
Neste domingo, partilho uma singela hist�ria, na verdade, algumas mensagens carregadas de significados para o Natal. Sobre o s�mbolo da manjedoura h� um olhar interessante. A B�blia diz que o menino Jesus foi envolvido em faixas e reclinado numa manjedoura, pois n�o havia lugar para a fam�lia na sala. Isso significa que o Salvador estava sem lugar. Sim, Jesus foi cuidado por Maria, e estava deslocado; sua fam�lia se encontrava entre os pobres de Israel.
Jesus Cristo n�o pertence ao ambiente que, aos olhos do mundo, d� import�ncia �quilo que � imponente e poderoso. � justamente este homem que Se revela para mostrar a luz da verdade. A humilde manjedoura, neste momento, pode nos lembrar o que realmente importa. Conforme o papa em�rito Bento XVI, � na pobreza do nascimento de Jesus que se delineia a grande realidade, em que misteriosamente se realiza a reden��o dos homens. Durante as restri��es da pandemia, pode ser �til a reflex�o sobre o que realmente importa. � Natal e tempo de alegria!
Como aconteceu com os pastores de Bel�m, h� mais de dois mil anos, ressoa entre n�s o an�ncio do Natal do Senhor – acende-se uma nova luz, que deixa o infinito e vem habitar os cora��es mansos e humildes de quem esperou com f� e devo��o. Bate o sino, pequenino, sino de Bel�m, com seus repiques diferenciados a nos dizer uma linguagem sem perguntas e respostas, sem d�vidas ou cobran�as. � o nascimento do Salvador, Deus menino, a nos mostrar que o c�u est� perto de n�s.
Que o choro que vem da gruta distante nos desperte para esse tempo entre o mist�rio e a f�, a semente e o fruto, o recato e a ora��o. Pie Jesu. Que o sono do menino nos traga a paz de crian�a dormindo e aquiete nossas afli��es. Que Maria e Jos� nos permitam participar da alegria desse nascimento que alinha sonhos sigilosos e claros sorrisos. Que diante da manjedoura eles nos ensinem a afinar nosso luar para torn�-lo mais suave nesse lugar cheio de promessas. Que o boi e a ovelha que velam o menino nos transmitam o sil�ncio da humilde e respeitosa adora��o.
Que no sil�ncio da noite sejamos como os pastores cuidando das ovelhas nas verdes pastagens, sonhando com um campo de vaga-lumes a nos trazer as estrelas aqui embaixo. E que a luz que guia os reis magos perdure rompendo festivas alvoradas. Que o seu cora��o, leitor e leitora, seja uma estrebaria por segundos ou por s�culos – quem sabe?, convidando ao recolhimento e � medita��o. Que dentro de voc� o menino tenha sa�de e cres�a em gra�a e sabedoria diante de Deus e dos homens.
Uma �ltima palavra sobre fraternidade. Como naquela hist�ria conhecida... Estava tudo pronto para a missa de Natal em uma igreja na periferia de S�o Paulo. Os fi�is com suas roupas de festas, a igreja iluminada. O padre chega ao altar:
– Irm�os e irm�s, vamos comemorar hoje o Natal do Senhor...
Quando ele foi interrompido por uma voz de crian�a que vinha l� de tr�s:
– A, B, C, D...
O padre viu o menino sujo e maltrapilho, descal�o.
– Garoto, voc� est� atrapalhando a missa onde vamos dar gra�as a Deus por este ano vivido pela comunidade. Vai para a sua casa.
E tenta continuar a missa, mas a voz fica ainda mais forte vinda l� do fundo:
– A, B, C, D...
– Garoto, por favor, voc� est� atrapa- lhando. Volta para sua casa. Sua m�e deve estar preocupada...
– Sabe o que �, padre? N�o tenho casa nem m�e, moro na rua. Como n�o sei ler e escrever, achei que se eu falar as letras que sei, Jesus pode junt�-las pra mim e me dar o que eu merecer.
– Ent�o voc� pode assentar a�, menino.
E virando-se para os fi�is, o padre finalmente come�a a celebra��o.
– Nesta missa de Natal vamos pedir a Deus que aben�oe todos e d� a cada um o que Ele achar que cada um precisa.
O padre e todos juntos rezam:
– A, B, C, D...