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COVID-19 � muito mais do que uma 'gripezinha'

M�dicos suspeitam que a for�a motriz do ataque vertiginoso do novo coronav�rus aos enfermos seja uma rea��o exagerada e desastrosa do sistema imunol�gico


postado em 03/05/2020 04:00 / atualizado em 03/05/2020 07:51

(foto: Andrew Caballero-Reynolds/AFP)
(foto: Andrew Caballero-Reynolds/AFP)
O bi�logo e escritor brit�nico Richard Dawkins, professor em�rito do New College da Universidade de Oxford — autor de O gene ego�sta e evolu��o, entre outras obras —, num coment�rio no Twitter, chama a aten��o para um artigo da revista Science Magazine, da Associa��o Americana para Avan�o da Ci�ncia (AAAS), intitulado “Como o coronav�rus mata?, publicado em 17 de abril. De autoria dos m�dicos Meredith Wadman, Jennifer Couzin-Frankel, Jocelyn Kaiser, Catherine Matacic, segundo Dawkins, � um dos melhores sobre a pandemia. “Se as pessoas na administra��o entenderem isso ou se importarem com isso, haveria um resultado melhor para a sociedade”, avalia.
 
Tratar desse assunto pode parecer chover no molhado, pois n�o se fala de outra coisa, mas o artigo realmente � muito bom. Ele faz um relato de como o novo coronav�rus ataca o corpo humano e seus efeitos devastadores, “do c�rebro aos p�s”, ultrapassando o senso comum do diagn�stico de que � apenas uma s�ndrome respirat�ria aguda. “Pode atacar quase tudo no corpo, com consequ�ncias devastadoras", segundo o cardiologista Harlan Krumholz, da Universidade de Yale e do Hospital Yale-New Haven, que lidera v�rios esfor�os para reunir dados cl�nicos sobre o COVID-19. "Sua ferocidade � de tirar o f�lego e humilhante."
 
O artigo corrobora os relatos das pessoas que venceram a doen�a e dos m�dicos e outros profissionais da sa�de que atuam nas unidades de terapia intensiva aqui no Brasil, que muitas vezes s�o duplamente derrotados: al�m de perderem pacientes, acabam adoecendo tamb�m e, em alguns casos, at� morrem. J� passou da hora de o presidente Jair Bolsonaro ir a Manaus para ver o que � um colapso do Sistema �nico de Sa�de (SUS) em meio � pandemia e parar de falar bobagens sobre a “gripezinha”. Tudo o que os profissionais de sa�de precisam neste momento dram�tico � mais apoio (equipamentos de prote��o, respiradores, medicamentos) e distanciamento social.

'J� passou da hora de o presidente Jair Bolsonaro ir a Manaus para ver o que � um colapso do Sistema �nico de Sa�de (SUS) em meio � pandemia e parar de falar bobagens sobre a 'gripezinha''

M�dicos e patologistas de todo o mundo est�o lutando para entender os danos causados pelo coronav�rus no corpo humano. Embora os pulm�es sejam o ponto zero, seu alcance pode se estender a muitos �rg�os, incluindo o cora��o e os vasos sangu�neos, rins, intestino e c�rebro, o que explica a grande subnotifica��o do n�mero de mortos, inclusive aqui no Brasil, devido �s dificuldades de diagn�stico e falta de aut�psias.
 
Mais de 3 milh�es de casos de COVID-19 j� foram registrados no mundo, ultrapassando 240 mil mortes, sendo mais de 6 mil delas no Brasil, forte candidato a novo e mais dram�tico epicentro da doen�a. O continente registra o segundo maior n�mero de casos confirmados de coronav�rus, atr�s apenas da Europa. At� sexta-feira, pelo menos 1,2 milh�o de casos foram registrados na regi�o, sendo mais de 1 milh�o nos EUA. No Brasil, entramos na faixa de subida vertical nas pr�ximas semanas: fechando a semana com 78 mil casos, somos o segundo da regi�o, perdendo apenas para os EUA.

A escalada

O v�rus age como nenhum pat�geno que a humanidade jamais viu. O efeito devastador e multifacetado do coronav�rus foi observado pelo m�dico Joshua Denson, pneumologista e intensivista da Escola de Medicina da Universidade de Tulane (EUA), quando avaliou dois pacientes com convuls�es, muitos com insufici�ncia respirat�ria e outros cujos rins estavam em uma perigosa descida. Dias antes, suas rondas foram interrompidas quando sua equipe tentou, e falhou, ressuscitar uma jovem cujo cora��o havia parado. Todos eram positivos para COVID. A coagula��o do sangue transforma alguns casos leves em emerg�ncias com risco de morte.
 
Quando uma pessoa infectada expele got�culas carregadas de v�rus e outra pessoa as inala, o novo coronav�rus (SARS-CoV-2) encontra um lar bem-vindo no revestimento do nariz, cujas c�lulas s�o ricas em uma enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), assim como na traqueia. Em todo o corpo, a presen�a de ACE2, que normalmente ajuda a regular a press�o sangu�nea, marca os tecidos vulner�veis � infec��o, porque o v�rus entra nessa c�lula receptora. Uma vez dentro, o v�rus sequestra as m�quinas da c�lula, fazendo in�meras c�pias de si mesmo e invadindo novas c�lulas.
 
� medida que o v�rus se multiplica, uma pessoa infectada pode lan�ar grandes quantidades dele, principalmente durante a primeira semana. Os sintomas podem estar ausentes neste momento. Ou a nova v�tima do v�rus pode desenvolver febre, tosse seca, dor de garganta, perda de olfato e paladar ou dores de cabe�a e corpo. Se o sistema imunol�gico n�o repelir o SARS-CoV-2 durante esta fase inicial, o v�rus marcha pela traqueia para atacar os pulm�es, onde pode se tornar mortal. Mas o v�rus, ou a resposta do corpo a ele, pode ferir muitos outros �rg�os: c�rebro, olhos, f�gado, cora��o e vasos sangu�neos, rins e intestinos.
 
Alguns m�dicos suspeitam que a for�a motriz em muitas trajet�rias de ataque vertiginoso aos pacientes gravemente enfermos seja uma rea��o exagerada e desastrosa do sistema imunol�gico conhecida como "tempestade de citocinas", pela qual os n�veis de certas citocinas sobem muito al�m do necess�rio e as c�lulas imunol�gicas come�am a atacar tecidos saud�veis. Pode ocorrer vazamento de vasos sangu�neos, queda de press�o arterial, forma��o de co�gulos e fal�ncia catastr�fica de �rg�os. Mas o pior dos mundos, com a presen�a de v�rus no trato gastrointestinal, pode ser a possibilidade inquietante de que ele seja transmitido pelas fezes, ainda mais num pa�s como o nosso. A sorte, por�m, � que ainda n�o est� claro se as fezes cont�m v�rus infecciosos intactos ou apenas o seu RNA (�cido ribonucleico), uma mol�cula respons�vel pela s�ntese de prote�nas das c�lulas do corpo.

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