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Estado de Minas MUNDO STARTUP

Cientistas mineiras criam startup com ativos da biodiversidade regional

Aposta no Brasil � porque nosso territ�rio det�m maior biodiversidade do mundo e podemos construir ind�stria nacional competitiva com fitoprodutos sustent�veis


27/06/2023 07:04 - atualizado 27/06/2023 07:36
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As fundadoras da NAtiva, Renata Mendes (esq.), Elita Scio e Jessica Leiras
As fundadoras da NAtiva, Renata Mendes (esq.), Elita Scio e Jessica Leiras (foto: Arquivo pessoal)

Sabia que � poss�vel criar um neg�cio disruptivo a partir de pesquisas dentro de um laborat�rio acad�mico? Foi assim que cientistas mineiras, as doutoras Renata Mendes, J�ssica Leiras e Elita Scio criaram a NAtiva, uma startup que desenvolve solu��es inovadoras a partir dos ativos da biodiversidade brasileira. 

As tr�s trabalharam juntas por mais de 15 anos na investiga��o de insumos bioativos no Laborat�rio de Produtos Naturais Bioativos na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e hoje, � frente da startup, acumulam capacidade t�cnica-cient�fica para desenvolvimento de tecnologias de alto valor agregado, alinhadas �s pr�ticas ESG e ao fortalecimento da bioeconomia. 

“Em nossos estudos t�nhamos sempre a preocupa��o que as nossas pesquisas chegassem at� a comunidade, e que de alguma forma o nosso trabalho tivesse um impacto positivo. Aos poucos nossos estudos foram se tornando mais robustos, e tendo em vista o conhecimento do potencial das esp�cies vegetais que trabalh�vamos, come�amos a desenvolver tecnologias”, disse Renata Mendes, co-fundadora da NAtiva.

Quando as pesquisadoras foram admitidas para o programa da Emerge Amaz�nia, se descobriram empreendedoras e entenderam que o papel delas fora da academia era de extremo valor. Al�m disso, o racional de PD&I estava alinhado com a inova��o radical da ind�stria farmac�utica e poderiam contribuir com expertise na �rea.

A empresa foi analisada por empresas importantes no ramo de medicamentos, cosm�ticos e  alimentos como Ach�, Nintx, Natura, BRF e Bemol. A tecnologia submetida pelas pesquisadoras (NTV01 - projeto 01 do pipeline)  foi selecionada entre os 149 projetos, o que permitiu a estrutura��o da empresa em janeiro de 2022, a partir do investimento anjo aportado pela Emerge Amaz�nia S.A. 

“O potencial das pesquisas e tecnologias desenvolvidas por cientistas na academia � enorme, mesmo ainda em fase inicial de desenvolvimento. No entanto, � necess�rio adicionar a vis�o de mercado e estrutura do neg�cio para alavancar o valor tanto da tecnologia quanto do empreendimento”, explicou Lucas Delgado, s�cio diretor na Emerge Brasil.

A Emerge seleciona um grupo de cientistas com uma tecnologia promissora e estrutura o projeto para lev�-lo ao mercado. “Com a NAtiva seguimos esse mesmo racional, investimos um capital inicial e adicionamos a expertise de neg�cios para criar a startup. Agora, o objetivo � viabilizar o desenvolvimento do NTV01 e adicionar novas possibilidades ao pipeline, alavancando novos fitof�rmacos da bancada para o mercado”, explicou Lucas.

Do mundo acad�mico para o mercado

A verdade � que desde sempre h� muita limita��o de recursos para a pesquisa no Brasil. Para as pesquisadoras, esse cen�rio muitas vezes impede que avan�os concretos sejam alcan�ados no desenvolvimento de um projeto. 

"Em nossos estudos t�nhamos sempre a preocupa��o que as nossas pesquisas chegassem at� a comunidade, e que de alguma forma o nosso trabalho tivesse um impacto positivo. Aos poucos nossos estudos foram se tornando mais robustos, e tendo em vista o conhecimento do potencial das esp�cies vegetais que trabalh�vamos, come�amos a desenvolver tecnologias"

Renata Mendes, fundadora da NAtiva

Outro ponto � a necessidade de gera��o de �ndices de produtividade, que muitas vezes torna os pesquisadores ref�ns de publica��es e de dep�sitos de propriedades intelectuais em est�gios ainda prematuros, que sem d�vidas acabam sendo um grande gargalo para a transposi��o da pesquisa cient�fica para o mercado. 

“Al�m disso, ainda existe uma desarticula��o entre os setores p�blicos e privados e acreditamos, que n�s, no papel de startups e spin-offs podemos contribuir muito como um ponto de intersec��o e colabora��o no processo”, explica Renata. 

O papel das universidades e pol�ticas p�blicas

Renata e J�ssica nasceram no interior de Minas e sempre tiveram o apoio de suas m�es na educa��o. Segundo elas, a presen�a dessas mulheres fortes foi o primeiro passo para chegarem onde est�o. J� na Universidade, tiveram o apoio da orientadora e terceira integrante da empresa, Elita Scio. Al�m disso, contaram com a ajuda da pr�pria universidade, a Emerge Brasil e ag�ncias de fomento como FAPEMIG, CAPES e CNPQ.  
Com a estrutura��o da startup, as cientistas realizaram o processo de transfer�ncia de tecnologia junto � UFJF por meio de edital p�blico e iniciaram as negocia��es com equipes de renome na inova��o radical da ind�stria farmac�utica, passando por duas dilig�ncias. Hoje o projeto NTV01 se encontra  em fase de Late Discovery em acordo de co-desenvolvimento firmado com uma ind�stria farmac�utica nacional refer�ncia na �rea de desenvolvimento de fitoter�picos, que ser� divulgado em breve.  

“A NAtiva a partir do contato pr�ximo com o mercado pretende construir um pipeline de alto valor agregado, uma plataforma de potenciais ativos de esp�cies vegetais nativas endere�ados � sa�de humana e animal. Atualmente em nosso pipeline temos 3 projetos em andamento”, confirmou Renata com exclusividade. 

As cientistas afirmam que querem conectar os setores produtivos, a academia e o mercado, para transformar o cen�rio de desenvolvimento de fitoprodutos a partir de esp�cies nativas e  promover avan�os significativos para toda a sociedade. 

Reten��o de Talentos X Fuga dos C�rebros

Independentemente do setor de atua��o, precisamos criar um ecossistema colaborativo. Principalmente se tratando do desenvolvimento de novos procedimentos terap�uticos. O conhecimento que � gerado dentro da academia � valioso, mas precisamos transpor as bancadas laboratoriais, escalonar essas tecnologias ao mercado, passando pela constru��o de dossi�s regulat�rios.

“Viemos de uma universidade p�blica do interior de Minas Gerais, e apesar de nossa extensa  trajet�ria acad�mica at� 2021 ainda n�o t�nhamos vislumbrado a possibilidade do empreendedorismo. Por isso acreditamos que os cases possam contribuir muito para que hoje os pesquisadores em forma��o enxerguem esse caminho como uma possibilidade. O estreitamento de la�os com o mercado  tamb�m � muito importante na forma��o desses profissionais, assim como estar inclu�do em um  ambiente de inova��o, seja por meio de disciplinas, cursos, projetos”, explica Renata. 

Mesmo com a “fuga dos c�rebros” - sa�da de profissionais extremamente qualificados para outros pa�ses - as cientistas seguem apostando no Brasil pois nosso territ�rio � detentor da maior biodiversidade do mundo e hoje podemos unir esfor�os para construir uma ind�stria nacional competitiva e que leve ao mundo fitoprodutos sustent�veis e com m�ltiplos benef�cios aos usu�rios. 

Por que n�o apostar em nossa regi�o da Zona da Mata Mineira? Hoje em um ambiente  globalizado a empresa est� em contato com parceiros de todo o mundo, com clientes em diferentes regi�es, buscando estruturar cadeias produtivas que possam atender aos projetos. 

Futuros Poss�veis para Cientistas Brasileiros 

Para Renata, � preciso que o cientista esteja aberto dentro da academia. “Muitas vezes a trajet�ria acad�mica ainda nos imp�e limites que n�o nos permitem vislumbrar possibilidades al�m da academia. E o resultado disso � uma m�o de obra excedente, altamente qualificada, que n�o consegue ser absorvida pelo setor p�blico”, explicou.

O conselho � se permitir ter novas oportunidades, se conectar com o ecossistema de inova��o e ir em busca de parceiros estrat�gicos alinhados com seus prop�sitos. O “erro” tamb�m � aprendizado, gera experi�ncia, e como bons cientistas n�o s�o as respostas que movem o mundo e sim novas perguntas!

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