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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Sinceric�dio de Lula � prato feito para Sergio Moro e a oposi��o

Jurado de morte e agredido por Lula, senador ressuscitou seu velho projeto de endurecimento das penas contra o crime organizado


23/03/2023 04:00 - atualizado 23/03/2023 07:26

Ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro era um dos alvo da organização criminosa
Ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro era um dos alvo da organiza��o criminosa (foto: JONAS PEREIRA/AG�NCIA SENADO )

Shahriar era o rei da Persia, cujo imp�rio se estendia at� a �ndia e a China. Vendo-se enganado por sua esposa, ele se convence de que ningu�m ser� fiel a ele; por isso, durante tr�s anos, ele toma uma esposa � noite e manda execut�-la na manh� seguinte, at� se casar com a filha de seu vizir, Scherazade, not�vel por sua beleza e intelig�ncia. Por mil e uma noites seguidas, Scherazade recita um conto para ele at� o amanhecer, tomando o cuidado de criar um suspense e deixar o desfecho para a noite seguinte. Ansioso para saber o final da hist�ria, Shahriar deixa a princesa viver mais um dia .

O pai da princesa Scherazade, Jafar, era o respons�vel pelas execu��es. At� que chegou o dia em que todas as mulheres solteiras do reino foram executadas ou fugiram. Para livrar o pai de uma retalia��o, por n�o encontrar mais uma noiva para o rei, Scherezade se oferece para se casar com Shahryar.

Inutilmente, o vizir tenta convencer a filha: “Aquele que n�o sabe adaptar-se �s realidades do mundo sucumbe infalivelmente aos perigos que n�o soube evitar. Aquele que n�o prev� a consequ�ncia dos seus atos n�o pode conservar os favores do s�culo”, adverte-a.

Nem chegou �s cem noites de seu novo governo e presidente Lula se depara com a situa��o descrita pelo vizir: n�o est� sabendo se adaptar �s novas realidades do mundo, corre perigos que poderia evitar e parece n�o medir as consequ�ncias de suas declara��es. Na quarta-feira, na entrevista que deu aos jornalistas Leonardo Attuch, Helena Chagas, Tereza Cruvinel e Lu�s Costa Pinto, na TV 247, a primeira que concedeu ao vivo, atravessou a rua para escorregar na casca de banana.

Muito � vontade, pois estava entre profissionais que o apoiaram na elei��o, Lula n�o se deu conta de que n�o era um programa gravado e editado, no qual pudesse falar em off, como � comum entre os pol�ticos. Ao comentar sua pris�o, disparou: “De vez em quando um procurador entrava l� de s�bado, ou de semana, para visitar, se estava tudo bem. Entrava 3 ou 4 procuradores e perguntava ‘t� tudo bem?’. Eu falava ‘n�o est� tudo bem. S� vai estar bem quando eu foder esse Moro’. Voc�s cortam a palavra ‘foder’ a�…”.

Lideran�a moral

J� era tarde, a frase viralizou nas redes e explicitou um ressentimento que Lula mal consegue esconder. Pior, coincidiu com uma opera��o realizada pela Pol�cia Federal, o Minist�rio P�blico e a Pol�cia Civil de S�o Paulo, com a participa��o da Pol�cia do Senado, para desbaratar um grupo de nove criminosos escalados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para sequestrar e matar o ex-juiz e senador S�rgio Moro (Uni�o Brasil-PR), a deputada Rosangela Moro (Uni�o Brasil-SP), sua esposa, e o promotor paulista Lincoln Gakiya, entre outras autoridades e servidores p�blicos.

O bombardeio bolsonarista contra Lula ontem foi intenso, ligava a declara��o � investiga��o da PF. O ministro da Justi�a, Fl�vio Dino, teve at� que dar uma entrevista repudiando as ila��es: “Eu fico espantado com o n�vel de mau-caratismo de quem tenta politizar uma investiga��o s�ria, t�o s�ria que foi feita em defesa da vida e da integridade de um senador de oposi��o ao nosso governo”, disse.

Na mesma entrevista, comentando a Opera��o Lava-Jato, Lula acusou os Estados Unidos de fomentar as investiga��es e defendeu as empresas denunciadas na opera��o da for�a tarefa de Curitiba: “Tenho consci�ncia de que a Lava-Jato fazia parte de uma mancomuna��o entre o Minist�rio P�blico brasileiro, a Pol�cia Federal brasileira e a Justi�a americana, o Departamento de Justi�a”, para arrematar: “Era para destruir. Porque as empresas da constru��o civil brasileira estavam ocupando espa�o no mundo inteiro.”

“Quem fala demais d� bom dia a cavalo”, diz um velho ditado mineiro. As declara��es tiveram p�ssima repercuss�o, inclusive internacional. Lula exumou politicamente a Opera��o Lava-Jato, que foi encerrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas ainda tem muito apoio popular. Jurado de morte pelo PCC e agredido por Lula, quem fez do lim�o a limonada foi o senador S�rgio Moro, que ressuscitou seu velho projeto de endurecimento das penas contra o crime organizado, elaborado quando era ministro da Justi�a de Bolsonaro.

At� ontem, Moro era uma figura apagada no Senado, onde circulava como quem havia ca�do de um caminh�o de mudan�as. Virou a estrela do dia, recebeu a solidariedade de todos os pares, inclusive do l�der do governo, senado Jaques Wagner (PT-BA), constrangido pelas declara��es de Lula. Moro voltou a empunhar a bandeira da �tica na pol�tica e um ator relevante na disputa pela lideran�a moral da sociedade, que � o maior desafio do governo Lula.


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