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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Lula articula, mas o ainda PT resiste a entregar minist�rios ao Centr�o

O presidente tomar� decis�es sobre as mudan�as na equipe de governo ainda hoje. � um pol�tico pragm�tico


20/07/2023 04:00 - atualizado 20/07/2023 07:44
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Lula faz negociação complexa para incorporar PP e PR ao governo
Lula faz negocia��o complexa para incorporar PP e PR ao governo (foto: Fran�ois WALSCHAERTS/AFP))

O presidente Luiz In�cio Lula da Silva opera uma negocia��o complexa para incorporar o PP e o PR ao governo e ampliar a base parlamentar de seu governo. Esse movimento n�o come�ou agora, de certa forma foi iniciado na negocia��o da PEC da Transi��o e na reelei��o do presidente da C�mara, Arthur Lira (PP-AL), mas ganhou for�a com a aprova��o do arcabou�o fiscal e da reforma tribut�ria pela C�mara. Aos que temiam a forma��o de um governo de esquerda, essa possibilidade est� sendo sepultada; a incorpora��o das duas legendas consolidar� um governo de ampla coaliz�o democr�tica, o que n�o significa que n�o surjam cr�ticas desses mesmos setores ao “loteamento” dos minist�rios.

Entretanto, antes mesmo da amplia��o da composi��o do governo, j� havia uma concep��o predominante na c�pula do PT de que o governo Lula estaria em disputa, que se daria em dois n�veis: no plano das pol�ticas p�blicas e na ocupa��o de espa�os na Esplanada dos Minist�rios. Agora, esse embate se acirra, com a recusa do PT a ceder seus espa�os no governo para os aliados que est�o de chegada. Essa recusa ficou expressa nas declara��es do l�der do PT na C�mara, deputado Zeca Dirceu (PR), ao afirmar que todos os partidos deveriam ter a “generosidade e vis�o estrat�gica de ceder”.

De certa forma, o l�der petista teme menos uma mudan�a do governo em dire��o � centro-direita e, muito mais, a perda de espa�os n�o s� na c�pula dos minist�rios, mas tamb�m nos estados e munic�pios, principalmente naquelas pastas que os partidos do Centr�o mais cobi�am, os minist�rios que “t�m capilaridade”. Foi quase um sinceric�dio: “N�o estamos falando s� de minist�rios, pois a equa��o nos estados ainda n�o se completou, com muito cargo que ainda n�o foi nomeado, temos secretarias de segundo escal�o dentro dos minist�rios, diretorias de estatais, um conjunto de cargos que s�o leg�timos, e que acontece em todos os estados do Brasil e outros pa�ses, que esses partidos venham a ocupar”, disse Zeca Dirceu.

O ministro das Rela��es Institucionais, Alexandre Padilha, n�o esconde de ningu�m que as negocia��es para incorpora��o do Centr�o est�o consolidadas, falta acertar os detalhes. Os deputados Andr� Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (REP-PE), por exemplo, s�o nomes certos para compor a Esplanada. Em tese, tudo ainda est� em aberto para negocia��o, exceto o Minist�rio da Sa�de, cuja titular, N�sia Trindade, foi blindada por Lula. O grande art�fice dessa aproxima��o foi l�der do governo na C�mara, Jos� Guimar�es (PT-CE), nas negocia��es com o baixo clero para aprova��o dos projetos de interesse do governo. Aliado do presidente da C�mara, Arthur Lira (PP-AL), chegou a ser atacado por alguns de seus pares. Guimar�es � “homem de Lula”, n�o de Lira, quem quiser que se iluda.

“A tese de incorporar esses partidos no governo j� est� consolidada. Igualmente esses nomes que surgiram na imprensa por indica��es dos partidos. Essas for�as pol�ticas ir�o para o governo", disse Guimar�es. Ningu�m � imex�vel, exceto N�sia e, obviamente, Haddad. Sabendo disso, a c�pula do PT resiste ao deslocamento de alguns de seus quadros de pastas importantes, como � o caso do ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, que controla o programa social mais emblem�tico do governo Lula, o Bolsa Fam�lia. Quando fala que os aliados precisam colaborar, o l�der Zeca Dirceu est� mandando recado para o MDB, o PSB, PDT, PCdoB e a Rede, principalmente.

Pragmatismo

Um dos alvos do PT � o vice-presidente Geraldo Alckmin, que acumula a pasta de Desenvolvimento Econ�mico e � um “crist�o novo” no PSB. A legenda n�o brigaria por Alckmin, daria prefer�ncia aos seus quadros hist�ricos, mas acontece que o ex-governador de S�o Paulo � um coringa de Lula na �rea econ�mica. O vice-presidente n�o tem perfil de quem se oporia � vontade do presidente da Rep�blica, mas obviamente uma decis�o dessa ordem, de forma atribulada, pode deixar sequelas graves no relacionamento pol�tico. Ministro pode ser demitido; vice-presidente, n�o.

Tudo indica que o presidente Lula tomar� as decis�es sobre as mudan�as na equipe de governo ainda hoje. � um pol�tico pragm�tico. Entretanto, a entrada no Centr�o no governo � uma mudan�a de natureza estrat�gica, sim, que tende a afetar todas as pastas ocupadas pela esquerda, mesmo que nelas n�o haja mudan�a de ministro. Com amplia��o e consolida��o da base parlamentar na C�mara, a agenda do governo ser� mais moderada e as pautas conflituosas com essa base n�o poder�o prosperar. Junto com o PR e o PP, por exemplo, v�m setores evang�licos e do agroneg�cio, o que repercutir� nas pol�ticas do governo com perfil mais progressista.  A grande dificuldade ser� encontrar o ponto de equil�brio, o caminho do meio.

Assim como durante o governo Bolsonaro, parte da agenda conservadora foi bloqueada pelo Centr�o, principalmente na quest�o democr�tica e nos costumes, no governo Lula acontecer� a mesma coisa, com sinal trocado, na �rea econ�mica e social. Esbo�a-se a constru��o de um programa m�nimo, que unifique as for�as do governo ou atenda parte dele sem criar conflitos insol�veis com as demais. Um programa m�ximo, como gostaria a c�pula do PT, subiu no telhado, tanto na �rea econ�mica como social, desde a aprova��o do arcabou�o fiscal.

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