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Estado de Minas POL�TICA

Voto impresso � �nica bandeira de Bolsonaro, depois do fiasco das outras

Presidente agarra �ltima possibilidade de esquentar a milit�ncia depois de perder todas as suas bandeiras, mas isola o alvo em Barroso para se proteger


05/08/2021 06:00

(foto: Marcos Corrêa/PR )
(foto: Marcos Corr�a/PR )
O voto impresso na urna eletr�nica � a grande e �ltima grande bandeira de Jair Bolsonaro, depois de ter perdido todas as outras por circunst�ncias e m�s escolhas de uma voca��o autorit�ria, desinteressada de buscar consensos.
Tinha se elegido com tr�s grandes, que foram para o buraco:

Liberalismo. O homem que iria tirar o Brasil de Bras�lia e o Estado do cangote dos empres�rios n�o conseguiu vender um prego e ampliou estruturas e gastos p�blicos. Para ficar em dois exemplos que prometeu extinguir, TV Brasil e Bolsa Fam�lia. As reformas de Estado e a pauta de costumes com que esperava dourar a p�lula de seu credo libert�rio morreram de inani��o por falta de base parlamentar.

Fim do fisiologismo. O idealista que prometeu e tentou um Minist�rio sem barganha pol�tica e uma m�quina p�blica sem aparelhamento entupiu o governo de militares, derrubou ministros por press�o da fam�lia e fechou neg�cio com o Centr�o. Para ficar em dois exemplos, foi o que mais pagou emendas parlamentares e criou um Or�amento paralelo para ser tocado pelos caciques do Congresso.

Fim da corrup��o. O moralista que cavalgou o �dio ao PT, prometendo uma cruzada definitiva contra o crime organizado nos morros e em Bras�lia, encarnada na presen�a do juiz da Lava Jato no principal Minist�rio, arrostou assim que as den�ncias de corrup��o bateram no calcanhar dos filhos. N�o apenas derrubou o s�mbolo como, para ficar em tr�s exemplos, interviu na Pol�cia Federal, esvaziou os �rg�os de controle e escolheu um procurador engavetadeiro.

Como nunca viveu sem uma bandeira para esquentar a milit�ncia na sua campanha eleitoral intermitente desde que tomou posse, foi criando outras, perif�ricas, que tivessem o mesmo potencial de pol�mica.

P�s o pa�s em f�ria com suas propostas de posse de armas, escola sem partido, legaliza��o fundi�ria, interven��o universit�ria, explora��o de terras ind�genas, isolamento zero e imunidade de rebanho.

Todas se esgotaram, por resist�ncia natural de uma sociedade refrat�ria a viradas de mesa, fisiologismo da elite governante no Congresso, no Judici�rio e no funcionalismo p�blico, m� vontade ou milit�ncia nos meios de comunica��o.

E, claro, na maior parte, por seu estilo autorit�rio, desinteressado de buscar consensos. Pelo contr�rio, vocacionado para estressar os limites e se vender como perseguido pelo sistema, no mesmo objetivo de campanha permanente.

Precisava de outra, urgente.

A do voto impresso foi a poss�vel, de que havia se esquecido desde que a defendera em 2015 (h� v�deos na internet com forte ades�o de Rodrigo Maia � ideia) mas que se tornara inconveniente na elei��o que venceu, sem ela, em 2018.

� o que tem de mais recente e promissor para energizar a tropa de apoio que, com tantas bandeiras e pautas furadas, tamb�m foi se desminlinguindo e perdendo sentido.

Nela investe um tipo de f�ria que parece superior a todas as anteriores, porque premido por pouco tempo at� a elei��o, os maus resultados do governo e o grande cerco que se formou em volta.

Da CPI da Pandemia, do STF e do TSE, depois de exauridas todas as possibilidades de cont�-lo e esgotada a criatividade um tanto c�nica das notinhas de rep�dio por tr�s das quais se acovardavam as principais autoridades da Rep�blica.

Sua guerra quixotesca tem trincheiras reais agora e advers�rios com cartas na manga. 

Seus excessos v�o bater na barreira formada pelos dois inqu�ritos provocados pelo TSE, que, no limite, podem acarretar den�ncia de crime de responsabilidade ao Congresso e impugna��o de sua candidatura � reelei��o.

Pela primeira vez, � poss�vel que ele se contenha. N�o para desdizer o que disse, com a teimosia de sempre, mas para modular a bandeira conforme a m�sica tocada pelos advers�rios no manejo de armas reais.

� quase certo que, na Bras�lia onde todo mundo joga, o ministro Alexandre Moraes do STF e os procuradores do TSE, respons�veis pelos inqu�ritos na trincheira, v�o tamb�m modular o passo e cutuc�-lo com vara curta a cada vez que ele dobrar a aposta.

Uma apreens�o de documentos aqui, uma requisi��o de quebras de sigilo ali, uma convoca��o para prestar depoimento acol�. Um pouco menos que a CPI, a inten��o �, mais que desgast�-lo, mostrar quem manda.

Pelo menos at� a campanha eleitoral, quando algum candidato ou partido poder� pedir a impugna��o de sua candidatura.

Bolsonaro sabe disso, embora s� pare�a burro debaixo do instinto suicida. Suas primeiras manifesta��es ontem, depois dos inqu�ritos, n�o foram simples reprise das bravatas para testar os limites, como se noticiou. Mas algo calculado.

Fez quest�o de isolar o alvo em Lu�s Roberto Barroso, de forma a reduzir a pot�ncia de seus ataques de fato golpistas a uma pinimba do ministro do STF, agora presidente do TSE, mentor dos inqu�ritos.

Embora saiba que Barroso n�o agiu sozinho para minar o empenho pelo voto impresso no Congresso e tenha hoje dez de 11 ministros do STF querendo comer seu f�gado, n�o foi besta de expandir o raio da briga.

Preserva as institui��es, STF e TSE, para n�o melindrar ainda mais alguns de seus membros e manter algumas pontes de que vai precisar para esvaziar esses inqu�ritos l� na frente. Como sempre acontece.

Com boa dose de mentira, claro, indispens�vel numa encena��o dessas.

Desconversou que se tratavam apenas de direito de opini�o, quando na verdade pregou textualmente um golpe, ao dizer que "n�o haver� elei��o", depois de j� ter dito que n�o passaria a faixa presidencial sem o voto impresso.

Colocou Barroso no topo da conspira��o para bancar a volta de Lula ao processo eleitoral, quando se sabe que a anula��o das condena��es do ex-presidente foi capitaneada por Gilmar Mendes, com quem costuma tomar cafezinho e pode lhe ajudar a sair da atual enrascada.

Embora eleitor de Lula, Barroso, pelo contr�rio, sempre votou contra seus interesses, sobretudo a favor da quest�o seminal de pris�o ap�s a condena��o em segunda inst�ncia. Que Bolsonaro, pelo menos at� quando a lei chegou na fam�lia, foi a favor.


Num sinal de que parece o mesmo, muito �til na imagem que entrega a seus apoiadores na internet, Bolsonaro ainda amea�ou com a convoca��o de novo ato a favor do voto impresso. 


De novo parece estar sendo Bolsonaro e outra vez mant�m a chama eleitoral acesa, mas circunscrita ao que agora chama, dissimuladamente, de "direito de opini�o". N�o � s� isso.

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