo t�tulo: em terceiro lugar, somava 32 pontos, a quatro do l�der Palmeiras. E estava por vir a disputa, contra o pr�prio alviverde paulista, por uma vaga na semifinal da Copa Libertadores.
As estat�sticas eram, de fato, at� positivas. No comando alvinegro, El Turco somou 45 jogos, 27 vit�rias, 13 empates e 5 derrotas – aproveitamento de 69,6%. Conquistou o Campeonato Mineiro, vencendo o Cruzeiro na decis�o, e a Supercopa do Brasil, batendo o Flamengo em confronto �nico.
Mas futebol n�o se analisa apenas por n�meros. N�o � ci�ncia exata. O conjunto da obra mostrava uma equipe inst�vel, fr�gil defensivamente e atordoada ofensivamente. Sem compacta��o. Sem norte.
Muitos dos resultados foram colhidos por obra de lampejos individuais de alguns jogadores – e at� isso foi rareando, tornando a situa��o insustent�vel.
Muitos dos resultados foram colhidos por obra de lampejos individuais de alguns jogadores – e at� isso foi rareando, tornando a situa��o insustent�vel.
Em seus �ltimos momentos como treinador atleticano, o argentino admitiu que o Galo n�o estava funcionando como equipe. Em campo, n�o havia um time, no sentido mais agregador que a palavra pode expressar. Nem tampouco perspectiva de melhora. O Atl�tico do Turco era samba de uma nota s�.
Poucas horas depois da despedida de Mohamed, o clube anunciou a volta de Cuca. Foi uma recarga de esperan�a em muito atleticano, que se sentiu de novo com o passaporte para o para�so nas m�os. Como se num milagre, tudo fosse voltar a funcionar.
Mas a reconstru��o costuma ser t�o dif�cil quanto a constru��o.
Naquela �poca, aqui mesmo, na coluna Tiro Livre, a moral da hist�ria foi esta: "Entre o Cuca que chega e o que saiu h� muita expectativa e algumas perguntas. � chegada a hora das respostas."
Pois as respostas que vieram n�o foram exatamente as que muitos esperavam. Acreditava-se que, por conhecer t�o bem o grupo, o treinador teria o mapa nas m�os para devolver o Galo ao rumo das vit�rias. Esse caminho, no entanto, ainda n�o foi encontrado. O Atl�tico continua desestruturado em campo.
Se voc� acha que essa conta n�o fecha, pode estar enganado. Afinal, troca de treinador n�o � receita certa no futebol? Se analisar bem, ver� que h� certa l�gica nesse desacerto.
A heran�a de Cuca, com o time azeitado, jogando quase que intuitivamente, foi bem aproveitada pelo Turco. Consequentemente, o argentino deixou sua heran�a para Cuca – e � isso o que temos visto a�.
A heran�a de Cuca, com o time azeitado, jogando quase que intuitivamente, foi bem aproveitada pelo Turco. Consequentemente, o argentino deixou sua heran�a para Cuca – e � isso o que temos visto a�.
Em dois meses sob a nova (velha) dire��o, o alvinegro praticamente em nada mudou. Naturalmente, o efeito foi imediato. O time foi eliminado na Libertadores, caiu posi��es no Brasileiro e corre o risco de ficar at� sem aquilo que, no in�cio da competi��o, soaria como pr�mio de consola��o: a vaga direta no torneio continental.
De tudo o que j� se viu, � poss�vel dizer que resgatar o Galo de 2021, hoje, � miss�o imposs�vel. Como em um rio, aquela �gua passou, n�o volta mais. Lulu Santos, g�nio da m�sica, ensinou que "tudo o que se v� n�o � igual ao que a gente viu h� um segundo". O que dizer, ent�o quando se passam meses.
Quanto � pergunta inicial da coluna, a resposta � qual eu chego n�o passa de conjectura. A troca de Turco por Cuca acabou sendo seis por meia d�zia. Imagino (e aqui s� cabem exerc�cios de adivinha��o) que o desfecho da temporada seria o mesmo, com um ou outro, futebolisticamente falando.
O Atl�tico de 2022 era e continua sendo sombra do retrato do time campe�o que est� pregado na parede.