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Estado de Minas COLUNA

Peru: pa�s vive entre a fic��o e a realidade

No dia 30, Fujimori e Castillo realizar�o o �ltimo debate da elei��o. Ocorrer� no sul do pa�s, em Arequipa. E a ideia � encontrar um terreno neutro


23/05/2021 04:00 - atualizado 02/06/2021 18:31

Os candidatos presidenciais rivais peruanos Pedro Castillo (R), do partido Peru Libre, e Keiko Fujimori, do partido Fuerza Popular, vão disputar o segundo turno(foto: Ernesto BENAVIDES/AFP)
Os candidatos presidenciais rivais peruanos Pedro Castillo (R), do partido Peru Libre, e Keiko Fujimori, do partido Fuerza Popular, v�o disputar o segundo turno (foto: Ernesto BENAVIDES/AFP)
Cajamarca
� antiga cidade inca em que Francisco Pizarro, conquistador espanhol, capturou e executou Atahualpa, dando fim ao Imp�rio Inca.

Hoje, Cajamarca � uma cidade m�dia, com rica hist�ria preservada e um departamento peruano conhecido pela produ��o de ouro. � dali que veio a nova sensa��o da pol�tica do pa�s: Pedro Castillo.

Professor de escola p�blica sem passagem por cargos eletivos, Castillo se tornou conhecido ao liderar uma greve de professores em 2017.

Num pa�s em que a pol�tica foi destro�ada e os partidos pol�ticos s�o cart�rios que mudam de nome e n�o cansam de se autodestruir, foi para o segundo turno das elei��es presidenciais com a filha de um ex-presidente preso por crimes contra a humanidade.

No dia 30, Fujimori e Castillo realizar�o o �ltimo debate da elei��o. Ocorrer� no Sul do pa�s, em Arequipa. E a ideia � encontrar um terreno neutro. Nem na regi�o Norte de Castillo, nem na regi�o Central em que fica a capital Lima, onde Fujimori tem mais apoio. Quando as duas equipes chegaram em Arequipa, viram que isso n�o � t�o simples em um pa�s de pol�tica t�o conturbada.

Fujimori tem muito apoio no Norte, fora de Cajamarca, e Castillo tem vantagem justamente no Sul. Em Arequipa, a sugest�o era realizar o debate no Pal�cio de Belas Artes, que leva o nome do mais renomado escritor peruano contempor�neo, o ainda vivo Mario Vargas Llosa. Filho mais ilustre de Arequipa, em 1990, Llosa foi candidato derrotado � Presid�ncia pelo pai de Keiko, o ent�o desconhecido Alberto Fujimori.

Na campanha, Llosa liderou um time superantenado com o que havia de mais influente no Banco Mundial, no FMI, e nas principais ag�ncias dos EUA que se dedicam a pensar o mundo. Sua vit�ria em 1990 teria sido a vitrine de butique do que no ano anterior o professor John Williamson – que deu aulas na PUC do Rio de Janeiro e veio a falecer no m�s passado – batizara de Consenso de Washington.

Todavia, Llosa perdeu. Fujimori, que foi al�ado do nada, tornou-se um presidente em busca de uma ideia do que fazer de seu governo. Arranjou-se bem com muitos apoiadores de Llosa que queriam entrar para a Casa de Pizarro, o Pal�cio do Governo do Peru.

Passado um ano e pouco colocando o plano de Llosa em pr�tica e recebendo elogios, Fujimori deu um autogolpe. Dali para frente se segurou no cargo at� 2000, quando saiu fugido do Peru para o Jap�o. Desde 2010, Fujimori cumpre pena no Peru.

Llosa passou todos esses anos lamentando como Fujimori e sua fam�lia trabalham para destruir a institucionalidade no pa�s. Depois de criticar Keiko das formas mais veementes poss�veis anos a fio, Llosa pede votos para ela em nome de um medo maior do desconhecido Pedro Castillo.

A atitude do Llosa comp�e o retrato das atitudes mais b�sicas que maltratam e destratam a pol�tica e a vida civil no Peru. � muita influ�ncia exercida por pessoas que n�o fizeram do Peru o principal local de sua vida. � um local de extra��o. Para Llosa – que mora em Madrid, por conta de ex�lios e afinidades eletivas –, extra��o de hist�rias muito bem escritas.

Para outros, � local de extra��es mais pr�ximas da viv�ncia de pessoas como Pedro Castillo. Isso faz com que o governo viva em ondas v�s de autoritarismo, ex�lio e populismo. Abismo atrai abismo, n�o tem como dar certo desse jeito.

O Peru � um dos pa�ses em que o coronav�rus por si s� aumentou a chance de conflitos. Junto com o maltrato hist�rico da vida pol�tica e civil, a crise do coronav�rus colocou um professor campon�s de Cajamarca na porta da Casa de Pizarro, lado a lado com a herdeira de Fujimori. Contudo, n�o se trata de revolu��o.

O maior risco de Castillo � decepcionar seus eleitores por conta de sua inexperi�ncia. Por parte da nova Fujimori, a decep��o � tentar voltar �s experi�ncias ilegais e autorit�rias dos anos 1990. S�o tr�s d�cadas da altern�ncia entre antipol�tica autorit�ria, tecnocratismo e populismo.

O debate do dia 30 foi transferido para o sal�o Sim�n Bol�var, da universidade de Arequipa. Os chav�es dominam as duas campanhas. Williamson alertava na confer�ncia original de 1989 em torno do tal Consenso de Washington – na qual participou Pedro Pablo Kuczynski, o mais recente presidente peruano eleito por curr�culo – que “Washington nem sempre pratica o que prega, (... o que) machuca os EUA bem como o resto do mundo”.

Que o povo peruano escolha livremente o governo e que vem a� o mais bem-sucedido poss�vel. E se tiver discernimento, pense bem em mudar o nome do Pal�cio. Imagine no Brasil o Pal�cio do Planalto ter o nome de quem dizimou nossos �ndios.

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