
O presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou ontem o nome do candidato do seu bloco pol�tico ao comando da Casa, o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), o jovem presidente do maior partido do pa�s, que tamb�m � o l�der de sua bancada federal, com 34 deputados.
Rossi conseguiu reverter as resist�ncias da maioria dos deputados do bloco de esquerda, o que levou o deputado Agnaldo Ribeiro (PB), um dissidente do PP, a desistir de disputar a indica��o no grupo de Maia. Formalmente, juntos, os dois blocos somam 282 deputados, n�mero mais do que suficiente para ganhar a disputa com o candidato governista, Arthur Lira (PP-AL), mas isso � apenas uma proje��o otimista. A disputa ser� no corpo a corpo, voto a voto.
Duarte era amigo do lend�rio distribuidor de cinema Luiz Severiano Ribeiro, que o chamava para ver os filmes antes da estreia e sugerir a tradu��o dos t�tulos, que muitas vezes n�o tinha nada a ver com o nome original, como em “A morte n�o manda recado”(The Ballad of Cable Hogue), “Os brutos tamb�m amam” (Shane), cl�ssicos do faroeste norte-americano, ou “Django n�o perdoa...mata” (L’Uomo, L’Orgloglio, La vendetta), o western italiano inspirado na �pera Carmem, de George Bisset. Frasista de primeira, chamava o anteprojeto de Constitui��o de “boneca” e mantinha segredo absoluto sobre os acordos envolvendo o interventor Faria Lima, Chagas Freitas e o senador Amaral Peixoto (MDB), velho cacique pessedista, que era l�der da oposi��o no antigo Estado do Rio.
Veja aqui um perfil de Baleia Rossi, o candidato da oposi��o
Veja aqui um perfil de Baleia Rossi, o candidato da oposi��o
Nessa �poca, o time de jornalistas que fazia a cobertura da Constituinte da fus�o era de primeira linha: Maur�cio Dias, Marcelo Pontes, Andr� Luiz Azevedo, Rog�rio Coelho Neto, Carlos Vinhais e D�cio Malta, entre outros. Mesmo assim, a crise no dispositivo parlamentar do interventor era mantida em sigilo, at� que Sandra Cavalcanti resolveu chutar o balde. Nessa �poca, o antigo Di�rio de Not�cias ainda era o jornal dos professores e dos militares. Gra�as a isso, fui escolhido por Sandra Cavalcanti para uma entrevista exclusiva, na qual denunciou o acordo e renunciou � lideran�a, em car�ter irrevog�vel. Foi ent�o que resolvi perguntar ao l�der do MDB, Cl�udio Moacir, deputado eleito por Maca�, homem ligado a Amaral Peixoto, se a oposi��o pretendia formar a nova base do governo. Em off, para minha surpresa, respondeu: “n�o, n�s vamos ficar como bigode, na boca mas do lado de fora”.
Trai��es
Esse � o problema de Baleia Rossi. O Pal�cio do Planalto est� jogando muito pesado para eleger Arthur Lira, o principal l�der do Centr�o, que articulou a nova base governista na C�mara e sempre teve o apoio dos deputados do baixo clero. Tece sua candidatura com a promessa de libera��o de verbas e cargos no governo, acenando com uma reforma ministerial que estaria prevista para o come�o do pr�ximo ano. Arthur Lira anunciou sua candidatura com apoio dos 135 deputados do Centr�o — PL (41)), PP (40), PSD (33), Solidariedade (13) e Avante (8). De imediato, recebeu apoio do PL (41), do PTB (11), do PROS (10), do PSC (9) e do Patriota (6), ou seja, teoricamente, de mais 77 deputados. Tenta montar uma esp�cie de rolo compressor, j� integrado por 205 deputados, que avan�a nos bastidores para seduzir os deputados de oposi��o.
O grupo de Maia soma 158 deputados, dos seguintes partidos: DEM (28), MDB (34), PSDB (31), PSL (53), Cidadania (8) e PV (4). O PT, com 54 deputados, lidera a oposi��o, que soma 124 deputados, com as bancadas do PSB (31), do PDT (28), do PSol (10) e da Rede (1). Esse acordo de bancada precisa ser confirmado por cada deputado, que negocia no fio do bigode; por�m, como o voto � secreto, a palavra empenhada n�o pode ser cobrada depois. Como dizia Tancredo Neves, a vontade de trair � muito grande na cabine de vota��o.
Ningu�m sabe o que vai de fato acontecer. Lira vem negociando individualmente h� meses, inclusive com as bancadas de oposi��o, com uma agenda que n�o pode ser subestimada, porque al�m de verbas e cargos, oferece pra cada grupo de interesse uma pauta espec�fica. Aos evang�licos, promete levar adiante a agenda dos costumes; aos ruralistas, desmontar a legisla��o ambiental; aos sindicalistas, a volta do imposto sindical; aos enrolados na Lava-Jato, blindagem contra o Minist�rio P�blico Federal (MPF) e a flexibiliza��o da contagem do tempo de ilegibilidade da Lei da Ficha Limpa, na linha da liminar do ministro do Supremo Tribunal federal (STF) Kassio Nunes Marques. Muitos est�o comprometidos com Lira.