
Hoje, 3,1 milh�es de jovens em todo o pa�s prestar�o a primeira prova do Enem em meio a uma guerra ideol�gica aberta por press�o do presidente Jair Bolsonaro sobre os t�cnicos do �rg�o respons�vel pela elabora��o das provas, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An�sio Teixeira (Inep), para que as provas fossem politicamente alinhadas com a suas ideias sobre os costumes e a hist�ria. Detalhe: � o menor n�mero de inscritos desde 2005.
O diretor nomeado por ele para o Inep, Danilo Dupas Ribeiro, � acusado de ass�dio moral e manipula��o das provas, com censura a determinadas quest�es. H� den�ncias de tentativa de nomea��es indevidas para cargos e fun��es no �rg�o, com pessoal n�o qualificado, inclusive policiais federais.
Entretanto, nos minist�rios, essa agenda avan�ou at� onde foi poss�vel, com consequ�ncias que hoje respondem por muitos fracassos no seu governo. H� de fato uma estrat�gia bem-sucedida de desmonte de pol�ticas p�blicas constru�das ao longo de d�cadas. Seu fracasso est� em n�o conseguir implementar nada no lugar devido � resist�ncia de t�cnicos e gestores p�blicos de carreira.
Hegemonia cultural
Apesar das den�ncias de que �rg�o vive uma “crise sem precedentes, com persegui��o aos servidores, ass�dio moral, uso pol�tico-ideol�gico da institui��o pelo MEC e falta de comando t�cnico no planejamento dos seus principais exames, avalia��es e censos”. A guerra ideol�gica contra o chamado “marxismo cultural” � m�sica para o presidente Bolsonaro, porque mobiliza sua a base conservadora e evang�lica.
Grosso modo, segundo o pensador marxista italiano, no Ocidente, o poder pol�tico n�o depende apenas da for�a do Estado, mas tamb�m da cultura social, ou seja, do consentimento da sociedade civil. Nesse aspecto, a constru��o da “hegemonia” dar-se-ia tamb�m no �mbito de institui��es como a Igreja e o sistema de ensino.