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Estado de Minas COLUNA

Solidariedade em rede

A sensa��o de que estamos no mesmo barco serenou o mar de ondas revoltas mostrando que a margem pode estar logo ali e estimulando boas pr�ticas


30/08/2020 04:00 - atualizado 26/08/2020 23:51


Durante a pandemia, a cruz, o maior s�mbolo do cristianismo, tem ficado em destaque no mundo. N�o s� por servir como demonstra��o de que a humanidade tem carregado uma cruz de sofrimentos com as mortes, as dores, as incertezas, o isolamento.

Mas tamb�m para lembrar que a cruz da sagrada escritura � um convite � verticalidade e � horizontalidade. Olhar para o alto, para o c�u acima do c�u, onde est� o Senhor. E olhar para o lado, estendendo os bra�os em dire��o ao outro. O famoso “Amai-vos como eu vos amei”, dito por Jesus enquanto caminhava com os disc�pulos por montes, vales e lagos.

No h�bito de sempre se afastar para rezar ao Pai antes de grandes decis�es ou momentos dif�ceis, O Mestre ensinou a entregar planos e sonhos primeiro a Deus. E depois cuidar do outro, como quando Ele voltava para a plan�cie e ficava horas sem fim cuidando das multid�es de aflitos.

� ao madeiro horizontal que muitas pessoas est�o se apegando nos meses que nunca chegam ao fim da COVID-19. Nesse tempo de ruptura, de crise aguda que amea�a e tinge o horizonte, surgem as a��es solid�rias como um mecanismo de minimizar os danos diante da fragilidade humana e de se reconhecer no lugar do outro.

Aconteceu, com maior �nfase, a uni�o dos membros da comunidade, como associa��es, empresas, fam�lias, organiza��es religiosas, Estado, todos enfim, em busca de agenciar a serenidade e a solidariedade.

A sensa��o de que estamos no mesmo barco serenou o mar de ondas revoltas mostrando que a margem pode estar logo ali e estimulando boas pr�ticas. E muita gente se disponibilizou a ser a margem do outro, a dar a m�o para atravessar o rio, a jogar a boia para quem n�o sabe nadar. 

Chamados a atuar com maturidade, habilidade e bom julgamento, muitas pessoas disseram sim e nesta quarentena o que n�o faltam s�o exemplos de generosidade, como vizinhos prestativos, amigos que se tornam mais presentes (ainda que virtualmente) e fam�lias mais unidas.

Ficaram conhecidos os bilhetes solid�rios de jovens colocando avisos nos elevadores oferecendo para fazer as compras em supermercados e farm�cias para os idosos do pr�dio. Pessoas produzindo e distribuindo marmitas para moradores de rua que perderam a doa��o de comida dos restaurantes repentinamente fechados, e o caso comovente de uma professora de Curitiba que percorre 70 quil�metros para n�o deixar o aluno surdo sem aulas.

Pais que antes do v�rus sa�am de casa de manh� e s� voltavam � noite, com pouco tempo para os filhos, agora encontrando encantamento em brincar de faz de conta com a crian�a sem escola e sem colegas. 

O avesso da vida acontecendo. Filhos assumindo as compras da casa, discutindo o pre�o da carne e do p�o enquanto as m�es tentam se distrair com as redes sociais e os filmes da tarde, uma longa tarde que parece n�o ter fim para quem passava o dia correndo na pressa das horas.

Demonstra��es de gentileza se espalhando rapidamente, um olhar mais interessado pelo outro, a horizontalidade, enfim, exercida com maior frequ�ncia. E como, segundo Arist�teles, a virtude � h�bito e treinamento, espera-se que ao fim de tudo a solidariedade tenha se enraizado na rotina e vida de cada um. 

Que o conhecimento e a mem�ria criem uma nova esperan�a trazendo mais admira��o que melancolia. No contexto da pandemia, onde todo mundo aprendeu que o distanciamento � necess�rio para um bem maior, a resili�ncia ganhou for�a – o descobrir que a vida � em cadeia foi um consolo para muita gente (“N�o � s� eu que vivo s�”).

Tenho convivido com muitos e comoventes gestos de solidariedade que nos lembram o bom samaritano contado pelo evangelista Lucas. O samaritano que socorreu um homem assaltado e quase morto na estrada de Jeric�, cuidando de suas feridas com azeite e vinho, levando-o para uma hospedaria e pagando suas despesas.

Nestes cinco meses de isolamento, a horizontalidade da cruz aconteceu entre n�s. Foram milhares de pessoas ensinando umas �s outras n�o a olhar para o p� da estrada, mas para as infinitas estrelas do c�u. Gente que cuidou das feridas do outro com azeite e vinho. 

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