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Estado de Minas Padre Alexandre

Uma grande sala de espera

Estamos todos numa imensa sala de espera, s� esperando. A cura, a vacina, a certeza, a garantia de que n�o vai acontecer de novo, uma dose de milagre


02/08/2020 08:50 - atualizado 02/08/2020 08:57

A pandemia est� acabando e o padre n�o sai do deserto, n�o �? Agora estamos na fronteira da Terra Prometida, aquela onde corre leite e mel.

Mois�s, ap�s conduzir um povo de “cabe�a dura” por 40 anos, faz seu discurso de despedida, rememora os acontecimentos, renova as leis e se mostra afligido por um temor: depois de tantos anos enfrentando a humilha��o da fome e da sede, sendo colocados � prova, como ser� que os israelitas v�o viver o tempo da fartura?

Antes de passar o comando para Josu�, subir ao monte Nebo e morrer, Mois�s se preocupa com o que os israelitas v�o fazer com a t�o sonhada liberdade.

Chegar�o a uma terra onde comer�o p�o sem escassez e sem que nada lhes falte, terra de vinhas e figueiras, com �guas correntes, vales e montes.

Que n�o aconte�a que depois de comerem at� a fartura, constru�rem belas casas para nelas morarem, multiplicarem o gado e os bens, se esque�am do Senhor que os tirou da escravid�o do Egito. Que ao desfrutar dos benef�cios da terra n�o se desfa�am da obedi�ncia � lei. Enfim, que vivendo no tempo da fartura n�o esque�am o tempo da amargura.

Mois�s parece falar conosco, n�o � mesmo? Agora que a pandemia vai se esvaindo, como viveremos o novo tempo? Tem sido complicada a nossa chegada � Terra Prometida.

Teremos que nos adaptar a outra rotina, que n�o � a que t�nhamos antes nem igual a que vivemos agora. � nossa frente, por enquanto, mais d�vidas que verdades comprovadas, mais acho que tenho certeza.

A velha rua da nossa casa continua a mesma, mas nossos p�s n�o s�o mais os mesmos ao pisar o ch�o. E ent�o? Esquecimento ou ensinamento?

Como somos mais numerosos que as estrelas do c�u, para continuar na imagem b�blica, nossas rea��es tamb�m s�o as mais variadas. Para alguns nada mudar�, pois eles n�o mudaram com a pandemia, � vida que segue. At� que enfim acabou o que chamam de exagero, “esse v�rus como outro qualquer”.

Outros est�o assustados com a transitoriedade da vida. Dizem que sabiam que este mundo de abund�ncia que nos foi legado podia desaparecer, j� percebiam avisos no aquecimento global, nos terremotos e inunda��es, mas ainda se perguntam como um jantar de fam�lia ou uma reuni�o de neg�cios pode nos ser tirado assim de uma hora para a outra.

A for�a destruidora de um inimigo invis�vel est� trazendo de volta, inclusive, a “S�ndrome da Cabana”, nome surgido em 1900 para explicar o que ocorria com alguns trabalhadores norte-americanos que se refugiavam em suas cabanas, sozinhos ou em grupos, durante o rigoroso inverno, e tinham medo de voltar � civiliza��o quando o frio ia embora.

Hoje, depois de ficarem isoladas por tanto tempo, pessoas se angustiam diante da ideia de sair �s ruas e retomar o contato social. Preferem que a quarentena n�o chegue ao fim, n�o se sentem mais seguras fora do lar.

E h� mais gente que n�o quer sair da cabana: as que se adaptaram � nova rotina, organizaram a vida de modo mais tranquilo, n�o querem mais pegar tr�nsito, produzem mais em home office, t�m mais tempo para a fam�lia, priorizam novos valores.

E neste grupo que s� cresce vem se juntar os que n�o querem sair porque ter�o muita coisa para fazer quando chegarem em casa: higienizar as compras, lavar as roupas, tomar banho, tarefas que n�o faziam antes.

Ainda temos o grupo dos que sonham voltar logo � felicidade dos dias, abra�ar os netos, encontrar os amigos, festejar anivers�rios, frequentar uma sala de aula e, principalmente, tirar o medo do cora��o.

Parece que o tempo da fartura nunca chega. Estamos todos numa imensa sala de espera – s� esperando. A cura, a vacina, a certeza, a garantia de que n�o vai acontecer de novo, uma dose de milagre.

Se me permitem, um conselho de sacerdote: “Prendei a f� na palma da m�o e na alma, ensinai a f� a vossos filhos, falando dela sentados em casa e andando pelo caminho, no deitar e no levantar, escrevei f� nos umbrais das casas e nas portas da cidade, multiplicai-a como os dias debaixo do c�u!”.

Entrem com f� neste novo mundo. Porque a f�, como diz a m�sica, n�o costuma falhar.

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