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Estado de Minas Entre linhas

A guerra ideol�gica no Enem mira a reelei��o de Bolsonaro e sua agenda

O exame ocorre em meio ao caos na institui��o, porque 37 t�cnicos do �rg�o pediram demiss�o e denunciaram interfer�ncia indevida na elabora��o das provas


21/11/2021 04:00 - atualizado 21/11/2021 09:18

Milton
O ministro da Educa��o, Milton Ribeiro, est� em alta com o presidente ap�s a confus�o da suposta interfer�ncia nas provas que come�am hoje (foto: Amanda Quintiliano - EM/D.A Press)


Um dos momentos de maior ang�stia da vida dos nossos jovens � o Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem), que funciona como uma esp�cie de portal para a vida adulta, porque seus desempenhos ser�o determinantes para o acesso ao ensino superior.

Hoje, 3,1 milh�es de jovens em todo o pa�s prestar�o a primeira prova do Enem em meio a uma guerra ideol�gica aberta por press�o do presidente Jair Bolsonaro sobre os t�cnicos do �rg�o respons�vel pela elabora��o das provas, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An�sio Teixeira (Inep), para que as provas fossem politicamente alinhadas com a suas ideias sobre os costumes e a hist�ria. Detalhe: � o menor n�mero de inscritos desde 2005.
 
O exame ocorre em meio ao caos na institui��o, porque 37 t�cnicos do �rg�o pediram demiss�o e denunciaram a interfer�ncia indevida do ministro da Educa��o, Milton Ribeiro, na elabora��o das provas. Ex-reitor da Universidade Mackenzie, de S�o Paulo, pastor presbiteriano, advogado e te�logo, seu prest�gio junto ao presidente Jair Bolsonaro foi � Lua gra�as � confus�o que arrumou.

O diretor nomeado por ele para o Inep, Danilo Dupas Ribeiro, � acusado de ass�dio moral e manipula��o das provas, com censura a determinadas quest�es. H� den�ncias de tentativa de nomea��es indevidas para cargos e fun��es no �rg�o, com pessoal n�o qualificado, inclusive policiais federais.
 
Tudo isso fez com que Bolsonaro comemorasse a crise quando estava em viagem no Oriente M�dio: “Agora o Enem tem a cara do meu governo”. Naturalmente, a oposi��o foi para cima do ministro da Educa��o no Congresso, mas isso somente o fortaleceu junto �quele que o nomeou. Uma das caracter�sticas do governo Bolsonaro � o seu reacionarismo cultural, associado a ideias pol�ticas autorit�rias, que idealizam o passado relativamente recente, principalmente o “regime militar”, express�o que gostaria que fosse substitu�da por “revolu��o”.
 
Eleito com uma agenda regressiva, Bolsonaro n�o conseguiu implement�-la integralmente no Congresso, seja porque n�o teve apoio parlamentar suficiente, seja por causa do papel constitucional do Supremo Tribunal Federal (STF) em defesa do Estado democr�tico de direito.

Entretanto, nos minist�rios, essa agenda avan�ou at� onde foi poss�vel, com consequ�ncias que hoje respondem por muitos fracassos no seu governo. H� de fato uma estrat�gia bem-sucedida de desmonte de pol�ticas p�blicas constru�das ao longo de d�cadas. Seu fracasso est� em n�o conseguir implementar nada no lugar devido � resist�ncia de t�cnicos e gestores p�blicos de carreira.

Hegemonia cultural

Na �rea da cultura, a estrat�gia foi implementada de forma radical. Quanto mais estapaf�rdio, histri�nico e reacion�rio o sujeito, mais prestigiado fica com o presidente da Rep�blica. Se espinafrar jornalistas e a imprensa, ent�o, nem se fala. Por isso, quem imagina a demiss�o do presidente do Inep ou do ministro da Educa��o pode desistir.

Apesar das den�ncias de que �rg�o vive uma “crise sem precedentes, com persegui��o aos servidores, ass�dio moral, uso pol�tico-ideol�gico da institui��o pelo MEC e falta de comando t�cnico no planejamento dos seus principais exames, avalia��es e censos”. A guerra ideol�gica contra o chamado “marxismo cultural” � m�sica para o presidente Bolsonaro, porque mobiliza sua a base conservadora e evang�lica.
 
Olavo de Carvalho, o ide�logo bolsonarista que se mandou do pa�s na semana passada, temendo ser preso, fez a cabe�a do presidente da Rep�blica quanto � necessidade de erradicar as ideias progressistas da educa��o, o que vem sendo um fator de crise nessa �rea desde o come�o do governo. Seu livro “O m�nimo que voc� precisa saber para n�o se tornar um idiota” (Record) � a segunda b�blia de milhares de pastores evang�licos, que lutam contra um inimigo imagin�rio cujos objetivos seriam destruir a fam�lia e corromper a juventude.
 
Professores da rede p�blica e privada s�o vistos como amea�a por adotarem uma suposta “pedagogia comunista”, cujo s�mbolo seria o educador Paulo Freire. Carvalho faz uma interpreta��o distorcida do conceito de “hegemonia” de Ant�nio Gramsci, descrito nos “Cadernos do c�rcere” (Civiliza��o Brasileira), escrito na pris�o, de 1926 a 1937, durante o regime fascista de Mussolini.

Grosso modo, segundo o pensador marxista italiano, no Ocidente, o poder pol�tico n�o depende apenas da for�a do Estado, mas tamb�m da cultura social, ou seja, do consentimento da sociedade civil. Nesse aspecto, a constru��o da “hegemonia” dar-se-ia tamb�m no �mbito de institui��es como a Igreja e o sistema de ensino.

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