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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Precisamos de qu�?

'Precisamos de muito pouco para viver bem'


07/11/2021 04:00 - atualizado 07/11/2021 07:48

Chave
Mudan�a de casa (foto: Pixabay)

 
Na semana que passou, me mudei de casa. � minha quarta resid�ncia desde que me casei, h� 32 anos. A primeira, quando s� havia eu e meu marido, foi um apartamento do qual me mudei cinco anos depois, j� gr�vida  de meu primeiro filho. Confesso que me lembro pouco de como foi o processo de encaixotar as coisas e transport�-las. O que n�o me esque�o mesmo � do mal-estar que eu sentia devido ao enjoo, que me inutilizava �quela altura da gravidez. 
 
Nove anos depois, j� com dois filhos, nos mudamos para uma casa maior, com mais espa�o, principalmente para as crian�as brincarem e podermos receber os amigos acompanhados de suas fam�lias, que, como a nossa, estavam em fase de crescimento. Agora, resgatamos a ideia que norteou nossa primeira empreitada. Espa�os menores em tamanho e quantidade. Afinal, voltamos a ser apenas n�s dois, ao menos durante 340 dias por ano. Raras s�o as vezes que nossos filhos conseguem vir das cidades onde moram e ficar por aqui por ao menos 20 dias. Para piorar, t�o cedo pensam em me conceder a gra�a de aumentar nossa fam�lia e trazer as crian�as e suas demandas de volta. Ent�o, em um primeiro e longo momento, pouco espa�o ainda ser� de sobra. 
 
Nunca fui de ajuntar muita coisa. Arm�rios, se n�o pequenos, sempre t�m espa�os vazios. Mas uma coisa est� me chamando a aten��o desta vez: o tamanho real de nossas necessidades materiais. Como nos mudamos um pouco antes do previsto, precisei fazer uma mala com as roupas que vou usar nos pr�ximos dois meses. Separei quatro pratos, quatro x�caras e coisas do tipo. Isso porque minha nova casa ainda n�o est� totalmente pronta e estamos "acampados" na su�te que conseguimos finalizar ao lado de uma cozinha que improvisamos ao menos para caf� da manh� e lanches r�pidos. C� estamos, como definiu meu filho mais novo, "como adolescentes" em aventura. 
 
Quando fiz o caminho de Santiago de Compostela de bike, h� oito anos, comprovei que precisamos de muito pouco para viver bem. Tr�s mudas de roupa, dois cal�ados, tranquilidade e disposi��o resolvem a maior parte das demandas, al�m � claro de recursos para comprar �gua, comida, pagar por algum imprevisto e  pelo pouso. Claro que o cotidiano � um pouco mais complexo que meia d�zia de pe�as como pode estar parecendo, mas, grosso modo, temos muito mais do que conseguimos de fato carregar. Ou posso dizer que temos o h�bito de investir em coisas erradas, quando dever�amos ter como objetivo buscar a leveza e descomplicar nossas exist�ncias. 
 
Mudan�as de casa t�m essa serventia. Nos ajudam a ter coragem de nos desfazer de algumas das inutilidades que acredit�vamos essenciais at� criarem poeira, mofo ou se desfazer. Um processo que, se n�o soubermos aproveitar o aprendizado, nos levar� a acumular tudo de novo, em cores e designers diferentes, mas ainda assim n�o essenciais. 
 
Em meio a tudo isso me lembrei de uma amiga que precisou vender ao menos 60% do que tinha em casa. Dois foram os motivos. Mudou-se para uma casa muito menor e estava falida. Fiz quest�o de ir na garage sale que ela promoveu por dois motivos tamb�m. Primeiro, porque muito do que ela acumulou era de bom gosto; e segundo, porque fiz quest�o de ajud�-la durante esse processo. 
 
Chegando l�, vi que muitos dos presentes que recebeu ao longo da vida tinham um pre�o. Presentes que eu havia dado, inclusive. Como penso que ao dar algo a algu�m transferimos a esse algu�m a decis�o do que fazer com esse algo, n�o me senti ofendida por saber que logo estariam em outras m�os, muito provavelmente minhas desconhecidas. Do contr�rio, � um tipo de desapego que precisamos exercitar.  Pois al�m de precisar de pouco para viver, precisamos que nossos amigos nos deem, principalmente, o que n�o se precifica. Isso n�o h� como vender e muito menos se desfaz. 

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