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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Lula n�o gosta de demitir ministro e ningu�m briga por governo fraco

''O presidente vai ter que abrir espa�o mais espa�o para os deputados do Centr�o no governo, � uma quest�o de tempo''


13/06/2023 04:00 - atualizado 13/06/2023 07:26
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Lula sofre pressão para fazer troca no Ministério do Turismo
Lula sofre press�o para fazer troca no Minist�rio do Turismo (foto: EVARISTO S�/AFP)

O t�tulo tomei emprestado do Ilimar Franco, escolado rep�rter de pol�tica, a prop�sito da briga no Uni�o Brasil pelo cargo da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, cuja perman�ncia no minist�rio subiu no telhado da C�mara. Lembrei-me de uma tese do jurista italiano Norberto Bobbio, ponto de refer�ncia para an�lises de conjuntura pol�tica. Todo governo, mesmo o pior, � a forma mais concentrada de poder. Quando nada funciona, as tarefas essenciais do Estado s�o mantidas: arrecadar, normatizar e coagir. Somente quando perde a capacidade de se manter financeiramente e garantir a ordem p�blica, vira desgoverno.

� muito cedo para conclus�es definitivas, mas Lula n�o faz um mau governo, no sentido de que perdera o foco no bem comum, independentemente da �rea movedi�a que � obrigado a atravessar ao se relacionar com um Congresso conservador, capaz, inclusive, de tomar decis�es reacion�rias. Lula vem mantendo a iniciativa pol�tica, ainda que algumas delas sejam muito pol�micas, como a obsess�o de negociar a paz na guerra da Ucr�nia ou a decis�o de turbinar a ind�stria automobil�stica com incentivos para carros populares movidos a carbono.

Na semana passada, a pesquisa Ipec mostrou um governo com 53% de aprova��o, o que se reflete na rela��o com os partidos do Centr�o. A repercuss�o maior ainda est� por vir, com a aproxima��o entre o presidente Luiz In�cio Lula da Silva e o presidente da C�mara, Arthur Lira, que fizeram um pacto para aprova��o da reforma tribut�ria o quanto antes. Essa � a prioridade do pa�s, pois avalia-se que a reforma pode ter um impacto de at� 10% no PIB brasileiro, o que � uma expectativa muito otimista. Ser for a metade disso, j� ser� um sucesso absoluto, porque viabilizar� com folga o novo arcabou�o fiscal, cujo ponto fraco � a proje��o de arrecada��o com os par�metros atuais.

Exemplificando a tese do Bobbio: o governo Temer foi um governo fraco, mas aprovou praticamente tudo o que quis no Congresso, recuperou o controle das finan�as p�blicas e jogou a infla��o para baixo. Seu calcanhar de Aquiles foi a seguran�a p�blica, principalmente a crise nos pres�dios (Maranh�o, Amazonas e Roraima) e a greve dos policiais militares no Esp�rito Santo. Para enfrentar a quest�o, Temer criou um minist�rio e escalou para o cargo o seu ent�o ministro da Defesa, Raul Jungmann. A firmeza do ent�o governador Paulo Hartung e a atua��o do ministro foram fundamentais para domar a greve, al�m da presen�a do Ex�rcito, por meio de uma opera��o da Garantia da Lei da Ordem (GLO).
Entretanto, o epis�dio foi uma esp�cie de ovo da serpente do que viria depois, um pacto entre setores militares e policiais para eleger Jair Bolsonaro e apoiar seu projeto saudosista de regime autorit�rio. A seguran�a p�blica continua sendo um grave problema, agora no colo do ministro da Justi�a, Fl�vio Dino (PSB). Sortudo, herdou do governo Temer a cria��o de sistema unificado de seguran�a p�blica, de gest�o tripartite (uni�o, estados e munic�pios), com R$ 4 bilh�es em caixa, que n�o foram gastos durante o governo Bolsonaro, para investir na sua implanta��o. O ministro vem sendo testado desde o dia 8 de janeiro, por�m, a quest�o da seguran�a p�blica � seu grande desafio: continua como dantes no quartel de Abranches.

Belford Roxo no poder


� a� que a presen�a no governo da ministra Daniela Carneiro, cuja cabe�a est� sendo pedida pelo Uni�o Brasil, � uma grande contradi��o. Sem preconceito, o munic�pio de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, n�o � um polo de atra��o tur�stica. Antigo distrito de Nova Igua�u, com 70 km², se desenvolveu �s margens da linha auxiliar da Central do Brasil, a antiga estrada de Ferro Rio D’Ouro. Sua origem � a antiga fazenda de Pedro Caldeira Brant, o conde de Igua�u, filho do marques de Barbacena. Vendida para para o comendador Manuel Jos� Coelho da Rocha, no final do s�culo 19 entrou em decad�ncia, por causa das epidemias.

A antiga Vila do Brejo mudou de nome para homenagear o engenheiro maranhense Francisco Teixeira Belford Roxo, parceiro de Paulo de Frontin. Seus antigos laranjais foram loteados e transformados em formigueiro humano, �s margens da ferrovia. O complexo industrial da Bayer, instalado durante o governo Juscelino Kubitschek, por�m, garante ao munic�pio uma arrecada��o de R$ 8, 2 bilh�es, que contrasta com o um IDH de 0,6 para uma renda per capita de R$ 16,7 mil. Por isso, tem uma prefeitura muito cobi�ada.

Waguinho Carneiro (Republicanos), prefeito de Belford Roxo, � marido e cabo eleitoral de Daniela. Teve um papel importante na elei��o do presidente Lula, dividindo votos numa �rea que havia sido ocupada por Bolsonaro. � acusado de ter o apoio das milicas da Baixada Fluminense, violent�ssimas. Ontem, o prefeito acusou o golpe e cobrou solidariedade de Lula: “A ministra Daniela � de um estado importante, o Rio de Janeiro, territ�rio totalmente bolsonarista, onde n�s levamos a campanha do presidente Lula em toda a Baixada Fluminense, no interior, no Noroeste. Encorajamos muitas pessoas e pagamos um pre�o muito caro por isso", disse Waguinho, ao acusar o Uni�o Brasil de golpe por tentar tirar Daniela do minist�rio.

O PT fluminense defende a alian�a com Waguinho. Lula n�o gosta de mexer em ministro sob press�o pol�tica. Mas vai ter que abrir mais espa�o para os deputados do Centr�o no governo, � uma quest�o de tempo.

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