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Estado de Minas COLUNA DO PAULO RABELLO

O benef�cio da d�vida do governo de um presidente preocupado com desafetos

Terceiro mandato � sempre um problema s�rio para qualquer gestor que volta a esquentar a cadeira onde j� sentou antes


25/03/2023 04:00 - atualizado 25/03/2023 07:49

O presidente Lula
O governo Lula permanece sem planejamento definido e sem metas a cumprir (foto: EVARISTO S�/AFP)
Com a Bolsa em baixa, empresas golpeadas no custo do seu capital de giro em fun��o da Selic mais alta do planeta, repercuss�es secund�rias e terci�rias do esc�ndalo da Americanas entre clientes, fornecedores e bancos dessa rede varejista, e mais, com a inadimpl�ncia das fam�lias retornando aos altos n�veis da recess�o de 2015-16, cr�dito em regime de aperto e os fiscos federal e locais cercando os contribuintes com mais impostos por todos os lados, realmente n�o seria preciso acrescentar a esse panorama o toque de "perdido na mata" trazido pelas declara��es atabalhoadas de um presidente mais preocupado com seus desafetos do que com o futuro da sociedade que lhe deu o poder de mando nessa dif�cil quadra de nosso cr�nico estancamento.

Terceiro mandato � sempre um problema s�rio para qualquer gestor que volta a esquentar a cadeira onde j� sentou antes, seja em empresa privada, na iniciativa social ou, muito mais, se for na administra��o de governo. O mandat�rio de terceira rodada re�ne quase todos os cacoetes de experi�ncias passadas - que n�o se aplicam mais a situa��es novas - exponenciados pela presun��o de sapi�ncia e esperteza que, n�o raro, s�o apenas sinais de falta de criatividade e conduta repetitiva. Estamos nessa enrascada. Para piorar, o ambiente mundial apresenta hoje um plano inclinado perigoso, com a volta da infla��o em moedas fortes, o vagalh�o dos juros sobre um sistema banc�rio despreparado - como as recentes quebras de bancos est�o mostrando - e o conflito pol�tico aberto entre China e EUA, que empurra o Brasil a uma desconfort�vel situa��o de mal disfar�ada neutralidade onde acaba perdendo pelos dois lados do conflito.

Em ambiente hostil como temos hoje no mundo, o Brasil tem tido, no seu passado hist�rico, at� um padr�o de comportamento positivo. O Brasil j� tirou bom proveito de crises mundiais. Na era getulista, em plena depress�o econ�mica mundial, o pa�s avan�ou muito. Tamb�m no per�odo da guerra fria, pela lideran�a de JK e, em seguida, com todos os sen�es, tamb�m avan�amos na fase autorit�ria militar. A pergunta �: qual a qualidade da lideran�a atual, em termos de conhecimento e pulso da economia nacional, de uma posi��o de respeito na diplomacia externa, e de engenhosidade para lidar com os enroscos da pol�tica dom�stica? Melhor n�o responder para n�o ofender.

Eis a raz�o de um come�o de governo muito mal parado. O epis�dio do 8 de janeiro vai ficando para tr�s e ganhando seu verdadeiro tamanho - modesto como foi e � - no contexto geral do governo. Com ou sem 8 de janeiro, o governo ainda n�o governa e o pa�s tenta compensar, � noite, com crescimento em alguns setores - o que perde de dia pelas indefini��es de um grupo que chegou a Bras�lia sem plano e que permanece sem planejamento definido e sem metas a cumprir.

O bode expiat�rio do Banco Central se aplica mal a um governo que chega aos seus primeiros 100 dias sem um arcabou�o fiscal. Pior: ap�s ter aprovada, pelo Congresso anterior, uma regra de transi��o de gastos - para fazer muito mais gastan�a – o novo governo n�o demonstra qualquer constrangimento por n�o ter ainda uma regra de controle de despesas, mesmo ap�s haver incinerado o antigo teto de gastos da gest�o Temer.

Nem mencionei a principal bandeira pol�tica do governo, que seria uma reforma tribut�ria cercada de narrativas de desonera��o gradual da pesada carga de impostos e uma promessa de crescimento da economia e dos empregos pela maior confian�a a ser injetada num regime tribut�rio simplificado. Ilus�o pura. O desenho da reforma, na sua vers�o oficial, pune o consumo da massa trabalhadora. Quem diz isso n�o s�o os cr�ticos da reforma, mas seus proponentes, ao prometer um cheque de cashback  para compensar as  altas expressivas de tributos e pre�os que fatalmente ocorrer�o sobre a cesta b�sica, rem�dios, educa��o e sa�de, transporte e combust�veis. Mas por que sobretaxar a classe m�dia e os mais pobres para, em seguida, tentar devolver parcial e complicadamente aquilo que foi cobrado a mais? �s vezes parece certo que uma parte do pr�prio governo conspira com propostas para o desmoralizar.

Mas deixemos tudo pairando com o benef�cio da d�vida.  At� o fim do semestre, o governo ainda pode encontrar seu rumo. Quem sabe…

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