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Estado de Minas M�DIA E PODER

Declara��o gay amplifica nome de Eduardo Leite e incomoda esquerda

Dif�cil saber se governador usou op��o como ativo eleitoral, mas delimitou sua diferen�a com Jo�o Doria e amea�ou o monop�lio da esquerda nas pautas de g�nero


04/07/2021 09:28 - atualizado 04/07/2021 09:54

Eduardo Leite concedendo entrevista remota para TV(foto: Felipe Dalla Valle/Palacio Piratini)
Eduardo Leite concedendo entrevista remota para TV (foto: Felipe Dalla Valle/Palacio Piratini)


O ex-deputado Jean Wyllys acusou Eduardo Leite de estar assumindo sua bissexualidade um tanto quanto tarde, quando seria, segundo insinuou em suas redes sociais, conveniente.

"Quando se � branco, rico e soldado da plutocracia e do neoliberalismo que 'n�o tolera' a homofobia porque LGBTQ viraram nicho de mercado rent�vel, fica f�cil assumir-se gay (ainda que se negando) e catalisar a solidariedade acr�tica dos c�mplices e ing�nuos."

� dif�cil afirmar se Wyllys tamb�m n�o se utilizou de sua op��o para fins pol�ticos e convenientes. Pode-se dizer que foi pioneiro na t�tica de us�-la ou ser beneficiado por ela na disputa do BBB que venceu, em 2005.

Foi a partir dessa plataforma que se projetou como candidato defensor da diversidade, de casamentos entre pessoas do mesmo sexo e pautas afins, que o projetaram para tr�s elei��es de deputado federal. (Saiu do pa�s antes da posse na terceira, em 2018, sob alega��o de estar sendo amea�ado de morte.)
 
Ele � mais ou menos pioneiro e exemplo de uma gera��o de assumidos que foi ganhando espa�o nos parlamentos, pela op��o e a causa da op��o. Sem que tivessem que demonstrar outro talento al�m desse.

Jair & Jean: Entenda a 'doen�a' que une a dupla do �dio, Bolsonaro e Wyllys

A pr�pria pinimba com o governador do Rio Grande do Sul agora pode tamb�m estar contaminada de a��o pol�tica. Uma rea��o ao mal estar pelo fato de a direita estar tomando uma pauta que, como direitos humanos, aborto e libera��o de drogas, tem soado como monop�lio da esquerda.
 
Leite tem o m�rito de n�o t�-la usado, al�m de sua plataforma administrativa, para se eleger. Mas ï¿½ tamb�m dif�cil saber se n�o a est� utilizando para fins pol�ticos, agora.
 
Explodiu do dia para a noite, n�o pelos seus m�ritos de administrador de algum respeito, mas por ter assumido a condi��o de gay em entrevista no Conversa com Bial. Com isso, ultrapassou Jo�o Doria na disputa interna pela candidatura � presid�ncia da Rep�blica dentro do PSDB.
 
Sua repercuss�o n�o tem a ver com sexo, mas com autenticidade. O jovem e sereno governador do Rio Grande do Sul acenou com o que falta a Doria.

O governador de S�o Paulo tem certo jeito de nota de 3 reais, por, entre outras coisas, o tom de locutor que trata todo mundo como telespectador de poltrona e o excesso de marketing.

Sua pressa para antecipar dados, datas e fatos, para garantir a melhor foto, pulverizou seu principal ativo eleitoral, a primeira vacina aplicada no bra�o de um brasileiro, aguardada como a salva��o nacional de nossa maior trag�dia.
 
N�o seria o fim do mundo, se tamb�m n�o fosse um gestor com fama de truculento e um pol�tico in�bil que triturou suas rela��es dentro do partido e a influ�ncia do poderoso col�gio eleitoral de S�o Paulo.

Foi comprar briga logo com o comandante informal do partido, A�cio Neves, que vem lhe comendo pelas bordas em dire��o a qualquer outro candidato que n�o saia de S�o Paulo.

Ter se declarado gay poderia n�o ter sido bom para Eduardo Leite se n�o houvesse uma demanda por um candidato aut�ntico dentro do partido. Se Doria estivesse suprindo a demanda, navegando a pleno vapor pelas decis�es certas, a op��o talvez n�o tivesse surtido tanto efeito.

At� onde Leite est� sendo de fato aut�ntico � uma quest�o interessante, de saborosa especula��o e dif�cil comprova��o. 

Sabe-se que n�o existe gesto in�til em pol�tica e sobretudo em pol�ticos experientes, como j� parece ser o caso do governador. 
 
� uma ra�a em que a intui��o treinada para reagir com sabedoria a press�es cotidianas de toda ordem acaba se transformando num mecanismo espont�neo. A ponto de parecer espontaneidade o que, no fundo, � m�todo.

Importa pouco, por�m, num momento em que aos erros de Doria se soma a oportunidade de uma sociedade conservadora que atingiu novos patamares de toler�ncia. 

Que Eduardo Leite se propague como gay e ganhe respeito em todas as inst�ncias, inclusive dos velhos conservadores de seu partido, � curioso sinal do avan�o para uma normalidade que avan�a r�pido, apesar de preconceitos e das rea��es a cada vez que os movimentos de g�nero, como o LGBTQIA+, tentam arrombar a porta.

 
At� um ponto em que, espera-se, ser gay — ou l�sbica, trans, bi ou interssexual, queer, assexuado, negro, mulher ou deficiente — n�o seja ativo eleitoral. 

Ainda �. E tomara que Eduardo Leite seja o �ltimo.

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